Brasil está na vanguarda da produção agropecuária sustentável no mundo, diz líder da Bayer Global

Publicado em 20/10/2020 14:51 e atualizado em 20/10/2020 16:32
Robert Reiter - Head of Research & Development (R&D) da Bayer Global
Bob Reiter afirma que as práticas sustentáveis de produção, como as realizadas pelo produtor brasileiro, são o caminho para o combate da fome no mundo

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Entrevista com Robert Reiter - Head of Research & Development (R&D) da Bayer Global sobre sustentabilidade

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Daniel Olivi: Olá Bob, obrigado mais uma vez por conversar conosco. Gostaria de começar perguntando sobre como a empresa tem agido diante dos impactos causados pelo Covid-19 e o que mudou nas ações de inovação e compromissos de sustentabilidade.

Bob Reiter: O que eu penso que aconteceu é que a Covid ajudou a acelerar a oportunidade que nós temos, principalmente, no uso do digital como parte das nossas ferramentas para nossos clientes produtores rurais. E isso tem muito a ver como o que você mencionou, tem muito a ver com uma plataforma de inovação e também como pretendemos ajudar a atender melhor nossos clientes, em como eles podem trabalhar em questões como sequestro de carbono e sustentabilidade. E assim como nossa reunião que está acontecendo, muito trabalho está acontecendo virtualmente, e todos nós aprendemos que é possível fazer isso e que tem ajudado as organizações a acelerar a digitalização dos processos internos.

Eu sei que o meu time está focado em como aumentar a velocidade de vendas e como ter melhores decisões com o uso de ferramentas digitais. Nós temos implementado sistema de inteligências artificiais em nosso programa de reprodução, inteligência artificial em como decidimos nossa programação de descobertas de químicos. Esses são alguns poucos exemplos de como a Covid, de algum modo, tem acelerado a mudança em nosso jeito de pensar. E no outro lado da equação, nós realmente estamos animados com o que nós realmente acreditamos ser importante, que é ajudar nossos consumidores em termos de manter a agricultura o mais limpa possível e continuar a trabalhar em intensificar o que podemos produzir em um mesmo espaço. E também a trabalhar com produtores e outros a ajudá-los a encontrar um jeito de remunerar financeiramente nossos consumidores com algo mais que apenas os grãos que eles colhem. Então, nós viemos montando um modelo de crédito de carbono, juntamente na América do Sul e América do Norte, com um grupo seleto de consumidores para tentar ver como podemos construir uma oportunidade para os consumidores serem financeiramente reconhecidos por fazerem ações de sustentabilidade e que ajudam a conter as mudanças climáticas.

E esses são só alguns destaques de muitas outras ações em que temos trabalhado juntamente com os nossos parceiros estratégicos em outras áreas.

DO: Na sua opinião, as ações de sustentabilidade vão ajudar a garantir a segurança alimentar e a combater a fome global?

BR: Sim, eu acho que as duas coisas podem ser compatíveis. Nós precisamos continuar a produzir mais, nós temos uma população mundial crescente que vai necessitar de cada vez mais comida. E nós precisamos minimizar o impacto do uso de recursos para que nós possamos ter um planeta saudável. Nós precisamos ter um suprimento de alimentos saudáveis para ajudar a alimentar o mundo. E nós precisamos também assegurar que teremos um planeta saudável para viver. E essas duas situações podem acontecer por meio de mais inovações em tecnologia para a agricultura.

DO: E sobre os custos para realizar essa sustentabilidade? Isso vai afetar os preços para a população faminta?

BR: Eu penso que, se olhar para os trabalhos mais recentes que temos feito, como por exemplo sequestro de carbono, as práticas que temos incentivado os produtores a adotarem ou usarem mais extensivamente, elas não só ajudam nas questões de mudanças climáticas, nesses caso sequestro de carbono,  mas elas realmente aumentam a produtividade também, porque são grandes contribuidores para a saúde do solo, que é um ingrediente chave para ser ter uma colheita abundante. Portanto, eu não acho que sejam incompatíveis, acho que são bem compatíveis. Se eu penso no trabalho que nós temos feito no digital, muito do que temos tentado fazer, como por exemplo em produtos de proteção de lavouras, tem ajudado nossos clientes ao uso mais eficiente e com mais precisão. Usando quando realmente precisam e somente onde são necessários. Então, penso que estas situações trabalham juntamente em termos de prover sustentabilidade e para que o produtor possa ter mais sucesso sobre o ponto de vista econômico.

DO: Você acredita que o Vitala, o novo milho de baixa estatura que estão testando, é um exemplo de produto de será usado para melhorar a sustentabilidade?

BR: Absolutamente! Eu acho que o Vitala sinaliza e representa que nós podemos trazer melhorias em produção como o milho e criar uma planta ou uma arquitetura de planta que realmente possa contribuir para a sustentabilidade. E eu realmente acredito que isso tem sido feito em duas vias: primeiro assegurar os produtores a terem uma safra cheia, reduzindo perdas como as causadas por acamamento. Esse ano tivemos fortes vendavais em partes do EUA e vimos imagens de campos completamente acamados onde efetivamente toda planta de milho estava derrubada. E ao lado nós tínhamos as áreas de testes com nosso milho de baixa estatura, onde a maioria das plantas permanecia de pé. Portanto, o produtor vai poder aproveitar a sua colheita. Ao mesmo tempo, temos evidências de que algo positivo aconteceu abaixo do solo do milho de baixa estatura, como um sistema de raízes mais fortes e profundas. Nós vamos continuar nossas pesquisas, mas eu acredito fortemente que nós veremos benefícios com a planta sendo mais eficiente, captando mais água quando as acontecem secas e sendo mais eficiente em captar mais nutrientes. E esses dois pontos terão um grande impacto na produção com sustentabilidade.

DO: E talvez uma diminuição nos custos...

BR: Isso é sempre parte da meta para os produtores. E parte da economia da produção é como você gere a sua produção com mais eficiência e como consegue ter mais produtividade e geração de lucros. Normalmente, quando trazemos novas tecnologias ao mercado são para ajudar o produtor a fazer as duas coisas. Muitos de nossos produtos que introduzimos ao mercado têm uma oportunidade de diminuição de custos e aumento de produtividade.

DO: Nós vimos que, nesses últimos meses, a imagem do Brasil tem tido algumas dificuldades perante a sociedade internacional. Como a Bayer pode ajudar a agricultura brasileira a melhorar sua imagem no mercado internacional?

BR: Essa é uma grande questão e é algo que temos trabalhado para tentar ajudar, porque essas mesmas questões sobre o que está acontecendo com a agricultura brasileira são, como eu diria, as mesmas declarações erradas e desinformadas sobre a agricultura em geral. Porque nós acreditamos que a agricultura que é praticada no Brasil é, com certeza, uma vanguarda em como a agricultura deve ser praticada com sucesso e sustentabilidade. Acho que o que temos que fazer é ajudar a educar e explicar o que realmente tem acontecido na agricultura, particularmente, quando é dito que estamos produzindo toda essa soja e destruindo a floresta tropical e que está levando a um impacto negativo nas mudanças climáticas. Como se sabe, as leis no Brasil ditam que para se produzir é preciso separar uma parte da propriedade que deve ser mantida em seu estado natural. O Brasil tem uma das melhores leis ambientais e eu acho que nós, como uma companhia e com nossa posição na Europa, devemos estar nessas conversas com influenciadores que possam ajudar a corrigir a história. E eu acho que podemos ajudar nisso.

DO: Gostaria de voltar a falar novamente sobre sustentabilidade e seu valor. Como podemos valorizar a sustentabilidade diante de todas essas ideias e investimentos?

BR: Eu acredito que há alguns diferentes meios. Em primeiro lugar, eu acredito que em alguns momentos produtores serão corretamente pagos por realizarem ações de sustentabilidade. E eu volto ao exemplo do sequestro de carbono. Então, eu acredito que há um reconhecimento financeiro ligado diretamente ao produtor rural. Eu acho que o outro lado da sustentabilidade é que de que ela irá se tornar parte da expectativa de como devemos melhorar a produção agrícola. E eu considero que os produtores vão adotar essas práticas não só porque são boas para sustentabilidade, mas também porque irá ajudar o aumento da produtividade. Acho que veremos a sustentabilidade não sendo tida como algo extra a ser feito, mas como algo que certamente vai ajudar a melhorar a economia direta ou indiretamente da produção através de benefícios aos custos ou à qualidade, em termos de produção.

DO: Qual mensagem você poderia deixar aos internautas do nosso site, o que poderia dizer aos produtores brasileiros que enfrentam os desafios de produzir alimentos com sustentabilidade e para a população cada vez mais faminta?

BR: Primeiramente, eu diria para continuarem como o bom trabalho. Uma das melhores práticas de conservação de solo que acontece no Brasil é o plantio direto, e eu acho que as pessoas não reconhecem a quantidade de áreas que não são aradas hoje no Brasil em larga escala e em produção. O Brasil é um dos países que adota mais rapidamente as novas tecnologias pelos produtores e essas são as ações corretas que devemos continuar vendo acontecer. E é muito bom ver a agricultura brasileira na vanguarda nessa área de como produzir melhor para alimentar o planeta e ao mesmo tempo como nós produzimos melhor e protegemos o planeta.  Meu conselho é para que continuem adotando novas tecnologias e continuem fazendo aquilo que já vêm fazendo bem.

DO: Obrigado Bob pelo seu tempo e por falar novamente com nossos internautas. Até a próxima!

BR: Muito obrigado e tenham um bom dia!

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Por:
Daniel Olivi
Fonte:
Notícias Agrícolas

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