Argentina: Seca, atraso histórico no plantio, 'dólar soja', esmagamento. O que o produtor vai fazer?

Publicado em 20/12/2022 17:08 e atualizado em 21/12/2022 10:46

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Esta semana começou, mais uma vez, com o foco do complexo soja sobre a Argentina e os modelos climáticos indicando algumas chuvas melhores chegando entre o Natal e o Ano Novo para os sojicultores hermanos. Entretanto, as previsões mudaram e voltaram a mostrar a possibilidade do sofrimento continuado para o país nos próximos dias. 

"Hoje o modelo americano está mostrando menos chuvas para a semana entre o Natal e o Ano Novo em relação aos mapas de ontem. O atraso do plantio e as condições das lavouras na Argentina continuam preocupando", explica o time da Agrinvest Commodities. 

Para os próximos cinco dias, as previsões mostram chuvas em cerca de 60% das áreas de soja e milho da Argentina, porém com volumes que são de pouco mais de 12 mm em regiões importantes, segundo apuração do Commodity Weather Group (CWG). E os mapas mostram, de fato, precipitações abaixo da média, pelo menos, até o começo de janeiro. As imagens abaixo trazem as previsões de chuvas para 1 a 5 dias, 6 a 10 e 11 a 15. Nos três períodos é possível identificar tais condições para quase todo o território argetino. 

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Mapas: Commodity Weather Group

"Algumas chuvas devem cortar dois terços das áreas de soja e milho da Argentina entre sexta e sábado, trazendo algum alívio de umidade a regiões importantes, mas o modelo GFS (americano) ainda sinaliza tempo mais seco", informa o CWG. "Nesta semana, o calor intenso, com temperaturas bem acima dos 32ºC, 33ºC, deverão continuar trazendo muito estresse hídrico às lavouras da Argentina. E em 11 a 15 dias, as chuvas ficarão ainda mais limitadas, aumentando as temperaturas e expandindo as áreas sob estresse", completa o instituto meteorológico.  

Apesar do avanço permitido pela chegada das últimas chuvas no país, o plantio da oleaginosa segue atrasado e já sinalizando uma considerável perda de potencial produtivo. E essas perdas poderiam se agravar ainda mais nos próximos meses. Afinal, segundo a Earth Daily Agro, as previsões mostram que a Argentina deverá ficar sob severa seca ainda durante todo o primeiro trimestre de 2023. 

De acordo com os últimos números da Bolsa de Cereais de Buenos Aires, a semeadura da soja chegou a 50,6% da área estimada de 16,7 milhões de hectares para esta temporada 2022/23 na semana passada, com um avanço de 13,5 pontos percentuais. Trata-se do plantio mais atrasado da história da sojicultura argentina, apresentando um percentual 14,2 pontos menores na comparação com o mesmo período do ano passado. 

Afinal, as precipitações até foram registradas nos últimos dias, porém, chegaram de forma limitada, mal distribuídas e com volumes longe do suficiente para mudarem o quadro atual. Ainda assim, o índice de lavouras de soja em boas ou excelentes condições passou de 11 para 19%, enquanto o total de campos em condições ruins passou de 23% para 20%. Neste mesmo período da safra 2021/22, apenas 1% das lavouras da oleaginosa estava em condições regulares ou ruins. 

A Argentina está sob o foco central do mercado global de soja não só por ser a terceira maior exportadora do grão, mas por ser a primeira no cenário mundial nas exportações de farelo e óleo de soja. As adversidades de clima no país têm promovido intensa volatilidade entre os futuros de ambos os derivados, em especial no farelo. 

"Tudo indica que o processamento de soja vai continuar caindo, dando sustentação ao flat price do farelo", afirma a equipe da Agrinvest Commodities. 

Somente nesta terça-feira (20), os futuros do derivado chegaram a testar ganhos de mais de 2% entre os contratos mais negociados, refletindo os mapas atualizados mostrando menos chuvas para a Argentina nos próximos dias. Embora o mercado tenha diminuído o ímpeto dos ganhos, ainda assim fechou em campo positivo, com altas de pouco mais de 0,6% nas posições mais negociadas, levando o janeiro a US$ 451,90 por tonela curta e o maio a US$ 441,40. 

O óleo de soja, mercado do qual a Argentina também é a maior exportadora mundial, fechou o dia em Chicago também com bom avanço nesta terça-feira, ultrapassando 2%. O contrato janeiro subiu 2,58% para 66,07 cents de dólar por libra-peso, enquanto o março teve alta de 2,11% para 64,75 cents/lp. 

SECA X DÓLAR SOJA II x ESMAGAMENTO

Em plena segunda rodada do chamado 'dólar soja' ou soy dollar, que é o câmbio estipulado pelo governo para a comercialização da oleaginosa - que instituiu 230 pesos para 1 dólar - as atuais condições climáticas e as ameaças crescentes à nova safra argentina têm limitado o ânimo dos produtores para seguirem efetivando novos negócios. 

"Segundo relatório elaborado pela Universidade Austral e, com previsão de chuvas para o início ou final de fevereiro, a recomendação para a soja é não vender e começar a construir hedges baseados em opções de venda, operações também conhecidas como PUTs", afirmaram especialistas ouvidos pelo portal local Infocampo.

Ainda de acordo com o site de notícias, desde que o dólar soja começou neste segundo momento, em 28 de novembro, a nação sul-americana já teria comercializado cerca de quatro milhões de toneladas. 

"Em 12 dias de setembro, na primeira rodada do soy dollar, os argentinos venderam, aproximadamente, mais de 9 milhões de vendas. Agora, em 12 dias, 3,6 milhões, aproximadamente. Vendeu menos da metade, porque também já não tem tanta soja sozinha. Dessa forma, tanto pelo clima, quanto pelos baixos estoques na Argentina, o esmagamento vai cair mais ainda agora, até a entrada da nova safra", explica Eduardo Canin, analista de mercado da Agrinvest Commodities. 

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Fonte:
Notícias Agrícolas

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