Soja em Chicago: "Fundamentos são positivos, mas momento é ruim", diz Vlamir Brandalizze

Publicado em 25/06/2020 17:08

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"Os fundamentos são positivos, mas o momento é ruim", explica Vlamir Brandalizze, consultor da Brandalizze Consulting, fazendo um rápido resumo sobre o mercado da soja na Bolsa de Chicago, que mais uma vez fechou com estabilidade no pregão desta quinta-feira (25). Os futuros da oleaginosa terminaram o dia com perdas de pouco mais de 1 ponto nos principais contratos. Assim, o julho fica em US$ 8,69 e o novembro, US$ 8,68 por bushel. 

O mercado, ao longo do dia, chegou a testar baixas mais intensas, mas sem espaço para consolidar o movimento. Afinal, há notícias que ainda dão suporte às cotações e, como explica Brandalizze, são positivas, inclusive, para 2021. "Mesmo com uma safra maior, ainda é menor do que o consumo. Essa pandemia só fez aumentar a demanda por alimentos, que vai crescer ainda mais", diz. 

Além da demanda maior do que a oferta, o consultor explica também que a China precisa de mais soja, segue comprando forte e com compras concentradas nos EUA, os estoques norte-americanos tendem a ficar mais apertados, o que é mais um fundamento positivo para Chicago. 

Nesta quinta-feira, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) informou que as vendas semanais de soja para exportação foram de 601,9 mil toneladas da safra 2019/20, um volume 12% maior do que o registrado na semana passada, mas 10% menor do que a média dos últimos cinco anos. O total ficou ainda dentro das expectativas do mercado, que variavam entre 400 mil e 900 mil toneladas. A China foi a principal compradora.

Com esse volume, as vendas americanas somam 44,801 milhões de toneladas em toda temporada, "ou seja, os EUA já embarcaram quase 100% do que o USDA estima que são as 44,9 milhões de toneladas. Assim, com tempo para vender mais, vão embarcar um pouco mais e baixar os estoques americanos", complementa Vlamir Brandalizze. 

"Ou seja, a demanda maior é uma certeza e a safra ainda não está garantida. Para o ano que vem, há uma pressão para que a produção do Brasil cresça para algo entre 131 e 132 milhões de toneladas, mas isso em condições perfeitas de clima. Na Argentina, voltamos a anos de safra normal. E o mundo, ao mesmo tempo, vai comer mais. Mas, ainda há preocupações com o coronavírus", detalha o consultor. 

O macrocenário continua mostrando muita volatilidade no mercado financeiro e mantém a aversão ao risco, dias mais elevada, dias mais tímida, e também limita o movimento não só da soja, mas das commodities de uma forma geral. O petróleo, que ontem perdeu mais de 6%, nesta quinta-feira recuperou parte disso e fechou o dia com mais de 2,5% de alta, trazendo o barril do WTI de volta aos US$ 39,00. 

O mercado de grãos na Bolsa de Chicago espera também pelo relatório final de área plantada nos EUA na próxima semana, que também chega pelo USDA, e diante dessa expectativa mantém a cautela. Da mesma forma, os traders monitoram também as questões climáticas no Corn Belt, mas ainda sem qualquer grande ameaça. 

MERCADO BRASILEIRO

No Brasil, também como explica Brandalizze, os preços permanecem firmes, também diante de fundamentos positivos. O dólar voltou à casa dos R$ 5,30 e a disponibilidade de produto é muito escassa. "Os produtores já quase não têm mais soja para vender, e os negócios estão mais concentrados no mercado interno". 

Cada vez mais descolado, o mercado no interior paga melhor em diversas regiões do Brasil do que a exportação e as referências praticadas nos portos do país. "Tivemos perto de R$ 110,00 FOB no interior do Rio Grande do Sul e R$ 113,00 no porto de Rio Grande", exemplificou o consultor, reafirmando o interesse maior do sojicultor em efetivar negócios dentro do Brasil. 

O país deverá chegar ao final de 2020 praticamente sem estoques de soja - o que é mais um fator positivo entre os fundamentos - assim, Brandalizze não descarta a possibilidade de o Brasil ter de importar soja. "E isso é normal, não será um problema", diz. A soja paraguaia pode ter espaço entre, principalmente, nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, onde a demanda é grande, intensa, motivada pelo setor de aves e suínos. 

"E nestes estados o esmagamento não pode ser reduzido, pois a produção de carnes está a todo vapor porque as exportações estão muito fortes", explica. 

Nesta quinta-feira, a soja disponível subiu nos portos de Rio Grande e Paranaguá, fechando com indicativos entre R$ 111,00 e R$ 110,00 por saca. Para a safra nova, são R$ 106,00 e R$ 103,50, e em Santos, a referência foi a R$ 106,00.

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Por:
Carla Mendes | Instagram @jornalistadasoja
Fonte:
Notícias Agrícolas

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