Brasil já protege 82% da Amazônia (área maior que a Índia), diz Embrapa Territorial

Publicado em 26/08/2019 14:28
Evaristo Eduardo de Miranda - Chefe-Geral da Embrapa Monitoramento por Satélite
Evaristo de Miranda, da Embrapa Territorial, mostra novos dados de satélites e conclui: precisamos fazer cumprir o Código Florestal

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Entrevista com Evaristo Eduardo de Miranda - Chefe-Geral da Embrapa Monitoramento por Satélite

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Em evento realizado na Cooxupé (Cooperativa de Cafeicultores do Sul de Minas), o chefe-geral da Embrapa Monitoramento por Satélite, Evaristo de Miranda, mostrou novos dados coletados por satélites e conferidos em terra com base no CAR (Cadastro Ambiental Rural), números esses preenchidos pelos próprios agricultores (como se fosse uma declaração de Imposto de Renda). 

E a conclusão foi que O Brasil já dedica 3,5 milhões de quilômetros quadrados à preservação. O total de áreas legalmente protegidas e preservadas, devida e detalhadamente mapeadas, é de 277,3 milhões de hectares, 66,1% ou dois terços da Amazônia.

Os dados que mostram O Brasil hoje sendo o país que mais preserva o meio ambiente no mundo. Mais do que isso, reforçou ainda, com os mesmos números, que o agronegócio brasileiro é a atividade que mais preserva o meio ambiente no globo. 

Até agosto de 2018, no bioma Amazônia, registraram-se no CAR mais de 468.000 imóveis rurais, incluindo Resex e RDS. A Embrapa Territorial analisou esse bigdata geocodificado. E mapeou com 10 metros de detalhe a área dedicada à preservação da vegetação nativa em terras extrativistas e de agropecuária, em cada imóvel rural, município, microrregião, estado e no bioma (https://www.embrapa.br/car). Uma área total de 103,1 milhões de hectares está dedicada à preservação da vegetação nativa pelo mundo rural. Isso corresponde a 24,6% do bioma Amazônia e a 64% da área dos imóveis. Ou seja, o mundo rural preserva, em meio às suas atividades produtivas, um quarto do bioma Amazônia e dois terços de seus imóveis.

E frente a tudo isso, mostrou ainda que a real e legal expansão da agricultura deverá ocorrer sem que novas matas sejam derrubas, mas com a atividade vindo a ocupar áreas atualmente degradadas, na medida em que forem recuperadas. 

A palestra completa do Dr. Evaristo de Miranda está logo acima. 

 Acompanhe abaixo os dados completos e artigo publicado pelo diretor da Embrapa Territorial, chamando a atenção para a necessidade de o Governo Jair Bolsonaro colocar em pratica o já está aprovado pelo Congresso Nacional: o novo Código Florestal brasileiro.

>> Clique aqui e acesse o site da Embrapa Territorial 

Veja as telas apresentadas pelo Dr. Evaristo Eduardo de Miranda durante palestra:

Área rural dedicada à vegetação nativa atinge 218 milhões de hectares

Por Embrapa Territorial

mapa brasil embrapaOs dados de novas inserções de imóveis ao Sistema Nacional de Cadastro Ambiental Rural (SiCAR), ao longo de um ano, revelaram que a participação do setor rural brasileiro na preservação ambiental é maior do que o estimado na primeira análise. Em fevereiro deste ano, agricultores, pecuaristas, silvicultores e extrativistas destinavam à preservação da vegetação nativa mais de 218 milhões de hectares, o equivalente a um quarto do território nacional (25,6%).

Os números foram coletados pela Embrapa Territorial(SP), a partir das informações mantidas no SiCAR pelo Serviço Florestal Brasileiro (SFB). Em média, é como se cada produtor rural utilizasse apenas metade de suas terras. A outra metade é ocupada com áreas de preservação permanente (às margens de corpos d’água e topos de morros), reserva legal e vegetação excedente. O centro de pesquisa estimou o valor do patrimônio fundiário imobilizado em preservação ambiental e chegou à cifra de R$ 3,1 trilhões.

O pesquisador Evaristo de Miranda, chefe-geral da Embrapa Territorial, chama a atenção para a distribuição desses espaços. “Eles estão extremamente conectados e recobrem todo o território nacional. As áreas preservadas pelos agricultores compõem um mosaico ambiental relevante e de grande dimensão com as chamadas áreas protegidas,” observa o cientista. Estas são formadas pelas terras indígenas e as unidades de conservação integral como parques nacionais, estações ecológicas e outras do gênero.

Mapeada detalhadamente pela Embrapa Territorial, a área total destinada à preservação, manutenção e proteção da vegetação nativa no Brasil ocupa 66,3% do território. Nesse número, estão os espaços preservados pelo segmento rural, as unidades de conservação integral, as terras indígenas, as terras devolutas e as ainda não cadastradas no SiCAR. Elas somam 631 milhões de hectares, área equivalente a 48 países da Europa somados.

Mais de 400 milhões de hectares cadastrados

O Cadastro Ambiental Rural (CAR) é uma exigência do Código Florestal Brasileiro de 2012 para todas as propriedades e posses rurais no Brasil. No CAR, cada produtor delimitou, além do perímetro do imóvel, suas áreas de preservação permanente, reserva legal e de vegetação excedente. Essa base de dados geocodificados foi construída sobre imagens de satélite com cinco metros de resolução espacial. No caso do estado de São Paulo, a resolução é melhor, de um metro. “Os dados são muito precisos”, afirma Miranda.

Para calcular o território dedicado à vegetação nativa, a equipe da Embrapa Territorial baixou e integrou ao seu Sistema de Inteligência Territorial Estratégica 180 gigabytes de dados de cada um dos 5.570 municípios brasileiros. Os materiais e os métodos utilizados, bem como os resultados, estão disponíveis na página da Embrapa sobre o CAR.

Até 31 de janeiro deste ano, estavam cadastrados no SiCAR pouco mais de 4,8 milhões de imóveis e 436,8 milhões de hectares de terras. Essa área já supera em 30% a que foi identificada no Censo Agropecuário 2006, o último disponível. Por isso, Miranda avalia que a análise da dimensão territorial da participação do segmento rural na preservação da vegetação nativa no Brasil está mensurada, pois os números devem ter pouca variação.

No entanto, o pesquisador ressalta que também é preciso analisar as dimensões econômica, social e ambiental. A primeira começou a ser estudada, com a mensuração do valor patrimonial imobilizado. “Mas há ainda o custo de oportunidade e as despesas com manutenção a serem calculados”, lembra. O centro de pesquisa está atuando no levantamento desses dois itens. Trabalhará ainda nas avaliações de impacto sobre empregos, impostos, estoques de carbono, indicadores de biodiversidade e serviços ambientais.

grafico embrapa territorial

Pará

Os dados do CAR permitem também avaliações regionalizadas da participação do segmento rural na preservação da vegetação nativa. A Embrapa Territorial fez esse trabalho para o Pará, a pedido da Federação da Agricultura e Pecuária daquele estado, a Faepa. Os números são semelhantes aos nacionais: em média, 57,6% dos imóveis não são utilizados para atividades econômicas, mas destinados a áreas de preservação permanente, reserva legal, vegetação excedente e hidrografia. Essas terras correspondem a 23% do território paraense. O estado ainda é caracterizado por extensas unidades de conservação e terras indígenas que, somadas e descontadas as sobreposições, ocupam mais de 45% do território paraense, cerca de 85,7 milhões de hectares.

O Pará está na chamada Amazônia Legal, onde o Código Florestal exige que 80% da propriedade seja reservada para vegetação nativa nas regiões com floresta. Mas o estado também tem áreas de cerrado e de campos gerais, em que a reserva legal pode ser de 35% e 20%, respectivamente. O Código ainda desobriga de recomposição florestal os produtores que abriram áreas anteriormente à publicação da lei, cumprindo as normas vigentes na época.

A Embrapa Territorial entregou para a Faepa os números de cada um dos 144 municípios paraenses. Para o analista Gustavo Spadotti, do centro de pesquisa, de posse dos dados em nível municipal, “os sindicatos que compõem a federação têm mais ferramentas para contribuir com o planejamento das administrações públicas locais e auxiliar os próprios agricultores”.

Porto de Moz, Juriti, Augusto Corrêa, Curuçá, São Caetano de Odivelas, Magalhães Barata, Aveiro, Maracanã, Almeirim e Oriximiná são os dez municípios com mais área dedicada à preservação dentro das propriedades. Em Porto Moz, essa porção ultrapassa 95,2% da área rural.

Oeste baiano tem R$11 bi em reservas legais

No Oeste da Bahia, a parcela dos imóveis rurais dedicada à preservação da vegetação nativa supera os 50%, em média, e atinge 52,1%, enquanto a exigência legal é de 20%. Isso equivale a 30,2% da área total da região preservada nos imóveis rurais. O Oeste baiano está no bioma Cerrado e compõe a região do Matopiba, acrônimo da área de expansão da agricultura no Brasil formada por partes dos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia.

A mancha verde dos espaços reservados à preservação do Cerrado dentro das propriedades privadas recobre mais de quatro milhões de hectares, nos 32 municípios, cujos dados do CAR foram avaliados pela Embrapa Territorial. Nessa região, o valor médio do patrimônio fundiário imobilizado com vegetação nativa foi estimado, pelo centro de pesquisa, em aproximadamente R$ 11 bilhões.

Leia também: O presidente e a Amazônia, por Evaristo de Miranda

 

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Fonte:
Embrapa Territorial

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2 comentários

  • Rodrigo Polo Pires Balneário Camboriú - SC

    De que adianta falar que preservamos? De que adianta dizer que somos os maiores cuidadores do meio ambiente? Se para os estrangeiros nunca vai ser o suficiente, e sabem por que? Por que o interesse deles não é o meio ambiente, na verdade é a exploração dos nossos recursos com leis feitas por eles mesmos, e o impedimento do crescimento e desenvolvimento do povo brasileiro. Não importa o que fizermos, e já fizemos muito, nunca será o suficiente.

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  • Rodrigo Polo Pires Balneário Camboriú - SC

    Eu não entendo por que esse pessoal da Embrapa não alinha o discurso com o do presidente Bolsonaro. Quem é que se importa com preservação ambiental? As ONGs europeias, americanas, ou o que seja? Por que não dizem a verdade, que nosso congresso nacional, com a ajuda da FPA, quer impedir o desenvolvimento do país? Pois a verdade é essa, querem os brasileiros tutelados e na miséria, sem contar que não há no mundo país melhor para produção de alimentos que o Brasil. Por que tributos tão altos? Por que leis ambientais draconianas? Está na hora de por os brasileiros, legítimos donos do Brasil, em primeiríssimo lugar.

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