Açúcar: Seca no Brasil dá suporte para novas altas e NY supera os US$ 17 c/lb

Os futuros do açúcar subiram pela segunda sessão consecutiva nesta terça-feira (25) nas bolsas de Nova York e Londres, superando os US$ 17 c/lb no terminal norte-americano. O dia foi de atenção para o clima no Brasil. Apesar de chuvas, o cenário para a safra segue delicado.
O principal vencimento do açúcar bruto na Bolsa de Nova York registrou valorização de 1,25%, cotado a US$ 17,04 c/lb, com máxima de 17,27 c/lb e mínima de 16,86 c/lb. Enquanto que o tipo branco em Londres saltou 1,45%, negociado a US$ 455,90 a tonelada.
"Os revendedores disseram que as preocupações com o clima seco no Brasil continuam dando suporte, embora sejam esperadas chuvas muito necessárias nos próximos dias", destacou a Reuters Internacional em referência ao avanço dos preços na sessão desta terça.
Além de atenção para o cenário de seca histórica em áreas produtoras do Centro-Sul do Brasil, principalmente no estado de São Paulo, maior produtor de cana do país, as oscilações do financeiro no dia contribuíram para a valorização nos terminais.
Precipitações chegaram a ser registradas no último final de semana no Centro-Sul do país, mas elas foram muito irregulares e em baixos volumes, segundo Maria Christina Pacheco, presidente do Consecana (Conselho dos Produtores de Cana-de-Açúcar, Açúcar e Etanol do Estado de São Paulo).

Produtores de áreas do estado de São Paulo relatam perdas de até 20% na nova safra - Foto: CNA
O Consecana estima que o estado de São Paulo pode ter nesta temporada uma quebra de até 7% ante a temporada anterior, apesar de perdas regionais mais expressivas. Alguns produtores paulistas já relatam perdas na safra de mais de 20% por conta da condição climática adversa.
"Em temos de estado de São Paulo, se fala de uma quebra em torno de 5% a 7%, em média, sendo que tem regiões onde a queda é muito maior. Na nossa região de Capivari (SP), alguns produtores veem perdas de safra de 20% ou mais nas suas propriedades porque a chuva é muito irregular”, explica Maria Christina.
“Temos regiões que nunca viram uma seca tão drástica. No meu caso, ela se parece com a seca de 2014, quando nós tivemos uma quebra média de 25%”, complementa a presidente do Consecana.
Além dos fundamentos, no financeiro, o mercado também encontrou algum suporte durante o dia com nova valorização nos futuros do petróleo, além de leve valorização do real sobre o dólar, o que tende a desencorajar as exportações de commodities do Brasil, mas dá suporte.
Como fator de pressão ao mercado, ainda segundo a Reuters, os operadores acompanham os bloqueios na Índia, maior consumidora global de açúcar do mundo, que provavelmente terá impactos na demanda diante dos isolamentos em alguns estados para conter a disseminação da Covid-19.
Mercado interno
A semana começou com novas altas no mercado brasileiro de açúcar. "Mesmo com todas as usinas do estado de São Paulo já em produção, a oferta do açúcar cristal Icumsa até 180 desta safra 2021/22 segue restrita", disse em nota o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea, da Esalq/USP).
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Como referência, na véspera, o Indicador CEPEA/ESALQ do açúcar, cor Icumsa de 130 a 180, mercado paulista, subiu 0,33%, cotado a R$ 116,41 a saca de 50 kg.
No Norte e Nordeste do Brasil, o açúcar registrou alta de 0,34%, a R$ 123,47 a saca, segundo dados reportados pela consultoria Datagro. O açúcar VHP, em Santos (SP), tinha no último dia de apuração disponível o preço FOB cotado a US$ 17,77 c/lb com avanço de 0,95%.
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