Retrospectiva açúcar: preço do cristal na safra 2019/20 sobe 3,3% em SP

Publicado em 07/01/2020 14:56

A safra 2019/20 foi a segunda consecutiva em que usinas do estado de São Paulo direcionaram maior quantidade da cana-de-açúcar para a produção do etanol em detrimento do açúcar. No entanto, ao contrário do que aconteceu em 2018 – quando os preços do cristal não subiram frente à queda na produção –, em 2019, houve pequeno aumento no preço médio negociado no mercado à vista, segundo dados do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP.

De abril/19 a dezembro/19, a média do Indicador CEPEA/ESALQ do açúcar cristal foi de R$ 65,46/saca de 50 kg, alta de 3,3% em relação à da temporada anterior (de R$ 63,36/saca de 50 kg de abril/18 a dezembro/18), em termos reais – os valores foram deflacionados pelo IGP-DI de novembro/19.

Segundo a Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar), de abril/19 a novembro/19, usinas paulistas moeram 337,332 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, volume 4,63% superior ao processado em igual período da safra anterior. Desse total, 58,93% foram direcionados à produção de etanol e 41,07%, ao açúcar. A produção de açúcar somou 18,33 milhões de toneladas, 2,86% acima do registrado no mesmo período da temporada passada.

A moagem da cana-de-açúcar da safra 2019/20 teve início em abril/19 nas usinas paulistas, com atraso de cerca de uma semana frente a 2018/19. De acordo com levantamento do Cepea, naquele período, a ocorrência de chuvas dificultou a colheita nas lavouras. Nos meses seguintes, o volume de precipitações foi menor, favorecendo a produção, que seguiu sem muitas interrupções. Com isso, até o final de novembro, 88% das usinas de São Paulo já haviam encerrado a moagem, antecipando em aproximadamente 11 dias em relação ao final da temporada passada.

Segundo pesquisadores do Cepea, como de costume, os primeiros lotes da cana colhidos foram utilizados para a produção do etanol, de forma que a oferta do açúcar para o mercado spot foi baixa até o mês de maio. A disponibilidade no mercado spot começou a aumentar somente a partir de junho, e o período de maior liquidez foi entre julho e setembro, voltando a ser mais abundante nas primeiras semanas de dezembro. No geral, a demanda esteve mais aquecida em 2019 frente ao ano anterior. Dados do Cepea mostram que as vendas totais de açúcar (contrato, spot e varejo) das usinas do estado de São Paulo na safra 2019/20 (até novembro/19) foram 8,41% maiores se comparadas às do mesmo período de 2018.

Quanto aos preços, as médias mensais do Indicador CEPEA/ESALQ de abril/19 a agosto/19 estiveram acima das registradas nos mesmos períodos de 2018. Já de setembro/19 a dezembro/19, as médias estiveram inferiores às verificadas de setembro/18 a dezembro/18.

INTERNACIONAL – A safra internacional do açúcar 2018/19 (finalizada em setembro/19) foi estimada com superávit de 1,83 milhão de toneladas pela a OIA (Organização Internacional do Açúcar). Já para a temporada 2019/20 (iniciada em outubro/19), a OIA estima déficit de 6,11 milhões de toneladas.

Segundo a Secretaria de Comércio Exterior, de janeiro a dezembro de 2019, o Brasil exportou 18,432 milhões de toneladas de açúcar, gerando receita de US$ 5,346 bilhões. No mesmo período do ano passado, o volume embarcado somou 21,438 milhões de toneladas e a receita, US$ 6,559 bilhões.

NORDESTE – Os preços de açúcar no spot estiveram em alta em quase todo primeiro semestre de 2019, especialmente de maio a junho, quando a oferta esteve baixa, devido à entressafra. Nestes meses, compradores adquiriram açúcar de outros estados, especialmente do Centro-Sul do País, o que é comum para o período. Ainda assim, a disponibilidade do adoçante esteve restrita, uma vez que mais cana foi direcionada à produção de etanol em todo o Brasil.

Já em julho, a transferência do açúcar do Centro-Sul ao Nordeste ocorreu de maneira mais expressiva. Algumas usinas – que começariam a moagem da nova safra 2019/20 na primeira semana de agosto e outras em setembro – adiaram as atividades por alguns dias, devido às chuvas na região. O início da moagem da nova safra, por sua vez, priorizou a produção de açúcar VHP. Com a safra evoluindo bem, os volumes de açúcar cristal negociados em setembro aumentaram, mas os preços seguiram estáveis.

A partir de outubro, a oferta do adoçante aumentou. Algumas unidades produtoras estavam com necessidade de “fazer caixa”, fazendo com que estas cedessem em suas ofertas. No início de dezembro, as cotações voltaram a se estabilizar, mas parte dos vendedores aumentou os valores de suas ofertas, fundamentada nos preços firmes no Centro-Sul e no mercado internacional.

De acordo com o Sistema de Acompanhamento da Produção Canavieira (Sapcana), do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), de 1ª de abril a 15 de novembro de 2019, o Nordeste do País produziu 21,87 milhões de cana-de-açúcar e 1,11 milhão de toneladas de açúcar, aumentos respectivos de 7% e de 3% em relação ao mesmo período da safra passada.

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Fonte:
Cepea

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