Processamento de soja na Argentina entra em crise com ameaça da seca, diz indústria
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Por Maximilian Heath
BUENOS AIRES (Reuters) - As plantas de esmagamento de soja da Argentina estão operando com a capacidade mais baixa da história devido ao impacto de uma seca brutal, disse o líder da principal câmara de processamento de grãos do país na quarta-feira.
A Argentina, maior exportador mundial de farelo de soja e óleo de soja, deve ter uma produção de soja de 27 milhões de toneladas nesta temporada, a menor em quase um quarto de século, como resultado de poucas chuvas e altas temperaturas, informou a bolsa de grãos de Rosário da Argentina.
Em 2022, as exportações de subprodutos da soja, principal fonte de divisas da Argentina, totalizaram 18,519 bilhões de dólares.
Gustavo Idigoras, chefe da câmara de processamento de oleaginosas e grãos da CIARA, disse que o setor enfrenta uma "crise" com a ociosidade da capacidade industrial se aproximando de 70%, a maior para quando não há protestos.
Embora a colheita da safra 2022/23 ainda não tenha começado, os agricultores relutam em vender os grãos armazenados, temendo que uma colheita escassa os leve ao esgotamento das reservas, após a seca histórica, disse Idigoras.
“Isso tem levado os produtores a interromper posições de vendas diante de um cenário de alta incerteza nos próximos meses”, afirmou.
Em fevereiro, os agricultores venderam 622,3 mil toneladas de soja para o setor de beneficiamento, quase um terço das 1,7 milhão de toneladas vendidas no mesmo mês do ano passado, segundo dados do Ministério da Agricultura.
Os produtores argentinos ainda têm em estoque cerca de 6 milhões de toneladas de soja do ciclo 2021/22, disse Idigoras, um número menor do que o normal, já que muitos agricultores aceleraram suas vendas no segundo semestre de 2022 impulsionados por uma taxa de câmbio preferencial para as exportações de soja propostas pelo governo.
Uma retração nos grãos pode até levar a Argentina a importar soja de seus vizinhos Paraguai e Brasil, disse Idigoras, acrescentando que isso não ultrapassaria 8 milhões de toneladas.
“É um paliativo”, disse ele, “mas pelo menos nos deixa respirar para não fechar as fábricas”.
"Estamos fazendo um grande esforço para evitar as suspensões (da moagem)", acrescentou. "É um ano muito difícil para as empresas sustentarem o emprego."
O início do ano é, por motivos sazonais, o período de menor atividade das fábricas na Argentina, quando --segundo dados da CIARA-- a capacidade ociosa do setor foi em média 59% nos últimos cinco anos.
(Por Maximilian Heath; Texto de Carolina Pulice)
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