Desconto do frio, que tira 2% dos pecuaristas gaúchos, vai acabar na barra dos tribunais. A ver!!!

Publicado em 24/11/2020 15:45 e atualizado em 24/11/2020 17:10
Tempo & Dinheiro - Com João Batista Olivi
acompanhe a íntegra do Tempo&Dinheiro desta terça-feira, 24 de novembro/20, com apresentação de João Batista Olivi
Lauro Sagrilo, do Sindicato Rural de Santiago, espera que a votação seja aberta (e não secreta)

A batalha pelo fim do desconto do frio (uma taxa de 2% que os frigorificos cobram dos pecuaristas gauchos) poderá ser decidida nos tribunais nesta sexta-feira, às 14 horas, se os presidentes dos sindicatos do Rio Grande do Sul decidirem pela judicialização da cobrança. Essa é a intenção das lideranças do movimento pelo fim da cobrança, por ser uma taxa só cobrada no Estado do Rio Grande do Sul (e assim chamada de "jabuticaba" gaúcha) devido ao inusitado da cobrança.

Lauro Sagrilo, diretor do sindicato de Santiago, conta ao Tempo&Dinheiro que esta cobrança é injusta e insustentável, baseada tão somente em fatos acontecidos no seculo passado quando a carne era transportada em lombo de burros e, para tanto, era recoberta com placas de gelo para não se deteriorarem. Na época os frigorificos cobravam essa taxa de 2% pelo "custo do gelo", e o valor ficou mantido até os dias atuais.

"- Nesta sexta-feira vamos decidir se o desconto vai aos tribunais. Esperamos vencer". 

Para tanto o médico-veterinário de Santiago espera que a reunião, via internet, seja aberta para que todos possam acompanhar os argumentos prós e contras". 

(Acompanhe o depoimento acima).

Cenário de preços favorece agricultor mas aperta setor de carnes do Brasil, diz Itaú BBA

LOGO REUTERS

SÃO PAULO (Reuters) - Os preços de soja e milho deverão seguir em patamares elevados no próximo ano, com um aperto na oferta impulsionando as margens de agricultores, mas desafiando produtores de carnes do Brasil, notadamente do setor de frango, e aqueles que fazem confinamento bovino, disseram analistas do Itaú BBA nesta terça-feira.

"No mercado de grãos, não tem nada tão bom que não possa melhorar, e vai para outra safra muito positiva do ponto de vista de preços, mas também do ponto de vista da relação de trocas", disse o superintendente de Agronegócios do Itaú BBA, Guilherme Pessini, lembrando que a soja teve dobradas as cotações em reais no último ano, enquanto o petróleo, que influencia nos custos, está mais fraco.

Essa situação de alta nos grãos --usados como matéria-prima para a ração-- que deverá continuar em 2021, leva a uma preocupação para a indústria de proteínas animais, ponderou ele durante conferência de imprensa.

Do lado das commodities agrícolas, a China continua realizando firmes compras de soja, reduzindo o excedente exportável dos Estados Unidos, enquanto o Brasil (maior produtor e exportador global do grão) lida com um clima irregular que já atrasou o plantio.

Isso resultará em um início de colheita mais tardio, prolongando um aperto da oferta até o final de janeiro, quando o volume de grãos colhidos deve aumentar. Além disso, há preocupações com o impacto do La Niña para as lavouras do Sul brasileiro e Argentina.

Isso "joga responsabilidade para a safra" brasileira, disse o gerente de Consultoria de Agronegócios do Itaú BBA, Guilherme Bellotti.

Ele lembrou que a América do Sul tem enfrentado problemas climáticos em meio a um La Niña e, apesar da aceleração do plantio de soja no Brasil nas últimas semanas, isso aumentou a concentração da safra em um mesmo estágio, o que eleva riscos em caso de alguma intempérie climática.

A bolsa de Chicago atingiu recentemente os maiores valores em mais de quatro anos, próximos de 12 dólares por bushel, impulsionado por temores quanto à oferta da safra sul-americana.

No mercado de milho, a história é semelhante à da soja. Ele disse que não há muito "espaço para que os preços caiam até a entrada da segunda safra do Brasil", quase na metade do ano que vem, quando chega a maior colheita brasileira do cereal.

No segundo semestre de 2021, há possibilidade de recuo nas cotações do milho, mas isso ainda estará condicionado ao tamanho da segunda safra, que será plantada mais tarde com o atraso da soja, o que eleva risco de eventual falta de chuva.

DESAFIOS PARA CARNES

No caso da indústria de frango, a alta do produto foi insuficiente para fazer frente ao custos com a ração, o que fez com que o resultado das granjas ficasse negativo em meio a preços recordes da soja e do milho.

O consultor de Agronegócios do Itaú BBA, César de Castro Alves, disse ainda que a avicultura sofreu o impacto da queda do petróleo, que afetou a demanda por carnes do Oriente Médio, grande importador de aves do Brasil.

"Então a exportação não foi capaz de segurar o setor, e no mercado doméstico os preços ficaram defasados em relação ao dianteiro bovino e a carne suína", comentou.

"Ou o setor aumenta os volumes de exportação no próximo ano, ou o ideal seria reduzir um pouco a produção para fazer frente aos custos elevados", disse ele, lembrando que o fim do auxílio emergencial também afetará a demanda interna.

Para os segmentos de carne bovina, a situação é um pouco melhor, mas há riscos relacionados aos altos custos dos bezerros enquanto pecuaristas retêm fêmeas diante de preços recordes da arroba bovina.

"A gente enxerga uma possível continuidade desse quadro no próximo ano, isso faz com que produtores segurem as fêmeas, e no final do dia isso significa menos ofertas para frigoríficos", afirmou.

Para o ano que vem e para o próximo, acrescentou, o desafio do pecuarista vai ser fazer com que "bezerro caro" não encontre um boi gordo desvalorizado, o que pode comprimir margens do produtor.

O especialista citou ainda que, para a indústria, a situação atual é diferente da vista no ano passado, quando havia mais espaço para repasses de preço da carne no mercado interno.

"Passamos para 2021 com muitas incertezas na economia, dificuldade de repasses adicional, e a não continuidade do auxílio emergencial é um desafio, com um boi gordo valorizado e a necessidade de repassar preços, mas talvez sem o anabolizante que foi o auxílio emergencial."

Para o setor de carne suína, os embarques recordes em 2021, que devem atingir 1 milhão de toneladas, deixam o setor no positivo.

De acordo com Alves, a forte demanda da China, que busca recompor a oferta afetada pela peste suína africana, "construiu uma ambiente de elevação de preços que gerou margens espetaculares".

Segundo ele, o setor de suínos deve aumentar a produção em 5%, enquanto as exportações estão crescendo 40% no ano.

Plantio de soja no Paraná vai a 97% da área, mas mantém atraso; milho verão é concluído

LOGO REUTERS

SÃO PAULO (Reuters) - O plantio de soja 2020/21 no Paraná atingiu 97% da área estimada, mantendo leve atraso frente ao mesmo período do ano passado, enquanto as lavouras com boas condições também seguem abaixo do nível visto na temporada anterior, informou nesta terça-feira o Departamento de Economia Rural (Deral).

Segundo os dados do órgão do governo paranaense, mesmo com um avanço semanal de cinco pontos percentuais, a semeadura da oleaginosa fica abaixo do patamar visto nos últimos quatro anos, de 98% neste momento, e no histórico recente supera apenas o resultado de 2015, quando o plantio atingia 91% em igual período.

Em relação à condição das lavouras, o Deral apurou 72% em bom estado, ante 70% na semana passada. O percentual de áreas consideradas ruins, porém, também avançou no período, de 3% para 4%. No mesmo momento de 2019, havia 77% de lavouras em boa condição e 4% classificadas como ruins.

O departamento reportou ainda que 6% das lavouras estavam em fase de floração até segunda-feira, ante 11% no mesmo momento da safra passada, enquanto 85% se mantinham em desenvolvimento vegetativo, versus 84% em 2019/20.

O Deral divulgará na quinta-feira novas atualizações de área, produção e comercialização para a safra no Paraná, que tem enfrentado chuvas irregulares na atual temporada.

Em outubro, o órgão havia projetado a safra do Estado --o segundo maior produtor de soja do Brasil, atrás somente de Mato Grosso-- em 20,5 milhões de toneladas, queda de 1% na comparação anual.

MILHO

Além do desenrolar do plantio da soja, o Deral reportou nesta terça-feira o fim da semeadura da safra de verão de milho, que avançou dois pontos percentuais na semana e atingiu 100% da área projetada com 76% das lavouras em condições boas.

O plantio do cereal também registrou a conclusão mais tardia desde a safra 2015/16.

"Milho, plantio encerrado. Chuvas durante o mês de novembro foram capazes de manter estáveis as condições de lavoura", disse o especialista Edmar Gervásio, do Deral, acrescentando que a expectativa de produção ainda não deve ter mudanças.

Em outubro, o departamento via a primeira safra de milho em 3,46 milhões de toneladas, queda de 3% ante a safra passada.

Cafeicultor pode ter dificuldade na entrega, se safra 2021 cair muito, diz Itaú BBA

LOGO REUTERS

SÃO PAULO (Reuters) - Aquele produtor de café do Brasil que se empolgou com vendas antecipadas para 2021 pode ter dificuldades para cumprir entregas, caso a safra do próximo ano tenha uma quebra expressiva ou problemas de qualidade como alguns comentam, avaliou nesta terça-feira um especialista do Itaú BBA.

O banco de investimentos trabalha com cenários que apontam uma quebra de 14% e 21% na próxima temporada (2021/22), em função de chuvas inferiores à média e do ano de baixa no ciclo bienal de produção do grão arábica.

"O sul de Minas (principal região produtora) foi muito castigado, se ele (produtor) vendeu 50% (antecipadamente), ele vai passar um 'calor'. É mais neste sentido que pode ter alguma dificuldade", afirmou o consultor de Agronegócios do Itaú BBA, César de Castro Alves, durante evento online com jornalistas.

Contudo, o especialista disse que os produtores não comercializaram nem um terço da próxima safra, ainda que o movimento de vendas antecipadas tenha sido expressivo para o ciclo deste ano com impulso do câmbio --no caso de 2020, 70% da produção já está vendida.

"Arriscaria a dizer que não deve chegar a 30%", disse ele, supondo o percentual de vendas futuras referente à colheita do ano que vem.

"(Isso) preocupa em princípio um pouco, mas a gente sabe que tem produtores que podem exagerar na dose (de vendas)", afirmou ele, lembrando que ainda é cedo para apontar o tamanho da redução de colheita do Brasil em 2021 ante 2020, quando o país teve uma de suas melhores temporadas.

Ele disse ainda que, no café, a venda do produto também envolve a qualidade do grão, o que pode adicionar uma dificuldade para cumprimento da entrega.

"E parece que vai ter algum problema", afirmou, apontando floradas "desorganizadas" pelas chuvas irregulares.

"Pode ser que tenhamos uma safra de qualidade um pouco pior, ele (produtor) até consegue colher, mas não tem condições de entregar. Se a qualidade for um pouco pior, essa dificuldade pode vir daí também", ponderou.

O especialista conjecturou que, se o quadro da quebra de safra não for "tão catastrófico", eventuais problemas de entregas do produto já comercializado seriam menores.

Tradicionalmente, lembrou Alves, os cafeicultores não negociam volumes tão expressivos da safra futura, como o setor de grãos, que já comercializou mais de 50% da colheita de soja antes mesmo de o plantio ter sido encerrado, por exemplo.

Embora o Brasil tenha colhido uma grande safra de café e esteja com armazéns cheios, o quadro de oferta é mais apertado em 2021, comentou Alves, o que "pode criar espaço para preços mais firmes".

Setor de açúcar do Brasil terá desalavancagem com maior geração de caixa, diz Itaú BBA

LOGO REUTERS

SÃO PAULO (Reuters) - O setor de açúcar e etanol do Brasil está em uma fase de redução da alavancagem com aumento forte das receitas, especialmente por boas vendas antecipadas fechadas para exportação do adoçante com um câmbio favorável, e deve ainda ser capaz de realizar investimentos, avaliaram nesta terça-feira especialistas do Itaú BBA.

"Estamos em ano de importante desalavancagem, a receita vai crescer mais rápido que investimentos, a receita cresce bastante, a geração de caixa cresce bastante, investimento crescendo de forma mais comedida em relação ao ano passado até porque o ano foi desafiador (pela pandemia)... (mas) é um ano de importante desalavancagem", disse a jornalistas o diretor de Agronegócios da instituição financeira, Pedro Fernandes.

Segundo o executivo, o bom momento para o setor deve se estender para os próximos anos, com base no elevado patamar de antecipação nas vendas.

"Assim como a próxima safra também será (de desalavancagem), o câmbio deve ficar relativamente estável no ano que vem, o setor estará bem financeiramente em março de 2021 e estará bem em março de 2022, e dado o nível de fixação futura, independentemente de eventuais oscilações de preço do açúcar, acho que são anos em que o setor se recapitaliza", acrescentou.

Ele disse que o preço da cana "vai subir um pouco, mas a receita cresce mais", o que favorece a geração de caixa e a capacidade de aumentos de investimentos e desalavancagem.

"Nesta safra, veremos um aumento de receita de duplo dígito, vemos as empresas gerando muito mais caixa", afirmou Fernandes, citando custos "controlados" de diesel e mão de obra na safra atual (2020/21).

"Tem uma sobra importante de recursos aqui."

Na safra 2019/20, um levantamento do Itaú BBA com 59 grupos do centro-sul, que representam moagem de quase 350 milhões de toneladas, apontou aumento na receita líquida para 61,8 bilhões de reais, ante 55,5 bilhões na temporada anterior.

A geração de caixa medida pelo lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) foi apontada em 15 bilhões de reais em 2019/20, ante 12,3 bilhões no ciclo anterior.

Já o investimento aumentou para 10,3 bilhões de reais, o maior nível de capex em sete safras, ante 8,3 bilhões de reais em 2018/19.

Segundo Fernandes, isso foi feito via geração de caixa, o que mostra um cenário em que parte do setor deixou de "se servir dos ativos" para uma fase de extrair o máximo das unidades, via investimentos.

A dívida líquida aumentou 13% entre a safra 2018/19 e a 2019/20, para 51 bilhões de reais, mas o diretor do Itaú BBA afirmou que isso é explicado pela variação cambial, com muitos grupos ainda carregando endividamento em dólar.

De outro lado, lembrou ele, o Ebitda aumentou mais de 20%, ou seja, mais que o endividamento.

O Itaú BBA dividiu os grupos de usinas entre aquelas mais resilientes e aquelas ainda em situação financeira pior, e destacou que a maior parte dos investimentos, ou quase 8 bilhões de reais, foram realizados pelos grupos A e B.

"Setenta por cento desses grupos A e B já estão em expansão... estão agregando valor à atividade, de começar a pisar no acelerador, é um ótimo sinal...", afirmou ele.

O executivo apontou ainda que o mundo está caminhando na safra 2020/21 para o terceiro déficit de açúcar no mercado consecutivo, um cenário construtivo para preços.

M&A

"Os preços do açúcar seguem atraentes para partir para investimentos, o que explica a animação do setor", concluiu Fernandes.

Sobre fusões e aquisições (M&A) do setor, ele disse acreditar que, muito mais que um ciclo de consolidação, "vamos ver uma história de consolidação mais regional".

"Apesar dos preços remuneradores, não vemos um movimento grande dos grupos saírem de sua área de atuação, com movimentos agressivos, é muito mais aumentar um pouco o ritmo de capacidade de moagem", comentou.

Já segue nosso Canal oficial no WhatsApp? Clique Aqui para receber em primeira mão as principais notícias do agronegócio
Tags:
Fonte:
Notícias Agrícolas

RECEBA NOSSAS NOTÍCIAS DE DESTAQUE NO SEU E-MAIL CADASTRE-SE NA NOSSA NEWSLETTER

Ao continuar com o cadastro, você concorda com nosso Termo de Privacidade e Consentimento e a Política de Privacidade.

0 comentário