Revelado o golpe branco contra Bolsonaro, um dos motivos das mudanças na cúpula das Forças Armadas

Publicado em 01/04/2021 15:47 e atualizado em 01/04/2021 16:23
Tempo & Dinheiro - Com João Batista Olivi
Edição desta quinta-feira, 1.o de abril de 2021, com João Batista Olivi

Braga Netto anuncia os novos comandantes das Forças Armadas; saiba quem são

Bolsonaro demitiu Fernando Azevedo; Também substituiu os comandantes (no Poder360)

O ministro da Defesa, general Walter Souza Braga Netto, anunciou nesta 4ª feira (31.mar.2021) os nomes dos novos comandantes das Forças Armadas.

São eles:

  • Exército – Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, general;

  • Marinha – Almir Garnier Santos, almirante de esquadra;

  • Aeronáutica – Carlos de Almeida Baptista Junior, tenente-brigadeiro do ar.

Em declaração de 2 minutos feita a jornalistas (íntegra – 482 KB), Braga Netto afirmou que o desafio deste momento é o combate à covid-19. “As Forças Armadas são fatores de integração nacional e têm contrbuído diuturnamente nessa tarefa“, disse.

Assista (2min46seg):

O ministro declarou ainda que “a Marinha do Brasil, o Exército Brasileiro e a Força Aérea Brasileira se mantêm fiéis às suas missões constitucionais de defender a pátria, garantir os poderes constitucionais e as liberdades democráticas“. Completou afirmando que “o maior patrimônio de uma nação é a garantia da democracia e a liberdade do seu povo“.

O novo comandante do Exército, general Paulo Sérgio Nogueira, era chefe do Departamento-Geral de Pessoal do Exército desde 2018 e o 5º mais antigo da lista de possíveis indicados. Nasceu em 28 de agosto de 1958, em Iguatu (CE). Entrou no Exército em abril de 1974.

Em entrevista ao jornal Correio Braziliense em 29 de março, Nogueira afirmou que a taxa de mortalidade por covid-19 do Exército era de apenas 0,13%, enquanto na população brasileira era de 2,5%. O general disse que a força adotou distanciamento social, uso de máscaras, isolamento e testagem em massa. Declarou ainda: “As baixas que temos todos os dias [por causa da pandemia] são números de guerra”.

O almirante de esquadra Almir Garnier Santos, novo comandante da Marinha, era o 2º mais antigo da lista tríplice analisada por Braga Netto. Garnier nasceu em 22 de setembro de 1960, em Cascadura, no Rio de Janeiro. No Ministério da Defesa, atuou como assessor especial militar dos ministros Celso Amorim, Jaques Wagner, Aldo Rebelo e Raul Jungmann. Era secretário-geral da pasta até assumir o posto nesta 4ª feira.

Assume a Aeronáutica o tenente-brigadeiro do ar Baptista Junior. Ele atuava como comandante-geral de apoio (logística) da FAB (Força Aérea Brasileira). Segundo a FAB, o tentente-brigadeiro é carioca, está na corporação desde 3 março de 1975 e tem os cursos de planejamento orçamentário e financeiro e de especialização em política e estratégia.  Tem no currículo cerca de 4.. horas de voo, sendo 2.200 horas em aeronaves de caça, além de 24 condecorações nacionais.

O presidente Jair Bolsonaro divulgou uma foto com os novos comandantes e com o ministro da Defesa em sua página oficial no Facebook:

COMANDANTES SUBSTITUÍDOS

O governo informou na 3ª feira (30.mar) que os então comandantes das Forças Armadas deixariam os cargos. Foram substituídos Edson Leal Pujol, do Exército; Ilques Barbosa, da Marinha; e Antônio Carlos Bermudez, da Aeronáutica. A decisão foi divulgada em nota enviada pelo Ministério da Defesa (íntegra – 528 KB).

O Ministério da Defesa (MD) informa que os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica serão substituídos. A decisão foi comunicada em reunião realizada nesta terça-feira (30), com presença do Ministro da Defesa nomeado, Braga Netto, do ex-ministro, Fernando Azevedo, e dos Comandantes das Forças“, escreveu a pasta.

A saída dos comandantes militares ocorreu no dia seguinte à demissão de Fernando Azevedo e Silva do Ministério da Defesa.

O presidente Jair Bolsonaro demonstrou a seus assessores descontentamento com a condução do Exército por Pujol. O comandante, na avaliação do presidente, superdimensionou a pandemia de covid-19. Além disso, o general defendeu que as Forças Armadas não são instituição partidária nem de governo, indicando que militares devem se afastar das tarefas políticas.

Em novembro do ano passado, o presidente Jair Bolsonaro disse que concordava com a declaração do comandante do Exército. Mas, internamente, indicava contrariedade com as declarações de Pujol.

Somadas as discordâncias, a demissão de Fernando Azevedo e Silva foi o estopim para a saída de Pujol e dos outros comandantes do cargo.

BRAGA NETTO NA DEFESA

O ex-ministro da Casa Civil, general Walter Souza Braga Netto, assumiu como titular do Ministério da Defesa na reforma ministerial feita pelo presidente Jair Bolsonaro na 2ª feira (29.mar). Já há algum tempo o chefe do Executivo pensava em substituir o general Fernando Azevedo e Silva na pasta. A informação foi apurada pelo Poder360.

A troca no Ministério da Defesa foi anunciada no começo da tarde desta 2ª feira (29.mar). Em curta nota, Azevedo e Silva informou que estava deixando a Esplanada dos Ministérios. Ele saiu horas depois de o ministro de Relações Exteriores, Ernesto Araújo, pedir demissão, depois de ser alvo de pressão de congressistas, inclusive de apoiadores do governo.

Indicado para o cargo pelo ministro Dias Toffoli, do STF (Supremo Tribunal Federal), Azevedo e Silva nunca teve afinidade total com a política desejada pelo Planalto. Para a Casa Civil, no lugar de Braga Netto, foi o general Luiz Eduardo Ramos, ex-chefe da Secretaria de Governo e responsável pela articulação política do Planalto com o Congresso.

Governo faz 5ª troca de comando da Funarte e demite coronel

Saída foi publicada no Diário Oficial; Holanda ocupou cargo por 7 meses (no Poder360)

O coronel Lamartine Barbosa Holanda foi o 5º a chefiar a Funarte durante o governo do presidente Jair Bolsonaro

O governo federal demitiu, nessa 4ª feira (31.mar.2021), o coronel da reserva do Exército, Lamartine Barbosa Holanda, do cargo de presidente da Funarte (Fundação Nacional de Artes), órgão vinculado à Secretaria Especial de Cultura do Ministério Turismo.

A exoneração (expressão própria do serviço público para desligamentos) de Holanda foi publicada em portaria no Diário Oficial da União. Eis a íntegra (58 KB).

O coronel da reserva ocupou o posto por cerca de 7 meses. Assumiu em setembro de 2020. Ele foi o 5ª presidente da Funarte durante o governo do presidente Jair Bolsonaro.

Antes de Holanda, ocuparam o cargo Dante Mantovani (por duas vezes), Luciano da Silva Querido e Miguel Proença. O governo ainda não definiu quem ocupará a presidência da fundação depois do coronel da reserva.

NOMEAÇÃO DE BLOGUEIRA

Um dos problemas enfrentados por Holanda no cargo foi a judicialização da nomeação da blogueira Monique Baptista Aguiar para o cargo de coordenadora de Projetos Especiais. A indicação foi alvo de ação civil pública movida pelo MPF (Ministério Público Federal) em janeiro deste ano.

De acordo com argumento dos procuradores da República Sergio Gardenghi Suiama e Daniel de Alcântara Prazeres, ela não tinha qualificação para o trabalho. Eis a íntegra (1,1MB). Monique é influenciadora digital e autora do blog “Com olhar Turístico”, além de produzir conteúdo para o YouTube e Instagram, redes em que reúne 33.000 seguidores.

Prefeito de Curitiba quer multar quem dá comida a pessoa em situação de rua

Encaminhou projeto à Câmara; Multa pode chegar a R$ 550 (Poder360)

Distribuição de comida em Curitiba. Prefeito quer multar quem não seguir parâmetros para ação

O prefeito de Curitiba, Rafael Greca (DEM), encaminhou à Câmara Municipal um projeto de lei que estabelece multa a quem distribuir alimentos a pessoas em situação de rua.

A proposta foi enviada ao Legislativo na 2ª feira (29.mar.2021), e está em tramitação na Casa.

Segundo o projeto, “distribuir alimentos em desacordo com os horários, datas e locais autorizados pelo Município de Curitiba” será considerado infração administrativa. A multa prevista para quem desobedecer a lei varia de R$ 150 a R$ 550.

O texto formaliza o “Mesa Solidária”, programa de atendimento à população em situação de vulnerabilidade social, e regulamenta procedimentos para a distribuição de alimentos a essas pessoas. As ações do programa já são desenvolvidas pelo município.

Greca justifica a proposta afirmando que a distribuição de alimentos é feita diretamente na rua, por instituições de caridade e sem “parâmetros organizacionais”.

“Se observou em certas ocasiões divergências entre oferta exacerbada/carência relacionadas a procura, acarretando em desperdício de alimentos, e, em outras circunstâncias, escassez. Nestes moldes gera-se acúmulo de resíduos orgânicos e rejeitos nas vias públicas, ocasionando a proliferação de pragas e vetores urbanos, e, consequentemente, trazendo riscos à saúde da população em situação de rua”.

De acordo com nota da Prefeitura de Curitiba, o projeto de lei cria um “marco regulatório” para garantir “eficiência e adequação sanitária” à distribuição de alimentos.

“A participação da sociedade civil organizada é assegurada, mas precisa ser regulamentada e seguir as boas práticas de segurança alimentar para evitar riscos biológicos, químicos e físicos a um grupo populacional já exposto a agravos de saúde, que são as pessoas em situação de rua”, afirmou o secretário municipal de Segurança Alimentar e Nutricional, Luiz Gusi.

Em carta, o Movimento Nacional da População de Rua afirma que o projeto é “absurdo” e que foi uma atitude “leviana” da prefeitura e de vereadores “que coadunam com a ideia de tentar coibir aqueles que fazem o que podem para atenuar o sofrimento alheio”. “Em meio a tantos problemas, tantas demandas não cumpridas, tantas possibilidades efetivas de resolver de forma eficaz o problema, a atitude é esta: proibir e penalizar quem faz”, diz o documento, assinado por mais de 50 entidades.

Justiça derruba liminar que suspendia a reabertura do comércio no DF

Reabriu na 2ª feira (29.mar); Mas foi impedido no dia seguinte; Nova decisão garante retomada

O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha

O TRF-1 (Tribunal Regional Federal da 1ª Região) derrubou, nesta 4ª feira (31.mar.2021) a liminar que suspendia a reabertura do comércio do Distrito Federal a partir desta 5ª feira (1º.abr). Ainda cabe recurso.

Com a decisão da juíza federal Ângela Catã, o comércio de Brasília poderetomar suas atividades conforme o governador Ibaneis Rocha (MDB) oficializou na 2ª feira (29.mar), que flexibiliza o horário do comércio e mantém o toque de recolher.

De acordo com a juíza, não é competência do Judiciário, e sim do poder executivo do DF, estabelecer os protocolos sanitários e definir o momento ideal para retomada do comércio. Na decisão, Catã afirmou que a Justiça deve atuar apenas quando houver inconstitucionalidade e ilegalidade nas ações do GDF (Governo do Distrito Federal).

“Ressalta-se, novamente, que tais decisões administrativas só poderão ter seu mérito alterado pelo Poder Judiciário quando ausentes os requisitos autorizadores para tanto, ou seja, quando demonstrada a ocorrência de ilegalidade ou inconstitucionalidade”, diz a magistrada.

Em sua decisão, a desembargadora diz que as ações referentes à pandemia de coronavírus “compete ao Distrito Federal para a retomada controlada das atividades econômicas, com prejuízo –inclusive à saúde– da população mais vulnerável”. Até esta 4ª feira, o DF registrou com 6.029 mortes por covid-19 e 344.364 casos no total.

Presidente do Senado critica falta de coordenação com entes federados para combate à pandemia

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BRASÍLIA (Reuters) - O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), criticou nesta quinta-feira, em reunião com prefeitos, a falta de coordenação e articulação com Estados e municípios para o combate à pandemia de Covid-19.

O senador participou na manhã desta quinta de videoconferência do Consórcio Nacional de Vacinas das Cidades Brasileiras (Conectar) e representantes da Frente Nacional de Prefeitos (FNP), que defenderam a importância da participação dos municípios no comitê de combate à Covid-19 recentemente criado, um ano após o início da pandemia no Brasil.

"Não há nada pior num momento desse do que a desarticulação, a falta de coordenação", disse Pacheco logo na abertura de sua fala na reunião.

"E o Brasil revelou, infelizmente, a partir dessa falta de coordenação, algo que nós não podíamos ter feito. Era preciso ter coordenado desde o início todos os entes federados para poder enfrentarmos da melhor forma possível essa pandemia", acrescentou.

O Comitê de Coordenação Nacional para Enfrentamento da Pandemia da Covid-19 é formalmente comandado pelo presidente Jair Bolsonaro, e conta com a participação dos presidentes do Senado e da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), além do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga.

Pacheco explicou que a intenção inicial da criação do grupo partiu da tentativa de fazer com que o presidente da República pudesse coordenar e sentar à mesa com os demais Poderes para a articulação de ações, além do simbolismo de demonstrar uma união das instituições. O senador falou ainda da expectativa que o comitê possa dar o exemplo inclusive de medidas de proteção sanitária, como o uso de máscaras, algo que vai na contramão de declarações já proferidas por Bolsonaro.

Na véspera, no entanto, depois da reunião, Bolsonaro voltou a atacar as medidas restritivas de circulação adotadas por prefeitos e governadores com o objetivo de frear a disseminação do coronavírus.

O presidente da FNP, Jonas Donizette, sugeriu que dois prefeitos pudessem participar do grupo.

"Seria um prefeito de capital e outro que represente as médias e grandes cidades. A ideia é ajudar, somar, como é o propósito também do Consórcio Conectar, que a FNP liderou", explicou Donizette.

Pacheco não descartou a possibilidade de inclusão de prefeitos e governadores no grupo, e a considerou "razoável". Na divisão de tarefas do comitê coube a Pacheco a interlocução com governadores.

Sobre o temor de prefeitos a respeito da possibilidade de aquisição de vacinas por parte do setor privado, o que poderia deixar o setor público em desvantagem comercial, Pacheco afirmou que levou o tema à reunião do comitê e pediu ao ministro da Saúde que pudesse ter "toda a atenção" ao assunto.

O senador argumentou que existe uma "lógica ética" no projeto de sua autoria, que virou lei, para determinar que as vacinas compradas pelo setor privado sejam doadas ao Sistema Único de Saúde (SUS) até que toda a população de risco seja imunizada.

Para ele, iniciativas para flexibilizar essa regra o preocupam porque "há o risco de haver algum tipo de concorrência até desleal, porque a iniciativa privada, em razão do livre mercado, vai adquirir essas vacinas por preços maiores, preços mais altos". Pacheco questionou ainda "se isso não afetaria o cronograma de entrega para o poder público".

O parlamentar admitiu ainda que o país demorou a preparar a imunização de sua população, mas afirmou que tem feito o que considera possível assim que assumiu a presidência do Senado.

"Obviamente nós temos que reconhecer: o Brasil atrasou esse processo, atrasou esse cronograma, nós estamos correndo atrás do tempo nesse momento", comentando, também o atraso na instituição do comitê.

Pacheco informou ainda, diante de pedidos de prefeitos para que o Senado auxilie na aquisição de vacinas por meio de suas relações diplomáticas, que pediu a Queiroga "um cronograma o mais real possível".

Ministério da Economia prevê superávit comercial recorde de US$ 89,4 bi em 2021

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BRASÍLIA (Reuters) - O Ministério da Economia estima que o país vá registrar este ano um superávit comercial de 89,4 bilhões de dólares, alta de 75% sobre o saldo do ano passado e o maior superávit da série histórica do governo.

A expectativa é que as exportações tenham alta de 27% em 2021, enquanto as importações crescerão 11%, disse a jornalistas o secretário especial de Comércio Exterior, Lucas Ferraz, nesta quinta-feira.

"Novas informações, com base em relatórios internacionais, sugerem que este ano haverá aumento expressivo do comércio global", disse Ferraz, acrescentando que, em meio à pandemia, o consumo global tem se redirecionado de serviços para bens manufaturados e agrícolas.

Balança comercial brasileira tem superávit de US$ 1,482 bi em março

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BRASÍLIA (Reuters) - A balança comercial brasileira registrou superávit de 1,482 bilhão de dólares em março, informou o Ministério da Economia nesta quinta-feira.

O superávit veio abaixo do estimado em pesquisa da Reuters com economistas, que apontava para saldo positivo de 3,1 bilhões de dólares para o mês.

Em março do ano passado, a balança teve superávit comercial de 3,832 bilhões de dólares.

No mês passado, as exportações somaram 24,505 bilhões de dólares, enquanto as importações foram de 23,023 bilhões de dólares.

No acumulado do ano, a balança comercial registra superávit de 1,648 bilhão de dólares, ante 4,470 bilhões de dólares no mesmo período de 2020.

Santander eleva projeção para PIB em 2021, mas vê dólar mais alto com riscos fiscais ampliados

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SÃO PAULO (Reuters) - O Santander Brasil elevou a estimativa para o crescimento da economia em 2021, citando o maior carregamento estatístico do fim do ano passado e surpresas positivas com dados no início deste ano, enquanto acredita em retomada mais forte da atividade no segundo semestre com reabertura da economia em meio à aceleração na vacinação.

A economista-chefe do banco, Ana Paula Vescovi, elevou de 2,9% para 3,0% a projeção de expansão do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano.

Para ela, o "carry-over" deixado pelo resultado do PIB no quarto trimestre de 2020 e dados melhores que o esperado em 2021 reduzem os riscos de contração da atividade de janeiro e março. Com isso, o Santander passou a ver leve alta de 0,2% no período, ante queda esperada antes de 0,4%.

A menor mobilidade em função da pandemia, contudo, afetará os números do segundo trimestre, levando a uma contração de 0,6% entre abril e junho, com viés de baixa.

"A retomada de algum grau de estímulos (reedição do auxílio emergencial e previsões de retorno de outros programas), a expectativa de um processo mais acelerado de vacinação e a reabertura da economia no segundo semestre ensejaram a correção da estimativa de PIB" em 2021, afirmou Vescovi, lembrando, porém, que o crescimento do PIB no ano ainda se encontra abaixo do carry-over de 3,6% deixado pelos meses finais de 2020.

A revisão para cima do PIB de 2021 foi acompanhada de um corte de 2,3% para 2,0% no prognóstico para a economia em 2022, que incorporou a expectativa de uma trajetória de política monetária menos expansionista.

Vescovi elevou as projeções para a Selic até 2023, citando "deterioração cíclica" da inflação e possível piora estrutural das perspectivas fiscais --este último fator contribuindo para a elevação da taxa neutra de juros.

A Selic fechará este ano em 5,50% (4,00% antes) e irá para 6,00% em 2022 (4,50% antes), estima o Santander. Em 2023, a Selic atingirá a taxa terminal de 7,00%, 1 ponto percentual acima da previsão anterior. O juro básico está atualmente em 2,75%.

O ponto fiscal citado pela economista reflete a expectativa do Santander de menor poder de ancoragem do teto de gastos, com o foco se voltando para a perspectiva de sustentabilidade da dívida pública.

"Vemos riscos de execução crescentes para o processo de consolidação fiscal", afirmou Vescovi, estimando déficit primário de 3,2% do PIB em 2021, com melhora gradual do resultado nos anos seguintes.

A economista avaliou que o país está hoje em seu "teste mais difícil" para a política econômica desde a aprovação do teto de gastos, em 2016, e disse que o Orçamento aprovado recentemente é uma demonstração dos riscos fiscais.

"Com eventuais consequências sobre a governabilidade, novamente poder haver prejuízos para a votação das reformas relevantes para o país, as quais já se encontram prejudicadas pela emergência sanitária", disse.

"Mantém-se, ainda, a percepção de uma corrida eleitoral antecipada. Ademais, a PEC Emergencial, aprovada em março, embora tenha trazido avanços, não afastou riscos fiscais, pois dependerá de ambiente político favorável para posterior implementação, por exemplo, da redução de benefícios tributários ou da adesão de Estados e municípios aos gatilhos para contenção de despesas."

Para ela, "nada é mais emblemático" do risco fiscal do que a "oscilação frenética" da taxa de câmbio --que já variou neste ano entre cerca de 5,12 reais e 5,87 reais, contra taxa em torno de 4,30 reais antes da pandemia-- e o aumento do prêmio na taxa de juros nominal de dez anos, que saiu de 2% no começo de 2020 para em torno de 4,5% recentemente --próximo ao pico visto na perda do grau de investimento, em 2015.

Pelos cálculos de Vescovi, se estivesse acompanhando seus pares, o real estaria perto de 4,50 por dólar. Com o prêmio de risco embutido na taxa de câmbio e os cenários para os "drivers" da moeda, a projeção para o dólar ao fim de 2021 foi elevada de 5,25 reais para 5,55 reais.

O dólar era cotado perto de 5,70 reais nesta quinta-feira.

O real cai 9% em 2021, em termos nominais, e a depreciação da divisa tem amplificado a disseminação do choque de preços do final do ano passado. Nesse contexto, o Santander elevou para 5,0% (3,6% antes) a expectativa para alta do IPCA em 2021 e para 3,7% (contra 3,2%) o número projetado para 2022. Ambos estão acima da meta central para cada ano: 3,75% e 3,50%, respectivamente.

"Caminhamos gradual e silenciosamente para um quadro de persistência da dívida pública em níveis muito altos e de financiamento de mais gastos públicos com mais inflação", disse Vescovi.

"Nossas estimativas nos levam a crer que uma taxa Selic estrutural acima de 7% já seria condição suficiente para gerar um cenário de dívida explosiva e de dominância fiscal", completou.

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Fonte:
Poder360/Reuters/NA

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