Tributação nas exportações volta à discussão e agora com finalidade de reduzir rombo da Previdência. Medida pode prejucar setor produtivo
Diante dos insistentes rumores de que o Governo Federal pretende tributar a exportação de produtos agropecuários, para saldar despesas do Ministério da Previdência, o assunto voltou à discussão nas últimas semanas motivando diversas notas de repúdio de entidades do setor.
A CNA (Confederação Nacional de Agricultura) divulgou em nota que a tentativa trata-se de um verdadeiro ataque contra um setor que foi o principal motor dos anos de crescimento neste século e sustenta, mesmo na crise, o equilíbrio de nossas contas externas.
Essa taxação ocorreria por meio da revogação da isenção da contribuição previdenciária que hoje vigora para os produtores que exportam o total ou parte de sua produção. A princípio a taxação seria de 2,6%.
No entendimento da Previdência, o regime do trabalhador rural é diferenciado, com taxas menores de contribuição e pagamentos relacionados ao ciclo da produção, se tornou impossível arrecadar mais do que se gasta com benefícios e, com isso, o déficit no segmento rural superou os R$ 90 bilhões em 2015.
No entanto, o economista da Farsul (Federação de Agricultura do Rio Grande do Sul), Antônio da Luz, considera que essa medida não irá solucionar o rombo na previdência social, seria preciso ao contrário, de uma reforma previdenciária para cobrir os gastos além do orçamento.
"Existe uma curva demográfica que precisamos vencê-la. Essas pessoas que recebem aposentadoria hoje não podem voltar a trabalhar para contribuir, o erro foi do Estado que não proveu estabilidade das regras e um sistema de previdência adequado quando estavam na ativa", pondera Luz.
Do lado econômico, a tributação torna o produto brasileiro de baixa rentabilidade e pode ter conseqüências graves ao desenvolvimento do agronegócio no país.
"Essa é uma medida que vai contra a teoria econômica, contra a corrente de comércio e contra o desenvolvimento econômico do Brasil", critica o economista.
Na Argentina, onde ocorrem tributações variadas sobre os produtos agrícolas e pecuários, os resultados mostraram que a taxação só contribuiu para a retração nas exportações e de investimentos no setor.
Nas carnes, por exemplo, o país que era referencia na qualidade caiu 156% nas vendas externas. Com a taxação a renda dos produtores declinou e o setor parou de investir menos em produção.
Além dessas conseqüências, o produtor brasileiro já arca com as taxas nas operações internas, assim, uma nova tributação implicaria em bitributação ao setor.
2 comentários
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Farias Toigo Porto alegre - RS
Este governo incompetente já QUEBROU quase todos os setores economicos do País..., o único que se salva (e que, igualmente, os salva) é o agronegócio..., logo, eles só podem estar brincando, não é mesmo???.
Trator na rua, é o que resta.
LUIS ALBERTO GROHE Assis Chateaubriand - PR
Parabéns Antonio da Luz (FARSUL) pela posição contra a taxação das exportações no agronegócio idealizado pelo Governo Dilma. Usando o exemplo das "retenciones argentinas" sobre a exportação de soja e carnes, o economista da Farsul lembrou-nos das consequências negativas advindas da trágica decisão do governo populista argentino, que, na década de 90, decretou a falencia de seu principal motor economico, que era (e é) a produção de grãos e a excelente pecuária. Gradativamente estes índices foram aumentando e inviabilizando o agronegócio argentino. Se o exemplo deles não deu certo, porque deveria dar certo no Brasil??!!. Devemos aprender a copiar o que é bom, jamais aquilo que, na prática e de fato, deu zica. Aliás, falando em "zyca" o virus precisa ser encarado com muita seriedade, no Brasil e na América Latina; já considerado agora um "problema mundial de saúde". Aliás seriedade é o que está faltando dos políticos e da equipe econômica do governo, na condução dos destinos desta nação. A batata está assando e vai acabar queimando.