Soja: Patamares de preços melhoram no BR, mas não o suficiente para novos negócios

Publicado em 21/06/2019 17:08

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Os patamares dos preços da soja registraram uma considerável melhora nos últimos dias no mercado brasileiro, apesar de toda a volatilidade observada na Bolsa de Chicago. Mesmo com as correções recentes, ainda assim os principais contratos terminaram a semana acima dos US$ 9,00 por bushel. 

A demanda segue forte pelo produto do Brasil - principalmente por parte da China - e tal movimento tem sido combustível para a manutenção dos prêmios em bons níveis e, consequentemente, para indicativos melhores nos portos e no interior do país.

Além do mais, como explicou o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting, os vendedores 'sumiram' e se afastam de novos negócios. "Os vendedores continuam esperando por um mercado melhor, há bem pouco interesse de venda neste momento", diz o executivo. As pontuais operações refletem somente as necessidades também pontuais ou as necessidades momentâneas dos sojicultores. 

O feriado no meio da semana também ajudou a desaquecer o ritmo dos negócios no mercado nacional. Ainda assim, um levantamento feito pelo Notícias Agrícolas mostra que nos principais estados produtores as cotações subiram expressivamente entre 12 e 19 de junho, a quarta-feira antes do feriado. Ao se oberservar também os últimos 30 dias, os ganhos são bastante expressivos. 

Região Sul

RS

Não-Me-Toque - R$ 68,00
+ 1,49% na semana
+ 7,09% em 30 dias

PR

Cascavel - R$ 70,50
+ 1,44% na semana
+ 2,17% em 30 dias

Ponta Grossa - R$ 80,50
+ 1,90% na semana
+ 11,09 em 30 dias

Região Centro-Oeste 

GO

Jataí | Rio Verde - R$ 68,00
+ 1,49% na semana
+ 7,09% em 30 dias

MS

Ponta Porã - R$ 71,00
+ 1,43% na semana
+ 4,41% em 30 dias

Campo Grande - R$ 70,00
+ 2,94% na semana
+ 4,48% em 30 dias

Região Sudeste

SP

Assis - R$ 73,20
+ 1,24% na semana
+ 6,09% em 30 dias

** Indicativos em 19 de junho

Ainda como explica Brandalizze, preços melhores são esperados no Brasil por meio de prêmios que podem ser melhores também depois das definições esperadas para a safra norte-americana. Importantes relatórios chegam pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) nos próximos dias da semana que vêm e devem ajudar a direcionar as cotações na Bolsa de Chicago ou até mesmo intensificar a volatilidade dos preços. 

"Há uma grande pressão de compra e o mercado espera alguma frustração da safra americana, com isso, prêmios melhores entre 10 e 30 centavos acima do que temos hoje", explica o consultor da Brandalizze Consulting. Os atuais valores em Paranaguá, do lado dos compradores, variam entre 95 cents e US$ 1,00 por bushel acima da CBOT. 

Outro ponto de atenção são os intensos line-ups que ainda são registrados para os portos do Brasil. Com mais de 40,3 milhões de toneladas já embarcadas nos primeiros cinco meses de 2019 - contra 38,2 milhões do mesmo período de 2018 - os terminais estão lotados, sem posições de embarque, ao menos, até o final de julho. "Tanto que os indicativos para setembro já são melhores entre R$ 0,50 e R$ 1,00 por saca", explica Vlamir Brandalizze. 

Nesta sexta-feira (21), os portos fecharam o dia com preços em baixa diante da combinação de um recuo expressivo na Bolsa de Chicago e mais o dólar em baixa. Assim, a soja fechou com R$ 82,30 no spot em Paranaguá e R$ 82,50 em Rio Grande, com perdas de ,84% e 0,60%. Para julho, R$ 82,50 e R$ 83,00, respectivamente, perdendo 1,79% e 0,60%.

Em Imbituba e São Francisco do Sul, ambos portos em Santa Catarina, os preços se mantiveram estáveis em R$ 85,50 e R$ 83,70 por saca. 

BOLSA DE CHICAGO

No pregão desta sexta-feira, os futuros da soja terminaram o dia com perdas de mais de 12 pontos. Assim, o julho terminou o dia com US$ 9,02 e o agosto, US$ 9,14. O vencimento novembro/19 ficou em US$ 9,27 por bushel. 

O mercado devolveu boa parte de suas altas nesta sessão se reposicionando à espera dos novos dados que chegam na semana que vem. Os traders seguem especulando da evolução dos trabalhos de campo aos estoques norte-americanos, passando principalmente pelos números de área, e confirmam um momento de intensa nebulosidade sobre os números e o andamento dos preços. 

"O mercado encerrou a semana com grandes incertezas. Não há dúvidas de que os atrasos de plantio afetaram diretamente a formação de um teto produtivo para a safra norte-americana neste ano. Entretanto, ainda é de- batido: a quantidade de área aderida ao programa de Prevenção de Plantio (seguro agrícola); e qual a gravidade da redução do potencial produtivo, devido ao plantio tardio", explica a consultoria ARC Mercosul.

O primeiro relatório esperado é o da segunda-feira (24), semanal de acompanhamento de safras, mas os mais aguardados são os da sexta-feira (28), que atualizam os estoques trimestrais dos EUA em 1º de junho e, o mais importante, o de ajuste das áreas de plantio nos EUA. 

O mercado internacional de grãos está bastante focado no futuro da área de plantio da safra 2019/20 dos Estados Unidos e nas decisões que os produtores norte-americanos têm a frente, especialmente em relação ao programa de seguro do Prevent Plant. As condições de clima para os próximos dias e novas regras trazidas pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) deverão influenciar nesta tomada de decisões. 

Leia mais, entenda as mudanças e os impactos sobre o mercado:

>> USDA muda regras e torna Prevent Plant ainda mais atrativo, diz economista dos EUA

PREVISÃO DO TEMPO

Com novas datas e os benefícios que vêm com as mudanças, os produtores americanos se mantêm muito atentos aos mapas climáticos e em que condições poderão concluir os trabalhos da safra de verão, em qual cenário as lavouras irão se desenvolver - o que terá impacto imediato sobre seus índices de produtividade - e se terão um quadro favorável para as culturas de cobertura.

E os volumes maiores agora, de acordo com o mapa trazido pelo NOAA nesta sexta, esperados para estados ligeiramente mais a oeste como Missouri, Kansas, Nebraska, todos ainda no coração das regiões produtivas. Iowa também pode receber, até 28 de junho, mais de 80 mm de precipitações. 

NOAA 7 dias

Complementando o cenário nebuloso sobre o mercado internacional da soja há ainda a reunião do G20, em Osaka, no Japão, também no final da semana que vem. Se espera que haja um novo encontro entre Donald Trump e Xi Jinping.

"O que o mercado espera é só uma nova conversa, mas um acordo ainda não. Agora, caso essa conversa aconteça em tom mais amigável (as negociações estão paradas desde que o presidente americano aumentou as tarifas sobre os produtos chineses e a nação asiática retaliou), pode se criar um ambiente mais favorável para os negócios em Chicago, o que pode acabar beneficiando os negócios no Brasil também", diz Brandalizze. 

Embarques passam a ser retomados no rio Mississippi após cheias

CHICAGO (Reuters) - A região do alto rio Mississippi foi reaberta para o tráfego de barcos nesta sexta-feira, com os navios sendo liberados para embarcarem através do porto de St. Louis, informou a Guarda Costeira dos Estados Unidos.

A situação rapidamente se tornou um pesadelo logístico, conforme dezenas de rebocadores e centenas de embarcações atrasadas passaram a tentar manobrar pelo rio.

Após aquela que muitos transportadores de grãos classificaram como a pior cheia de um rio na história em termos de timing, tamanho e duração, os navios finalmente poderão atingir o coração do cinturão agrícola dos EUA para captar soja e milho destinados à exportação.

No entanto, os danos econômicos das enchentes deste ano a agricultores, transportadores e traders como Archer Daniels Midland <ADM.N>, Bunge <BG.N> e Cargill [CARG.UL] provavelmente prosseguirão.

O rio Mississippi, que escoa 60% de todo o milho e toda a soja destinados à exportação nos EUA para terminais próximos à costa do Golfo, não tem estado totalmente navegável desde novembro, por conta de fechamentos de inverno no norte e cheias generalizadas nesta primavera (do Hemisfério Norte).

Os transportadores moveram alguns grãos para embarque portuário via ferrovias, os enviaram para usuários domésticos por caminhões ou simplesmente mantiveram os produtos em estoque e levaram à redução dos preços pagos aos agricultores.

Os atrasos de transporte foram o impacto mais recente ao setor agrícola norte-americano, já afetado pelas quedas nas receitas, pelos atrasos de plantio na primavera e pelas exportações reduzidas devido à guerra comercial entre EUA e China.

O suboficial Brandon Giles afirmou que a Guarda Costeira retirou sua proibição aos embarques direcionados ao norte pelo porto de St. Louis na manhã desta sexta-feira, permitindo que os navios transitem no porto pela primeira vez desde uma pequena janela de embarque de uma semana no mês passado.

Giles disse não haver estimativas para a retomada do tráfego em direção ao sul, enquanto transportadores acreditam que estas rotas devam ser reabertas a partir de sábado.

(Reportagem de Karl Plume em Chicago)

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Por:
Carla Mendes | Instagram @jornalistadasoja
Fonte:
Notícias Agrícolas

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