Soja: ANEC também rebate estudo da Science de que exportação estaria "contaminada" com desmatamento

Publicado em 17/07/2020 09:27

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A Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec) também rebateu o estudo publicado na revista científica Science de que cerca de 20% da soja e pelo menos 17% da carne produzidas na Amazônia e no Cerrado e exportadas para a União Europeia estariam “potencialmente contaminadas” com o desmatamento ilegal. Críticas já haviam sido feitas pela Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), que disse que o estudo "provoca uma visão distorcida e gera um valor elevado de soja associada a desmatamento de forma equivocada, pois não indica quanto das áreas identificadas com desmatamento ilegal já estão efetivamente embargadas pelas autoridades competentes" e "não demonstra as áreas de desmatamento legal e ilegal em que há produção de soja, optando por demonstrar o imóvel como um todo".

Segundo o diretor-geral da Anec, Sergio Mendes, o setor está preocupado em manter o compromisso de não comprar soja de áreas desmatadas após 2008 na Amazônia. "Se há algum setor que tem se reunido de forma sistemática de 2006 para cá com as ONGs para resolver esse problema e punir as pessoas que desmatam, ao não comprar desses agentes, esse setor é o da soja", disse Mendes ao Broadcast Agro. Segundo ele, não é possível atribuir à cadeia de soja mais do que 1,5% do desmatamento de área na Amazônia com base em levantamentos por satélite. "A sustentabilidade é uma preocupação diária nossa", disse, ressaltando o risco de perda de mercados na Europa em caso de associação com desmatamento ilegal.

Em nota, a Abiove ressaltou que é responsabilidade da indústria verificar se a soja a ser originada foi produzida de acordo com a legislação vigente. "O rigor na execução da Moratória contribuiu para a queda do desmatamento da Amazônia associado à soja, uma vez que foram plantados apenas 80 mil hectares de soja em áreas desmatadas a partir de 2008, inclusive porque ao identificarmos soja plantada de forma irregular toda a propriedade é excluída da cadeia", disse a associação.

"No entanto, a fiscalização e regularização das atividades do produtor nos imóveis rurais é responsabilidade das autoridades competentes, responsáveis pelo embargo da propriedade como um todo e disponibilização das listas oficiais de crime ambiental e trabalho escravo. Sempre que uma propriedade é embargada por irregularidades, as compras são automaticamente suspensas." Segundo a Abiove, a responsabilidade sobre fiscalização das áreas sem soja não pode ser transferida para a indústria. "Se a tecnologia para esse monitoramento já está disponível e os dados do CAR comprovam de forma objetiva que há desmatamento ilegal nas áreas que não fazem parte da cadeia da soja, cabe aos órgãos competentes a notificação e embargo das propriedades."

Consultada, a Aprosoja Brasil disse, em comunicado, que "não concorda com os dados divulgados pelo estudo, pois ele apresenta inconsistências".

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Fonte:
Estadão Conteúdo

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1 comentário

  • Merie Coradi Cuiaba - MT

    Não acredito que os agricultores vão querer cair nessa armadilha!!! ... Dar corda para uma conversa dessas é compactuar com a continuidade do COLONIALISMO EUROPEU. Ora, o Brasil já passou dessa fase, somos um mais independente. Plantamos o que queremos e onde queremos, a Europa que cuide de seu território e se quiser compre alguma coisa nossa, senão passe fome. Veja que alguns já compactuam com a moratória dos grãos/carne, imposta pela ABIOVE. Agora pergunto: quem fez essas regras, sob que ótica, que leis, que normas? Se fosse não concordar, recorre a quem? Estão querendo passar por cima das nossas leis!!!! É um absurdo. Cabe a CNA, Aprosoja, Famato, o próprio Governo para defender nossa soberania.

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    • Rodrigo Polo Pires Balneário Camboriú - SC

      Merie, concordo com voce..., entidades, instituições, ONGs estrangeiras descobriram há muito tempo que a burocracia, o sistema legislativo e judiciário são extremamente corruptos no Brasil e viram aí uma brecha para governar o país por vias tortas, enviesadas... Todos esses organismos ambientalistas estão furiosos (com ameaças carregadas de impotencia), com o presidente Bolsonaro porque ele está asfaltando as rodovias intransitáveis da região amazonica, construindo pontes de concreto para interligar regiões. Se não podem nos tomar a terra a força, a maior parte do resto do mundo quer nos roubar por outros meios. Querem a terra e suas riquezas.

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    • Paulo Roberto Rensi Bandeirantes - PR

      Sr. RODRIGO, há muito tempo ouvi de um economista que essa pauta "meio ambiente" foi criada pelos esquerdistas de sempre. ... A sociedade aceitou a retóric, e depois de décadas "as regras" são ditadas por especialistas que tem um olhar canhoto com relação as leis do mercado. ... Se depender deles isso nunca vai melhorar pois, o que eles querem é dinheiro para continuar a estudar o "pobrema" !!!

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    • Paulo Roberto Rensi Bandeirantes - PR

      Muitos vão dizer que o "meio ambiente" é muito importante! Não estou dizendo o contrário... Ocorre que o conhecimento é que nos leva a praticar ações que causem menos danos. ... Veja a pratica do "PLANTIO DIRETO" ... Até o final do século passado, quando passava pela BR-163 perto Rondonópolis-MT e estavam preparando a terra próximo da rodovia para o plantio, se o vento estivesse soprando para a rodovia, você tinha que parar pois a poeira que as grades produziam tampavam a visão. Hoje é bem diferente, pois o conhecimento mostrou que aquela prática era ruim para o solo em ambientes tropicais. Já nos países onde o inverno congelam os solos é necessário revirá-lo para que ele aqueça mais rápido e possa ocorrer o plantio.

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