Greve de trabalhadores argentinos do setor de soja é suspensa, mas funcionários da Vicentin mantêm paralisação
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Por Maximilian Heath
BUENOS AIRES (Reuters) - Os trabalhadores do setor de soja da Argentina cancelaram uma greve nacional nas unidades de processamento da oleaginosa devido a uma ordem do governo horas antes do início da paralisação nesta quarta-feira, embora os trabalhadores do conglomerado Vicentin tenham mantido a ação grevista.
Na Argentina, maior exportador mundial de óleo e farelo de soja processado, os trabalhadores do setor haviam planejado iniciar uma greve por tempo indeterminado a partir das 6h da manhã devido a uma disputa salarial com o conglomerado Vicentin e outras empresas.
Na noite de terça-feira, porém, o governo ordenou que os trabalhadores suspendessem a greve.
Os trabalhadores da Vicentin, mesmo assim, iniciaram desde terça-feira uma greve em algumas fábricas próximas ao centro de grãos de Rosário, e um líder do sindicato SOEA disse à Reuters que, embora a greve nacional tenha sido cancelada, os trabalhadores da Vicentin planejavam continuar o movimento.
"O governo emitiu ontem à noite a ordem de conciliação obrigatória e, obviamente, nós a cumprimos. No final, não iniciamos a greve", disse o secretário da SOEA, Martin Morales.
O governo argentino pode solicitar um período de conciliação obrigatória, durante o qual os sindicatos devem suspender as ações de greve e as partes devem tentar chegar a um acordo. Nesse caso, o período durará 15 dias.
Morales observou que as greves de Vicentin, iniciadas na terça-feira, devem continuar.
"Os trabalhadores que não foram pagos no mês passado não querem ir trabalhar", disse.
A greve deve afetar as fábricas de processamento de Ricardone, San Lorenzo e Avellaneda, da Vicentin, todas localizadas no leste da província de Santa Fé.
Os trabalhadores vêm pedindo à Vicentin que pague seus salários há um mês, depois que a empresa pagou apenas uma fração do que era devido, citando uma "situação financeira crítica".
A Vicentin está em processo de falência desde 2020.
A câmara CIARA-CEC de produtores de sementes oleaginosas e exportadores de grãos criticou na terça-feira os planos de greve do sindicato, dizendo que cabia aos sindicatos e à Vicentin resolver a questão sem interromper as operações do país.
"Estávamos em conversações com os sindicatos para fazer as atualizações salariais para este ano", disse a câmara, apontando para as tendências positivas da inflação em um país com um dos maiores aumentos de preços do mundo, que corroeu o poder de compra da população.
A câmara disse que havia prometido que nenhum trabalhador de sementes oleaginosas teria um aumento salarial inferior ao valor da inflação anual.
"É por isso que lamentamos o fracasso das negociações com os sindicatos e essa greve desproporcional e ilegal", disse.
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