Imea aponta atraso no plantio de soja em MT, mas não vê problemas para safra

Publicado em 04/10/2019 16:29
Chuvas previstas de mais de 50 milímetros no acumulado até a próxima sexta-feira na importante região do norte do Estado, segundo dados da Refinitiv, devem ajudar produtores a ir a campo

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SÃO PAULO (Reuters) - O plantio de soja da safra 2019/20 em Mato Grosso avançou para 6,65% da área projetada até esta sexta-feira, cerca de cinco pontos percentuais acima do verificado na semana anterior, mas ainda com atraso ante o ano passado e frente à média histórica para o período, informou nesta sexta-feira o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea).

Segundo o instituto de análises ligado aos produtores do Estado, no mesmo período de 2018 os agricultores mato-grossenses haviam semeado 12,6% da área prevista em 2018/19, contando com chuvas favoráveis que propiciaram o ritmo mais acelerado de plantio.

Com um tempo mais seco em 2019/20, o ritmo também está mais lento ante a média histórica, de 9,17%, segundo dados do Imea.

A situação, contudo, não representa um problema para a safra de soja do Estado, estimada em um recorde de 32,8 milhões de toneladas pelo Imea.

"De modo geral, esse atraso sempre causa um certo alvoroço no mercado, preocupação sobre como vai ser no decorrer a safra. Opinião de técnico: olhando para isso, é possível tirar atraso, o percentual é pequeno", disse à Reuters o gestor técnico do Imea Cleiton Gauer.

O técnico do Imea observou que o ritmo atual de plantio está parecido com o visto na safra 2016/17, "que teve início bem lento", mas posteriormente registrou chuvas mais regulares, resultando em boas produtividades.

Ele disse que alguns produtores, principalmente os menores que têm foco na primeira safra, acabam plantando mais tarde, já que neste momento inicial as lavouras não precisam tanto de umidade, algo mais necessário em novembro, quando as plantas estão em estágios mais avançados.

Gauer lembrou que o atraso traz um alerta para a segunda safra, semeada após a soja, empurrando o ciclo dos cultivos de algodão ou milho um pouco para a frente.

De qualquer forma, ele ainda não vê o atraso atual como um problema para a segunda safra, de algodão ou milho.

O Paraná, onde o plantio de soja também está atrasado ante a temporada anterior, verá menos chuvas que o Mato Grosso na próxima semana, segundo dados da Refinitiv.

O Estado, um dos três maiores produtores da oleaginosa no Brasil, havia plantado cerca de 10% da área projetada até o início da semana.

Na mesma época do ano passado, o Paraná havia plantado 29% da área projetada, quando o Estado teve o início mais acelerado da história, beneficiado principalmente pela umidade.

Produtor de soja do Brasil aproveita e tira atraso nas vendas, diz Safras

SÃO PAULO (Reuters) - A comercialização antecipada da safra 2019/20 de soja do Brasil, que está em processo de plantio, avançou 5 pontos percentuais no último mês e já figura acima da média histórica para o período, com produtores aproveitando câmbio e prêmio favorável nos portos para travar negócios, disse nesta sexta-feira um analista da Safras & Mercado.

Até 4 de outubro, produtores tinham comercializado 25,8% da produção, projetada em recorde de 125,754 milhões de toneladas pela consultoria.

"Diria que recuperamos o atraso, principalmente pelos preços; em agosto e setembro melhoraram muito por câmbio e prêmios", disse à Reuters o analista Luiz Fernando Roque.

O total de vendas está cerca de 3 pontos acima da média histórica apurada pela Safras.

Contudo, o total comercializado ainda está atrás do visto na mesma época para a safra anterior (27,3%), quando produtores negociaram mais no embalo da guerra comercial EUA-China e com câmbio favorável às vésperas da eleição presidencial no Brasil.

"O motivo de estar atrasado frente ao ano passado: tivemos aqueles preços extraordinários, começou um movimento de exportações muito fortes naquela época, prêmios recordes, câmbio valorizado, questões da eleição brasileira..."

Segundo Roque, a incerteza atual sobre os rumos da guerra comercial entre EUA e China, em momento em que algumas empresas na China conseguiram isenções tarifárias para comprar milhões de toneladas do produto norte-americano, preocupa.

"A incerteza com a guerra comercial está cada vez maior, o mercado está entendendo que o acordo está próximo, o risco para o produto brasileiro está maior. Se sair o acordo em 2019, o panorama pode mudar, aí tem preços mais baixos no ano que vem, por demanda menor da China e um câmbio mais baixo", explicou ele.

No caso da safra velha (2018/19), a comercialização atingiu 92% da produção projetada. No relatório anterior, com dados de 6 de setembro, o número era de 85,8%. Em igual período do ano passado, a negociação da safra velha envolvia 92,9%, e a média para o período é de 90,4%.

Levando-se em conta uma safra estimada em 119,3 milhões de toneladas, o total de soja já negociado é de 109,7 milhões de toneladas.

(Por Roberto Samora)

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Fonte:
Reuters

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