Sistema Alerta Ferrugem reduz aplicação de fungicidas em 35% no Paraná

Publicado em 06/01/2020 16:15
O Paraná é o único estado brasileiro com sistema de monitoramento com coletores instalados em rede. Desenvolvido pelo Instituto Emater, está entre as melhores ferramentas do mundo de monitoramento da doença que acomete a soja

O sistema Alerta Ferrugem, desenvolvido pelo Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), está entre as melhores ferramentas de monitoramento da ferrugem asiática da soja do mundo. São 248 pontos de coleta de esporos em aproximadamente 200 municípios paranaenses, uma rede que desde 2016 tem colaborado para retardar a primeira aplicação de fungicidas, reduzindo seu uso em cerca de 35%.

De acordo com o diretor técnico da Emater, Nelson Harger, o Paraná é o único estado brasileiro com sistema de monitoramento com coletores instalados em rede. O coletor de esporos foi idealizado pelo engenheiro agrônomo Seiji Igarashi, professor aposentado da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Na década de 1970, ele foi utilizado para monitoramento da brusone, uma doença do trigo, e posteriormente adaptado pela Emater para lavouras de soja.

O equipamento é instalado em pontos estratégicos de propriedades rurais, denominadas Unidades de Referência, e detecta a presença de esporos do fungo Phakopsora pachyrhizi, responsável pela doença.

O gestor do Projeto Grãos da Emater, Edivan José Possamai, explica que onde não há uso do coletor a aplicação dos fungicidas é calendarizada. Ou seja, aplica-se o produto sem saber se o patógeno está presente na lavoura, implicando em aumento de custos de produção. Nesse sentido, o Paraná é referência mundial.

“Temos recebido demandas de outros estados, como Bahia, São Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, que buscam entender e aplicar nosso sistema”, destaca. “O coletor tem produzido resultados consistentes nas safras do Paraná, dando subsídio aos profissionais da assistência técnica, que orientam nossos agricultores com informação segura”, diz o secretário estadual da Agricultura e do Abastecimento Norberto Ortigara.

Nos últimos dez anos, a Emater, com apoio da Embrapa e instituições de ensino superior, tem desenvolvido o método, com pesquisas e capacitações. “A partir do Alerta Ferrugem, conseguimos oferecer uma informação de alta qualidade para o setor produtivo. Temos uma excelente ferramenta para isso, fazendo a aplicação com critério técnico confiável”, diz Harger. Segundo ele, o sistema também ajuda a aumentar a vida útil dos fungicidas, diminuindo a resistência do fungo.

COMO FUNCIONA – O coletor é feito de PVC. Dentro dele há uma lâmina de microscopia com uma fita adesiva, que coleta os esporos – estruturas reprodutivas do fungo que circulam no ar. “Semanalmente, as lâminas são analisadas por extensionistas da Emater com a ajuda de parceiros de instituições de ensino superior e colégios agrícolas”, explica Possamai.

Os resultados são divulgados no site geoemater.pr.gov.br, grupos de whatsapp e programas de rádio, entre outros. Apesar da eficácia, os técnicos recomendam que, além do Alerta Ferrugem, os agricultores considerem o estágio da cultura e as condições climáticas para fazer a aplicação.

BENEFÍCIOS – O produtor Laércio Dallavechia, de Mangueirinha, na Região Sudoeste, tem um coletor de esporos instalado em sua propriedade desde outubro de 2018. “Conheci por meio de um amigo que estava usando o coletor numa cidade próxima e tomei a iniciativa de trazer para Mangueirinha, que não tinha nenhum”.

Toda semana, extensionistas da Emater levam as lâminas para análise. Depois, os resultados são divulgados pelo site e em grupos de whatsapp. “O coletor de esporos nos diz o momento adequado de usar o fungicida, evitando perda de produção e gastos desnecessários. Eu, como produtor, não consigo imaginar minha propriedade sem ele. No ano passado, se eu não tivesse feito a quantidade de aplicações que o sistema indicou, teria perdido minha produção”.

CONTROLE – Em 2019, 50 coletores registraram a presença de esporos da ferrugem asiática. No entanto, não há identificação da doença nas plantas nos locais monitorados. A notificação da presença de esporos serve como alerta para os produtores redobrarem a atenção nas propriedades, mas não significa necessariamente a existência da doença a campo. Os esporos são facilmente disseminados pelo vento, por isso a importância dos coletores. A ferrugem asiática provoca desfolha precoce, o que pode comprometer a formação dos grãos.

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Fonte:
Agência de Notícias do Paraná

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