Soja pode alcançar os US$ 15 em Chicago com La Niña mais severo, acreditam analistas internacionais

Publicado em 24/11/2020 16:28 e atualizado em 24/11/2020 17:23

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Embora a realização de lucros tenha sido intensa no início do dia e o mercado tenha recebido algumas notícias que pesaram sobre as cotações nos últimos dias, os fundamentos voltaram a falar mais alto e os preços da soja amenizaram as perdas registradas na Bolsa de Chicago e vão encerrando a terça-feira (24) com estabilidade e registrando leves ganhos entre os principais contratos. 

Ao longo do dia, as perdas chegaram a superar os 15 pontos, porém, no final da tarde o mercado foi se ajustando, inverteu a direção e fechou o pregão com ganhos de 2,50 a 4 pontos. O janeiro/21 terminou o dia com US$ 11,94 e o março, US$ 11,96 por bushel. 

Analistas nacionais e internacionais colocam as condições muito adversas de clima na América do Sul e as ameaças à oferta 2020/21 no centro das discussões do mercado. Enquanto a demanda se intensifica em todo mundo, com destaque, é claro, para a China, os EUA já comprometeram mais de 80% do estimado para exportação na temporada - 59,9 milhões de toneladas - e a safra sul-americana sofre na Argentina, no Brasil, no Paraguai e no Uruguai. 

O La Niña tem causado bastante polêmica até o momento, mas também permanece no radar dos traders e dos analistas. E caso se agrave, os preços da soja na Bolsa de Chicago poderiam chegar aos US$ 15,00 por bushel e alcançar suas máximas em seis anos, segundo analistas internacionais. 

Nesta terça-feira, o Rabobank trouxe um relatório mostrando a força do mercado de grãos neste momento, afirmando que as explicações para o recente rally dos grãos são múltiplas.

"Algumas das consequências do La Niña foram muito visíveis e continuarão a impulsionar os preços até 2021. A seca no sul do Brasil e em partes da Argentina afetou lavouras como a cana-de-açúcar e o trigo e impôs desafios ao plantio de soja. Com os principais períodos de safra começando na América do Sul, o risco continua elevado", afirmam os especialista do banco em seu reporte.   

No pregão desta segunda-feira (23), os preços já testaram o patamar dos US$ 12,00, mas não tiveram força o suficiente para se sustentar, recuaram, mas não se distanciaram muito do alvo. 

"O La Niña tem representado - e continuará a representar - desafios para os agricultores de todo o mundo, piorando a disponibilidade de várias commodities agrícolas", completa o banco.

"Enquanto alguns modelos indicam que o atual La Niña possa alcançar uma força semelhante a dos anos de 2010 a 2012, as atuais condições do fenômeno estão mais fracas do que no mesmo período de 2010", diz o Australian Bureau of Meteorology (BOM). 

Além da questão climática, o Rabobank cita ainda a força da demanda como outro driver das altas dos preços este ano. "A demanda tem sido muito resiliente - principalmente da China - com os estoques de milho e soja previstos para diminuir ao longo da temporada 2020/21". 

Também nesta terça-feira, o Commodity Weather Group (CWG) divulgou seu boletim sazonal de previsões climáticas para os próximos meses e destaca as preocupações maiores com a região Sul do Brasil e a Argentina. 

Com as condições atuais, "o risco aumenta significativamente para o milho e a soja da Argentina, que já começam a perder rendimento em função do calor intenso e da seca persistente. No Brasil, as chuvas são inconsistentes, e riscos altos para as safras por conta das baixas reservas hídricas, com ameaças ainda para cerca de um quarto das áreas produtoras do grão e da oleaginosa. 

Leia Mais:

+ 1/4 do Brasil produtor de soja e milho se encontra sob estresse hídrico, diz Commodity Weather Group

Nas imagens abaixo, o CWG destaca os primeiros mapas como sua previsão oficial, a qual justificaria essas consequências esperadas para a safra sul-americana pelo instituto de meteorologia. 

Mapas CWG

Na sequência, os mapas indicam as previsões para chuvas e temperaturas para os primeiros quatro meses de 2021. 

Mapas CWG 16  a 30 dias

FUNDOS ESPECULADORES

Além das questões fundamentais, os preços não só dos grãos, mas das commodities agrícolas de uma forma geral têm sido motivados também pelo posicionamento dos fundos. Ainda de acordo com informações do Rabobank, de junho a outubro os fundos ampliaram suas posições compradas em todas as commodities agrícolas por 22 semanas consecutivas.

"Este fluxo de dinheiro deverá continuar até que se perceba que o estímulo econômica comece a diminuir, o que não deverá acontecer antes do final do primeiro semestre de 2021", explicam os especialistas do banco internacional. 

Em 2020, os especuladores compraram volumes recordes de posições nas agrícolas, intensificando o movimento de alta motivado pelos fundamentos de oferta e demanda. "À medida em que o estímulo fiscal e monetário cria um fluxo de dinheiro dos títulos soberanos, um número crescente de investidores está olhando para as commodities agrícolas como ativos de investimento", informa o boletim desta terça.

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Por:
Carla Mendes | Instagram @jornalistadasoja
Fonte:
Notícias Agrícolas

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