Imagens de Pacaraima (RR) mostram venezuelanos desesperados, fugindo do socialismo de Maduro

Publicado em 30/07/2021 16:11 e atualizado em 31/07/2021 08:11
Tempo & Dinheiro
Edição do Tempo&Dinheiro desta 6a.feira, 30/julho/21, com João Batista Olivi

Venezuelanos continuam a chegar ao Brasil tanto pelas fronteiras oficiais quanto por rotas clandestinas

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Dormindo nas ruas ao relento e enfrentando, de pé, longas e demoradas filas. Essa é a realidade de migrantes venezuelanos em Pacaraima, no Norte de Roraima, fronteira com a Venezuela, que chegam ao Brasil e tentam regularização no país desde que o governo federal liberou a passagem de estrangeiros em vulnerabilidade social no último dia 24 de junho.

São famílias inteiras dormindo em pedaços de papelão, cheias de bagagens nas mãos, enquanto aguardam a vez para o atendimento no Posto de atendimento da Operação Acolhida, uma força-tarefa do Exército que atende imigrantes e refugiados venezuelanos no país.

No grupo que enfrenta as dificuldades de atravessar a fronteira, também há pessoas com deficiência, idosos e crianças expostos à insalubridade e ao perigo das ruas lotadas de gente em Pacaraima. A maioria não usa máscaras ou qualquer outro item de proteção à Covid-19.

Há um mês, em 24 de junho, o Brasil flexibilizou a entrada de imigrantes venezuelanos em Pacaraima, liberando a passagem daqueles que estão em vulnerabilidade social. Os grupos de prioridade são: crianças ou adolescentes desacompanhados; famílias com crianças ou adolescentes; pessoas com problemas de saúde; idosos; e pessoas que sofrem grave ameaça a integridade física.

Nos primeiros 20 dias da liberação da passagem na fronteira para pessoas em situação de vulnerabilidade, a Acolhida chegou a atender cerca de 800 venezuelanos por dia, um salto se comparado aos 20 migrantes que estavam sendo atendidos por dia antes da medida.

Nos últimos dias, o número é até 300 atendimentos diários.

Apesar da flexibilização, a fronteira continua oficialmente fechada. O fechamento ocorre desde 18 de março de 2020, como medida do governo federal para conter o avanço do coronavírus.

Antes da liberação da passagem na fronteira, os venezuelanos estavam entrando no país por rotas clandestinas para fugir da crise econômica e social de seu país de origem.

'Novas expectativas'

 

Muitos dos migrantes deficientes físicos, idosos e crianças expostos à insalubridade e ao perigo nas ruas do município — Foto: Caíque Rodrigues/G1

G1 esteve no local e conversou com migrantes que tinham acabado de atravessar a fronteira junto com suas famílias. Deixaram tudo o que construíram ao longo da vida no país natal para uma nova perspectiva em um país novo e, agora, esperar em uma fila se tornou a única saída para o recomeço.

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A grande maioria que entrou no Brasil veio pelas "trochas", nome dado às rotas clandestinas usadas pelos migrantes na travessia entre os dois países.

Milagros Componce, "passamos por situações muito fortes" — Foto: Caíque Rodrigues/G1

Milagros Componce, de 33 anos, trabalhava como professora no estado venezuelano de Anzoátegui. Chegou ao Brasil na quinta-feira (22) junto com a mãe, o esposo, quatro filhos e um sobrinho com necessidades especiais. Ela e a família vieram pelas rotas clandestinas porque não tinham dinheiro para pagar transporte para chegar pela fronteira regular.

"Estávamos viajando durante quatro dias para chegar até o Brasil. Todos os dias e noites caminhamos pelas chamadas trochas [caminhos clandestinos] onde passamos por situações muito fortes".

"Deixamos nosso país com a esperança de crescer, de poder dar uma educação aos nossos filhos, uma alimentação balanceada para eles já que, na Venezuela, mesmo sendo um país tão rico, hoje posso dizer que é o país mais pobre do mundo. A economia é muito instável. Estamos aqui procurando o melhor para eles e precisamos de toda a ajuda humanitária", diz Componce.

A professora falou da vontade de sair de Roraima e ir para outros estados para recomeçar a vida trabalhando no Brasil.

"Passamos todas as noites caminhando para poder chegar aqui. Quero ser interiorizada. Meu esposo também é professor, agricultor e quer trabalhar. Como chegamos hoje pela manhã, estamos procurando um lugar para deixar as crianças". (Por Caíque Rodrigues, G1 RR )

 Forças Armadas são último obstáculo para socialismo, diz Bolsonaro

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BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro afirmou que as Forças Armadas são o último obstáculo para o socialismo ao tecer críticas ao recente apoio que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu ao regime cubano após protestos de rua na ilha caribenha na semana passada.

Em transmissão em sua live semanal, Bolsonaro disse que, para Lula, o regime cubano está uma "maravilha", e afirmou que aqueles que defendem o regime cubano querem roubar a "nossa liberdade".

"As Forças Armadas são o último obstáculo para o socialismo. Se conseguir trincar as Forças Armadas, o caminho está aberto para o socialismo", afirmou.

Na transmissão, Bolsonaro teceu críticas a outros países da região governados pela esquerda, como a Argentina e a Venezuela.

O presidente também destacou na transmissão que as eleições são uma questão de segurança nacional e que a não utilização do voto impresso pode gerar problemas caso sejam alegadas fraudes.

Política - Tempo e Dinheiro
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EUA anunciam novas sanções contra Cuba; Biden promete mais medidas

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WASHINGTON (Reuters) - O governo dos Estados Unidos impôs sanções à força policial cubana e a dois de seus líderes nesta sexta-feira, em resposta à repressão do governo a manifestantes, e o presidente norte-americano, Joe Biden, prometeu a líderes cubano-americanos que mais ações estão a caminho.

O Departamento de Tesouro dos EUA disse que as sanções, que aparentam ser amplamente simbólicas, são uma reação às "ações para suprimir protestos pacíficos e democráticos em Cuba e que começaram no dia 11 de julho".

São alvos das sanções dois líderes policiais cubanos, assim como a Força Nacional de Polícia do Ministério do Interior, afirmou o Tesouro.

"Haverá mais, a não ser que ocorra alguma mudança drástica em Cuba, o que eu não espero", disse Biden durante uma reunião com líderes cubano-americanos na Casa Branca.

A reunião aconteceu enquanto a importante comunidade política pede mais apoio para os protestos em Cuba e que representam a maior demonstração popular contra o governo comunista da ilha em décadas.

"Os Estados Unidos estão tomando ações orquestradas para impulsionar a causa do povo cubano", disse Biden.

Biden afirmou que havia pedido aos departamentos de Estado e do Tesouro para reportar novamente em um mês sobre como permitir a remissão de pagamentos de americanos a cubanos sem que o governo cubano ganhe com isso.

Além disso, Biden trabalha em um plano para providenciar comunicação sem fio aos cubanos e ainda aumentar o número de funcionários na embaixada norte-americana em Cuba, segundo afirmou uma autoridade do governo.

Os protestos começaram no início do mês em meio à pior crise econômica no país desde a queda da antiga União Soviética e por conta de uma alta recorde no número de infecções pelo coronavírus. Milhares foram às ruas enfurecidos com a escassez de itens de necessidade básica, com as limitações às liberdades civis, e com a condução da pandemia pelo governo.

Bolsonaro diz que governo pode manter auxílio em 2022 se pandemia persistir 

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(Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta sexta-feira que o governo pode prorrogar o auxílio emergencial pago a pessoas vulneráveis e trabalhadores informais se a pandemia de Covid-19 persistir em 2022.

"A gente espera que, com o término da vacina, com a questão da pandemia sendo dissipada, não seja mais preciso isso. Mas, se porventura continuar, nós manteremos aí o auxílio emergencial”, disse o presidente em entrevista à Rádio 89 FM, de São Paulo, quando questionado sobre a possível manutenção do auxílio no ano que vem. O valor pago atualmente varia de 150 a 375 reais por pessoa.

Implantando inicialmente no ano passado, o auxílio emergencial foi renovado no início deste mês por mais três meses: agosto, setembro e outubro.

Na ocasião, o governo prometeu lançar em novembro um novo programa social em substituição ao Bolsa Família, que terá um valor reajustado, segundo Bolsonaro.

"O que nós trabalhamos sim, temos hoje uma nova reunião com a Economia, espero que seja acertado, é o novo valor do Bolsa Família, que em média está em 192 reais, valor baixo. Quero no mínimo aumentar em 50% esse valor", afirmou o presidente na entrevista.

Apesar do reajuste, o governo não descumprirá a regra do teto de gastos por causa do Bolsa Família, de acordo com o ministro da Economia, Paulo Guedes.

Governo planeja criar vale-gás para famílias de baixa renda

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BRASÍLIA (Reuters) - O governo federal planeja incluir um vale-gás na reformulação dos programas sociais que será anunciada no mês de agosto para compensar os reajustes recordes do combustível disseram à Reuters três fontes que acompanham a negociação.

Não há ainda uma definição de valor, orçamento ou forma como o pagamento será feito, mas a intenção é atingir famílias de baixa renda, atendidas pelo programa Bolsa Família --que deve crescer das atuais 14 milhões de famílias beneficiadas para cerca de 17 milhões.

"É uma preocupação do presidente e ele quer uma alternativa por causa da alta no preço. Mas não está definido ainda o valor e nem se será incluído no Bolsa Família ou pago a parte, só que haverá", disse uma das fontes.

O vale-gás --que remete a 2001 quando, também diante de alto no combustível o governo de Fernando Henrique Cardoso criou o benefício-- deverá ser um bônus para subsidiar a compra de um botijão, mas não cobrirá todo o custo.

De acordo com uma segunda fonte, a intenção é que o programa seja temporário, como uma forma de aliviar o custo de vida das famílias mais pobres enquanto a melhora da economia não acontece.

Os reajustes constantes fizeram com que o gás de cozinha acumule 66% de aumento desde o início do governo de Jair Bolsonaro. No início do mês de julho, o último, de 5,9%, foi o 15º seguido.

Um botijão de gás de 13 quilos, hoje, custa entre 85 e 110 reais, em média, de acordo com pesquisa nas distribuidoras estaduais --um valor proibitivo em um país em que, de acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), no três primeiros meses do ano, praticamente um terço das famílias vivia sem qualquer renda de trabalho e 26% tem renda familiar até 1.650 reais mensais.

Bolsonaro tem reclamado constantemente do valor do gás, mas atribuiu o aumento ao ICMS cobrado pelos Estados, e não aos constantes reajustes feitos pela Petrobras. "Eu zerei os impostos federais de gás de cozinha. Agora o ICMS tá alto... tá um abuso também, né? O pessoal acha que a culpa é minha. Paciência", disse em uma conversa com apoiadores, onde o tema é recorrente.

Já mirando sua reeleição, o presidente se preocupa com o efeito do aumento dos preços no bolso das famílias e o mau humor da população com seu governo --detectado pelas pesquisas na alta da rejeição e no risco cada vez maior da derrota na eleições de 2022.

O vale-gás seria uma parte do pacote que o governo pretende apresentar em agosto com a reformulação dos programas sociais, com foco no aumento do valor médio do Bolsa Família e a inclusão de mais beneficiários.

"O presidente tem uma preocupação com a imagem do governo para 2022. Isso só vai melhorar se melhorar a situação econômica e com os programas sociais. Bolsa Família, vale-gás, entram nesse pacote aí", disse uma fonte parlamentar.

As pesquisas mais recentes mostram que a rejeição ao presidente continua a crescer. O último levantamento do Datafolha aponta que 51% da população considera o governo Bolsonaro ruim ou péssimo.

A mesma sondagem mostrou ainda que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva venceria Bolsonaro por 58% a 31% em um eventual segundo turno.

Criado em 2004, no primeiro mandato do petista, o Bolsa Família ainda é extremamente associado com o ex-presidente, o que levou o governo até mesmo a tentar mudar o nome do programa para Renda Cidadã, o que ainda não foi totalmente descartado.

O cálculo feito pela equipe econômica é de que seria possível um reajuste de 50% no valor médio do Bolsa Família, levando a média paga às famílias dos atuais 192 reais para pouco mais de 285 reais --o benefício varia de acordo com tamanho da família, idades dos filhos e outras condicionantes.

Bolsonaro, no entanto, tem repetido que quer um valor médio de 300 reais, valor ao qual a equipe econômica ainda não conseguiu chegar sem o risco de furar o valor do teto de gastos.

O governo conta com o aumento de arrecadação deste ano --cerca de 30 bilhões que não estavam na conta-- para custear o novo Bolsa Família. O programa, nas contas feitas até agora, precisaria de 18 bilhões a mais no orçamento para um reajuste de 50% no valor médio.

O governo aposta no aumento do valor do programa, que começaria a ser pago em dezembro, para tentar reverter a queda na popularidade de Bolsonaro e aumentar as chances de vitória em 2022 --especialmente no Nordeste, onde o programa tem mais beneficiários e o presidente, sua maior rejeição.

Desemprego no Brasil cai ligeiramente a 14,6%, com 14,8 milhões sem trabalho

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SÃO PAULO (Reuters) - A taxa de desemprego no Brasil recuou ligeiramente no trimestre encerrado em maio, mas ainda é a segunda mais alta da série histórica, com 14,8 milhões de desempregados conforme a economia ainda busca engatar uma recuperação dos danos causados pela pandemia de Covid-19.

A taxa de desemprego chegou a 14,6% nos três meses até maio, depois de ter registrado o recorde de 14,7% nos dois trimestres imediatamente anteriores, fechados em março e abril. Entre março e maio de 2020 a taxa tinha sido de 12,9%

Mas o dado informado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira ficou acima da expectativa em pesquisa da Reuters de taxa de 14,5%.

No período, o Brasil registrava ainda 14,795 milhões de desempregados, de acordo os dados apurados pela Pnad Contínua, o que representa alta de 2,6% sobre o trimestre imediatamente anterior, de dezembro a fevereiro, e avanço de 16,4% ante o ano anterior.

Mas o total de pessoas ocupadas também aumentou, chegando a 86,708 milhões entre março e maio, ganho de 809 mil em relação ao trimestre anterior e de 772 mil sobre o mesmo período de 2020.

A expansão da ocupação, segundo a analista da pesquisa, Adriana Berenguy, reflete o avanço de 3,0% dos trabalhadores por conta própria, única categoria profissional que cresceu no período.

“Esses trabalhadores estão sendo absorvidos por atividades dos segmentos de informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas, que cresceu 3,9%", explicou ela.

O mercado de trabalho, em geral o último a se recuperar de crises, ainda reflete os fortes impactos causados pela pandemia de coronavírus, em meio às restrições para conter o avanço da doença.

No setor privado, o total de empregados com carteira assinada no trimestre até maio teve alta de 0,3% sobre o trimestre imediatamente anterior, enquanto o contingente dos que não tinham carteira subiu 0,1%.

Por outro lado, a taxa de informalidade subiu a 40%, de 36,9% no trimestre anterior, correspondendo a 34,7 milhões de pessoas nesta situação. Há um ano, a taxa era de 37,6%, com 32,3 milhões de informais, aqueles sem carteira assinada (empregados do setor privado ou trabalhadores domésticos), sem CNPJ (empregadores ou empregados por conta própria) ou trabalhadores sem remuneração.

“Contudo, se olharmos o trimestre pré-pandemia (dezembro a fevereiro de 2020), os informais somavam 38,1 milhões de pessoas a uma taxa de informalidade de 40,6%. Ou seja, por mais que os informais venham aumentando sua participação na população ocupada nos últimos trimestres, o contingente ainda está num nível inferior ao que era antes da pandemia”, disse Berenguy.

O nível de ocupação, de 48,9%, continua abaixo de 50% desde o trimestre encerrado em maio do ano passado, o que indica que menos da metade da população em idade para trabalhar está ocupada no país.

O IBGE destacou ainda que o contingente de pessoas subutilizadas, aquelas desocupadas, subocupadas por insuficiência de horas trabalhadas ou na força de trabalho potencial, foi de 32,9 milhões no trimestre até maio.

Bolsa Família não descumprirá teto de gastos, diz Guedes

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(Reuters) - O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse nesta sexta-feira que o governo não descumprirá a regra do teto de gastos por causa do Bolsa Família, cujo valor será reajustado segundo anúncio já feito pelo presidente Jair Bolsonaro.

"Os senhores podem ter certeza que não furaríamos o teto por causa do Bolsa Família, não é nada disso, isso tudo está sendo programado com muita responsabilidade", disse o ministro a jornalistas após participar de evento no Rio de Janeiro.

Ele destacou, no entanto, que sua equipe tem verificado desde o ano passado o aumento atípico de uma outra despesa pública que poderá demandar uma reação por parte do governo.

"Estamos ainda processando algumas informações que estão chegando", disse Guedes a jornalistas, sem dar detalhes.

"Às vezes despesas de outros poderes nos atingem e aí temos que fazer um plano de combate imediato."

Como exemplo de uma decisão de outro poder que pode afetar as contas públicas, Guedes citou decisão recente do Supremo Tribunal sobre a abrangência de entendimento anterior sobre a exclusão do ICMS da base de cálculo do PIS-Cofins.

Bolsonaro anunciou na semana passada que o valor médio do Bolsa Família será reajustado para acima de 300 reais, dos atuais 192 pagos atualmente.

Nesta quinta-feira, o secretário do Tesouro, Jeferson Bittencourt, afirmou que novas estimativas sobre a evolução das despesas obrigatórias do governo mostram um espaço de até 30 bilhões de reais dentro do teto de gastos no ano que vem, o que seria suficiente para acomodar o reajuste citado por Bolsonaro.

"Fazendo uma conta simples a gente chega à conclusão que algo entre 25 e 30 bilhões de reais é capaz de sustentar um programa com essas características", disse Bittencourt, ao citar o pagamento de um valor médio de 300 reais a 17 milhões de famílias.

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Geadas mancham cafezais do Sul de MG; Minasul vê até 30% das áreas afetadas

Por Roberto Samora

VARGINHA, Minas Gerais (Reuters) - Em um sobrevoo pela região cafeeira de Varginha, no Sul de Minas Gerais, é possível ver manchas amarronzadas em grande parte das plantações, sinais de como as geadas do último dia 20 queimaram os cafezais e indicam perdas para pelo menos as próximas duas safras.

"Foi pior do que eu imaginava... Difícil ver uma lavoura que não sofreu nada", disse o engenheiro agrônomo Adriano Rabelo de Rezende, coordenador técnico da cooperativa Minasul, depois de sobrevoar, pela primeira vez após as geadas, fazendas nos municípios de Varginha, Elói Mendes, Paraguaçu, Alfenas, Machado, Boa Esperança, Nepomuceno e Carmo da Cachoeira.

Após avaliação visual das manchas escuras nos cafezais, o agrônomo estimou na quinta-feira que entre 20% e 30% das lavouras foram afetadas pelo frio intenso, destacando que o fenômeno climático, que vem sendo comparado com as históricas geadas de 1994, atingiu com maior intensidade as áreas mais baixas, onde o ar congelante se concentra nas madrugadas.

A Minasul atua em importantes polos produtores do Sul de Minas Gerais, região que respondeu por cerca de 40% da produção de café arábica do Brasil em 2020. A área da cooperativa foi mais uma entre várias brasileiras --como o Cerrado Mineiro-- golpeada pelo fenômeno climático da semana passada, que fez disparar os preços em Nova York para o maior valor desde 2014, diante da intempérie no maior produtor e exportador mundial.

Apesar de fazer uma estimativa da área queimada pelas geadas, Rezende considera que é cedo para falar sobre o tamanho das perdas, ainda mais considerando que havia previsões de novas geadas severas na madrugada desta sexta-feira.

Ele explicou à Reuters, que também participou do sobrevoo pelas regiões cafeeiras, que a intensidade das "queimaduras" causadas pelas geadas varia dentro de um mesmo talhão, o que torna difícil qualquer avaliação no momento. Mas considera um fato que haverá perdas.

"É fato, 2022 não vai ser um ano de alta (produtividade)", comentou, em referência ao ciclo bianual do café arábica, que em 2021 estava na baixa. Ele ponderou ainda que os cafezais já vinham sofrendo os efeitos de uma seca prolongada.

Em mais um mês, observou o coordenador técnico ao visitar juntamente com a Reuters a fazenda Mato Dentro, em Varginha, as folhas ressecadas pelas geadas estarão todas no chão, e ficará mais fácil saber até que ponto os pés de café foram atingidos.

Aqueles afetados com maior severidade terão que passar por uma poda mais radical, chamada recepa.

"Se for recepa, a próxima safra com produção significativa será só em 2024", avaliou, ao comentar o impacto da geada em uma lavoura que já havia sido podada em 2021 para produzir bem somente em 2022, mas que agora terá produção zero no ano que vem e renderá pouca coisa em 2023.

"É MUITO TRISTE"

Para o produtor Flávio Figueiredo de Rezende, com propriedades em Varginha e Carmo da Cachoeira, atingidas em intensidades variando de 90% a 20%, a safra de 2022 seria recorde, mas agora se for igual a de 2021 "está de bom tamanho".

"É muito triste, mas faz parte da nossa luta", disse ao mexer nos ramos, ainda com frutos da safra atual, de uma lavoura de 15 anos totalmente queimada na fazenda Coqueiro --a geada, em geral, não resulta em problemas para os grãos prontos para colheita, e sim para safras futuras.

Ele relatou ainda que o setor foi "surpreendido" pela intensidade do frio da semana passada, que segundo ele só pode ser comparado à geada de 1994, o último grande evento climático congelante para os cafezais do Brasil.

O produtor disse ainda acreditar que, por mais intensa que possa ter sido a geada desta sexta-feira, dificilmente poderá trazer perdas relevantes adicionais à região de Varginha, já castigada pelo evento anterior.

MUDAS QUEIMADAS

José Marcos Rafael Magalhães, presidente da cooperativa Minasul, que tem fazendas em Coqueiral e Nepomuceno, avalia que a geada consumiu a maior parte do potencial produtivo de seu café, e aponta ainda que as lavouras deverão levar três anos para se recuperar.

Ele relatou ainda que mudas foram queimadas pelo frio intenso, o que deverá dificultar a vida daqueles que pretendem avançar com novas áreas.

"Vai demorar a recuperação, além de ter queimado lavouras novas, não tem muda para plantar e expandir", destacou, confiante de que o governo federal virá em socorro dos cafeicultores, opinião compartilhada pelo outro produtor, que lembrou de um programa de renegociação de dívidas após as geadas de 1994.

Numa conta simples, com a saca de 60 kg tendo subido para mais de mil reais, Magalhães avalia a perda de produção no Sul de Minas entre 5 bilhões a 6 bilhões de reais, no próximo ano, valores que dão a dimensão de um impacto que pode se desdobrar para toda a cadeia produtiva sem uma ação governamental.

Colheita de milho 2ª safra supera 80% da área em MT, diz Imea

SÃO PAULO (Reuters) - A colheita de milho segunda safra 2020/21 alcançou 84,2% da área em Mato Grosso, avanço de 11,4 pontos percentuais no comparativo semanal, mas com atraso em relação a anos anteriores, informou nesta sexta-feira o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea).

Em igual momento da temporada passada, os trabalhos atingiam 93,55% da área, enquanto a média histórica para o período é de 90,77%. O atraso na "safrinha" atual vem na esteira de um plantio tardio e problemas climáticos.

Para o algodão, o Imea informou que a colheita chegou a 23,03% da área, avanço de 5,89 pontos percentuais na semana, também atrasado no comparativo anual.

Na mesma época de 2019/20, 39,8% das áreas da pluma estavam colhidas. Ainda segundo o instituto, a média histórica para o período é de 31,58%.

"A guerra mudou", diz CDC dos EUA, pedindo nova resposta à variante Delta

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(Reuters) - A guerra contra a Covid-19 mudou por conta da nova e altamente contagiosa variante Delta, afirmou o Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos (CDC), propondo uma mensagem mais clara, vacinação obrigatória para profissionais de saúde e a retomada do uso universal de máscaras de proteção.

Um documento interno do CDC aponta que a variante, detectada primeiramente na Índia e agora dominante em todo o planeta, é tão contagiosa quanto à catapora e muito mais contagiosa que uma gripe comum ou um resfriado. Ela pode ser transmitida até mesmo por pessoas vacinadas, e pode causar quadros mais graves da doença do que as variantes anteriores do coronavírus.

O documento, intitulado "Melhorando a comunicação em torno do avanço com as vacinas e da eficácia da vacinação", diz que a variante precisa de uma nova abordagem para ajudar o público a entender o seu perigo --inclusive para deixar claro que as pessoas não vacinadas têm 10 vezes mais chances de ficarem gravemente adoecidas ou morrer do que pessoas que já tomaram a vacina.

"Reconhecer que a guerra mudou", diz o documento. "Melhorar comunicações sobre os riscos individuais entre pessoas vacinadas."

Medidas preventivas recomendadas incluem a obrigatoriedade da vacinação para profissionais de saúde para proteger os mais vulneráveis, e a volta ao uso generalizado de máscaras faciais.

O CDC confirmou a autenticidade do documento, que foi reportado primeiramente pelo jornal Washington Post.

Embora as pessoas vacinadas tenham menor probabilidade de infecção, uma possível "infecção disruptiva" com a variante Delta --diferentemente das variantes anteriores-- pode tornar a capacidade de transmissão tão alta quanto em pessoas que não foram vacinadas.

"Altas cargas virais sugerem um risco aumentado de transmissão e aumentam as preocupações de que, diferentemente de outras variantes, as pessoas vacinadas infectadas com a Delta possam transmitir o vírus", afirmou a diretora do CDC Rochelle Walensky em nota.

Governo prorroga medidas excepcionais para compra de vacinas e insumos contra Covid-19

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BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro editou uma medida provisória que prorroga o prazo de vigência de uma lei que trata de medidas excepcionais tomadas na compra de vacinas e insumos no enfrentamento à Covid-19.

A proposta, segundo a Secretaria-Geral da Presidência, se aplica a todos os atos praticados, contratos e instrumentos congêneres firmados enquanto durar a declaração de emergência em saúde pública de importância nacional decorrente da Covid-19, independentemente do seu prazo de execução ou de suas prorrogações.

"Neste contexto, por mais que o cenário epidemiológico atual aponte para a redução da média móvel de casos e óbitos, como também para a diminuição de internações hospitalares, em razão do avanço da campanha de vacinação contra a Covid-19 no Brasil, ainda não é possível a garantia de um cenário constante", disse.

"Tal fato torna a prorrogação do prazo da vigência dessa lei necessária, uma vez que continuará a proporcionar maior dinamismo ao processo de aquisição de imunobiológicos, insumos, bens e serviços destinados à vacinação e à linha de cuidado contra a Covid-19".

A medida também abrange contratações de bens e serviços de logística, de tecnologia da informação e comunicação, de comunicação social e publicitária e de treinamentos destinados à vacinação contra a Covid-19 e sobre o plano de imunização nacional.

 
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Fonte:
Reuters/T&D

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