Mais cara, soja do Brasil tem maior diferencial ante EUA em 9 meses, aponta Refinitiv

Publicado em 16/06/2020 21:31

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SÃO PAULO (Reuters) - O diferencial de preços entre a soja no Brasil e a dos Estados Unidos atingiu na segunda-feira mais de 20 dólares por tonelada, o maior nível em nove meses, segundo dados da Refinitiv, indicando como o produto brasileiro ficou menos competitivo após a moeda norte-americana se enfraquecer em relação ao real.

Também colabora com o maior preço da soja brasileira o fato de os agricultores do Brasil, maior produtor e exportador global, já terem comercializado grande parte da safra da oleaginosa de 2019/20.

"O 'driver' é câmbio, o que tem maior peso... Mas já estamos no final de soja não fixada", explicou o especialista em Commodities da Refinitiv Anderson Nacaxe, ao comentar a perda de competitividade do produto nacional e o menor volume disponível para venda.

Produtores do Brasil já fecharam contratos para venda de cerca de 90% da soja colhida nos primeiros meses do ano, aproveitando fortemente quando a moeda norte-americana estava mais próxima dos 6 reais do que dos 5 reais, como acontece atualmente.

O dólar, que chegou a bater máxima de 5,9012 reais em 13 de maio, fechou no patamar de 5,23 reais nesta terça-feira.

Assim, a comercialização de soja teve ritmo recorde este ano, contando também com uma forte demanda da China e da Europa, notou Nacaxe, o que resultou em embarques recordes do Brasil.

Anec eleva previsão de embarques de soja do Brasil em junho para 13 mi t

SÃO PAULO (Reuters) - A Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec) elevou nesta terça-feira a projeção dos embarques brasileiros de soja em junho para 13 milhões de toneladas, ante estimativa de 10,8 milhões divulgada na última semana.

A perspectiva para as exportações de milho neste mês também aumentaram de 689 mil toneladas para 1,04 milhão de toneladas, informou a Anec.

Com a revisão da Anec baseada na programação de navios nos portos, o volume de soja exportado no semestre deve alcançar 62,8 milhões de toneladas, enquanto os embarques de milho devem fechar os seis primeiros meses do ano em 2,8 milhões de toneladas.

O novo volume estimado para a soja no semestre representa uma elevação de quase 40% em relação aos 45,2 milhões de toneladas exportados pelo país em igual período do ano passado.

No milho, a previsão atualizada ainda significa uma expressiva queda de 64,5% ante os 7,9 milhões de toneladas embarcados entre janeiro e junho de 2019, quando a disponibilidade de cereal para exportação era maior.

No acumulado de 2020, as exportações brasileiras de soja estão estimadas em 77 milhões de toneladas, de acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

Desta forma, restariam ao país cerca de 14,2 milhões de toneladas da oleaginosa para embarcar no segundo semestre --período em que normalmente os despachos nos portos brasileiros são menores.

Para o milho, a Conab projeta embarque de 34,5 milhões de toneladas no acumulado do ano, ante recorde na temporada anterior de 41 milhões.

Considerando a perspectiva da Anec para o primeiro semestre, o Brasil ainda precisa embarcar mais de 30 milhões de toneladas do cereal, em sua maioria da segunda safra, para alcançar a estimativa do governo referente ao total de 2020.

Já no mercado de farelo de soja, a nova projeção da Anec para o embarque em junho ficou praticamente estável, ao recuar de 1,7 milhão de toneladas para 1,64 milhão. No semestre, a previsão segue em 8,6 milhões de toneladas, cerca de 400 mil toneladas acima do visto no mesmo período do ano passado.

Em 2020, as exportações de farelo do Brasil estão estimadas em 16,3 milhões de toneladas, pela associação da indústria de soja Abiove.

O país deverá terminar o primeiro semestre com exportações de 60,5 milhões de toneladas de soja, estima a Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), apontando alta de 34% na comparação com o total embarcado no mesmo período de 2019.

Ao todo, as exportações nacionais estão estimadas pelo governo em 77 milhões de toneladas em 2020.

Com embarques volumosos, ainda que o país tenha colhido a sua maior safra em 2020, superior a 120 milhões de toneladas, preços mais altos, normalmente vistos no pico da entressafra, foram antecipados neste ano.

"Veio mais cedo considerando o fluxo mais forte para China/ Europa, que esvaziou nossos estoques mais rapidamente", comentou o analista.

No acumulado do mês, o preço da soja no porto de Paranaguá subiu 6% até segunda-feira, para 372,50 dólares por tonelada, enquanto o produto na costa do Golfo dos EUA avançou 1,6% no mesmo período, para 351,60 dólares/tonelada.

A diferença entre a soja do Brasil e dos EUA só esteve maior que o patamar atual de 20 dólares por tonelada em 18 de setembro de 2019.

Em setembro, normalmente a oleaginosa já costuma estar muito mais escassa no mercado brasileiro, e a colheita norte-americana está próxima de começar, pressionando os preços.

Para Nacaxe, a soja brasileira ainda teria competitividade para compras chinesas até 10 dólares acima da dos EUA, uma vez que o produto nacional consegue realizar o trajeto até a China de forma mas rápida que o norte-americano.

"Em custo de combustível (de navio) o que pega mais é tempo de rota...", comentou.

Como sinal da maior competitividade dos EUA e também de uma menor disponibilidade do grão brasileiro, o Departamento de Agricultura norte-americano (USDA) tem reportado vários negócios para a China recentemente.

Contudo, muitos desses negócios dos EUA têm sido feitos para embarques entre setembro e janeiro, quando o Brasil terá ainda menos soja para embarcar.

Porto catarinense recebe navio 'gigante' para carregar madeira e carnes

SÃO PAULO (Reuters) - O Complexo Portuário de Itajaí e Navegantes, em Santa Catarina, recebeu nesta terça-feira o maior navio que já atracou na costa brasileira para trazer contêineres vazios e partir carregando madeira e carnes de frango e suína.

Com 347 metros de comprimento, 45,2 metros de largura (boca) e capacidade para 10.789 TEUs, o APL Paris terá atracação única na América Latina, no terminal da Portonave, segundo informações da Associação Brasileira Terminais de Contêineres (Abratec).

O diretor-superintendente administrativo da Portonave, Osmari de Castilho Ribas, disse à Reuters que este tipo de embarcação traz muitos contêineres vazios, um reposicionamento para suprir a necessidade regional.

"Uma das principais demandas que temos aqui é para carnes congeladas. Já tivemos problemas com falta de contêineres para carga refrigerada, mas (atualmente) está equilibrado. Não tem sido um gargalo para exportação", afirmou.

Em meados de março, contêineres enviados à China demoraram mais que o esperado para retornar ao Brasil, devido a medidas de controle do novo coronavírus no país asiático, e desencadearam a redução de abates entre frigoríficos brasileiros.

A maior disponibilidade de contêinerers no complexo catarinense, o segundo maior em movimentação de cargas "conteinerizadas", potencialmente favorece exportadores de carnes em momento de forte demanda pelo produto nacional, especialmente da China.

Ainda de acordo com a Portonave, um navio "gigante" como o APL Paris representa um ganho significativo de escala ao Terminal de 2,2 mil contêineres na comparação com outros navios.

O APL tem capacidade para 7,2 mil contêineres no total, enquanto os demais, que chegam a até 300 metros, têm capacidade para 5 mil contêineres.

"Essa pode ser uma diferença significativa para um porto que importa químicos, plásticos e derivados, têxtil e maquinários, e na exportação (opera) com madeira, carnes congeladas e derivados."

A atracação do navio "gigante" foi possível graças à conclusão de melhorias logísticas e obras na Bacia da Evolução.

Desde então, o complexo está apto para receber navios de até 350 metros de comprimento por 48,50 de boca, disse Castilho.

O próximo passo é executar a segunda etapa de obras na nova Bacia de Evolução, para atender navios de até 400 metros de comprimento e 65 metros de largura.

Segundo a Portonave, há previsão de que a União invista aproximadamente 250 milhões de reais, conforme Plano Plurianual do Ministério da Infraestrutura, de 2020 a 2023, no acesso aquaviário que atende a terminais públicos e privados.

A obra está projetada e licenciada ambientalmente, mas não há qualquer previsão de início dos trabalhos até agora.

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Fonte:
Reuters

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