Soja: Brasil deve ter semana de negócios limitados com CBOT estável e dólar incerto

Publicado em 04/11/2019 10:32

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O mercado da soja no Brasil dá início à mais uma semana sem grandes perspectivas de movimentos agressivos na comercialização. O dólar começou seus trabalhos com certa estabilidade, atuando do lado negativo da tabela, mas passou ao positivo e, por volta de 10h30 (horário de Brasília), subia tímidos 0,02% para valer R$ 3,99. Em outubro, a queda acumulada do dólar foi de 3,52% e pressionou severamente os indicativos de preços no país e reduziu drasticamente o ritmo de vendas e esta semana não deve ser diferente. 

Do mesmo modo, as cotações da soja na Bolsa de Chicago têm nova sessão de estabilidade nesta segunda, também sem beneficiar muito o andamento das cotações no Brasil. 

"O ritmo de comercialização de soja recuou significativamente no Brasil, devido à disparidade entre os preços pedidos por vendedores e ofertados por compradores. Além das incertezas quanto à produção mundial da safra 2019/20, as desvalorizações do dólar frente ao Real e dos contratos futuros na CME Group (Bolsa de Chicago) ampliaram a diferença entre os valores", disseram os pesquisadores do Cepea, em uma nota nesta segunda-feira. 

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Assim, as referências no mercado nacional ainda não apresentam modificações em relação à última sexta-feira, com os indicativos ainda na casa de R$ 86,00 a R$ 87,00 nos portos, tratando de safras velha e nova. Entre os prêmios, também sem mudanças ainda nesta manhã de segunda-feira. 

Para os meses de novembro e dezembro, os compradores ofertam 70 cents, enquanto os vendedores pedem 140 cents acima dos valores praticados na CBOT. Para a safra nova, referências de fevereiro a abril, do lado do comprador as posições variando de 30 a 55 centvos de dólar, enquanto os vendedores também buscam algo acima dos 100 cents. 

E para Vlamir Brandalizze, consultor de mercado da Brandalizze Consulting, essa deverá ser mesmo uma semana de movimentos limitados e pouco avanço nos negócios com a soja brasileira quando o assunto é exportação. "Neste começo de novembro deve ter calmaria nos movimentos e mais interesse interno para atender o consumo de farelo e óleo da virada do ano", diz.

A demanda interna pela oleaginosa tem se mostrado bastante intensa nos últimos meses, com forte apelo do setor de proteínas animais por farelo e do biodiesel pelo óleo. E para o ano que vem, o crescente da demanda também tem sido muito esperada pelo setor. 

Somente em Mato Grosso, por exemplo, a expectativa é de que o esmagamento de soja apresente um crescimento de 50% nos próximos cinco anos, segundo expectativas da Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais) e do Observatório do Fiemt (Federação das Indústrias no Estado de Mato Grosso).

"Muitos sojicultores mostram preferência por vender FOB em detrimento de exportar, devido ao preço mais atrativo ofertado pelas indústrias domésticas. Representantes de indústrias, por sua vez, sinalizam estar com os estoques reduzidos de grão, com lotes para esmagar até meados de novembro, apenas", completa o Cepea. 

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Ainda assim, Brandalizze volta a afirmar que a semana deve ser, de fato, mais tranquila para o mercado da soja, salvo novas notícias que possam vir de forma a movimentarem o mercado cambial ou da Bolsa de Chicago, onde a inércia ainda mantém as cotações caminhando de lado. E o consultor chama atenção ainda a para a retomada da votação sobre a prisão em segunda instância que acontece no Supremo Tribunal nesta quarta-feira, dia 6. 

"Há alguma chance de pressão pequena de alta no dólar na quinta-feira, quando o Supremo deve bater o martelo e liberar os presos, impedindo a prisão em segunda instância. Desta forma, pode haver algum tumulto, mas, no geral, pouco se aguarda destes próximos dias que tendem a ser calmos, tanto para safra velha - que tem pouco para ser negociado - e também para a safra nova - que já andou bem e agora poucos devem vir às vendas", explica Brandalizze.

Mais do que isso, os produtores brasileiros seguem muito focados em seus trabalhos de campo, dedicados a fazerem boa implantação de suas lavouras, apesar dos pontuais problemas de clima que ainda são registrados em algumas regiões produtoras. 

Nas últimas 72 horas, de acordo com informações do Commodity Weather Group (CWG), as áreas de soja e milho do Brasil receberam chuvas de 6,35 a 31,75 mm, com cobertura de algo entre 40 a 45% da área de produção. Localmente, as precipitações, no mesmo período, passaram de 75 mm. 

Chuvas 72h Brasil Inmet + CWG

Um levantamento feito pela ARC Mercosul mostra que, até a última sexta-feira (1), o plantio da soja estava concluído em 46,9% da área, contra 61,6% do mesmo período de 2018, ano atípico, em que os trabalhos de campo evoluíram de forma muito rápida. O número se mostra próximo da média dos últimos anos, de 49,2%. 

Plantio da soja - ARC Mercosul

 

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Por:
Carla Mendes | Instagram @jornalistadasoja
Fonte:
Notícias Agrícolas

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