Mercado Asiático avança como maior importador do Brasil e abre vantagem frente à Europa

Publicado em 30/08/2021 18:55 e atualizado em 15/12/2021 09:36
Conexão Campo Cidade -
Conexão Campo Cidade (30/08)

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Conexão Campo Cidade (30/08)

 

O agronegócio e os setores urbanos estão intrinsecamente conectados, já que as cadeias produtivas de alimentos influenciam diretamente no cotidiano das cidades. Porém, muitos ruídos de comunicação entre as duas pontas geram discussões e desentendimentos que merecem atenção. Nesse contexto, o site Notícias Agrícolas e a consultoria MPrado desenvolveram o projeto Conexão Campo e Cidade, que visa debater diversas questões relacionadas aos negócios que envolvem os ambientes urbanos e rurais. 

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No programa da última segunda-feira, 30, o Conexão Campo Cidade recebeu a participação do espectador assíduo Otto Vilas Boas, o qual possui 60 anos de atividade na cafeicultura, maior parte como superintendente de comercialização da maior cooperativa de cafeicultores do mundo, a Cooxupé.  

Durante a conversa, Otto comentou sobre os prejuízos provocados pelas geadas na produção do café, o volume de exportação da Cooxupé e o modelo organizacional da cooperativa, que serve de exemplo para toda a agricultura nacional.  

Ivan-Wedekin

Mercado Asiático

Durante o programa, Marcelo Prado chamou a atenção para o fato de que o Mercado Asiático tem se tornado cada vez mais relevante para o Brasil, enquanto que a sociedade e o Governo não tem percebido essa movimentação.  

Acerca desse assunto, Rodrigo Rodrigues disse que “A Ásia é hoje o motor do comércio global”. Ele apresentou dados que mostram um enorme crescimento da exportação de alimentos brasileiros pelos países asiáticos. “Em 2000, o agro brasileiro exportou US$ 20 bilhões e US$ 100 bilhões em 2020, portanto, cinco vezes mais em 20 anos. No ano 2000, a China correspondia a 2,7% (US$ 540 milhões) desse total. No último ano, foi 34% (US$ 34 bilhões) do total, ou seja, cresceu 60 vezes, é um negócio espantoso, espetacular”.  

Rodrigues ainda prosseguiu dizendo que a Ásia dobrou o volume de importação do Brasil, da mesma forma que o Oriente Médio. Segundo ele, hoje existe um novo mercado, um novo cenário, e isso precisa ser compreendido pelos setores público e privado. “Tínhamos que ter gente com escritório na China, na Tailândia, na Índia. A Índia tem 400 milhões de habitantes classe média. A classe média indiana é quase do tamanho da Europa Ocidental em termos de consumidores, mas exportamos pouco para lá. São países que merecem atenção especial nossa e grande investimento”.  

Ele ainda reforçou que existe uma disparidade muito grande entre a quantidade de embaixadas brasileiras que existem na Europa e na Ásia. Marcelo Prado lembrou que em 2030, 57% do PIB mundial serão de países emergentes e declarou que o futuro do mercado econômico está na Ásia.  

José Luiz Tejon também falou sobre o tema e destacou que no último ano, o Brasil exportou mais para Cingapura do que para a Alemanha, vendeu mais para o Vietnã do que para a Suíça e embarcou mais produtos para a Tailândia do que para França. “É um mercado gigantesco e temos que parar com brigas ideológicas”. 

 

Uso da água pela agricultura 

O convidado Ivan Wedekin levantou a discussão sobre o uso da água pela a agricultura brasileira, mostrando uma pesquisa que demonstra uma redução de 15,7% de água no território nacional nos últimos 30 anos. No texto, havia críticas sobre o represamento de água em propriedades rurais.  

Contudo, conforme destacou Roberto Rodrigues, a agricultura é responsável por produzir água e não consumir. “Assisti uma palestra na França, em que um técnico disse que a agricultura não gasta água, ela usa água. Por exemplo, um pé de milho verde tem 60% de água. Quando a planta completa seu ciclo, aquela água volta para a natureza, para a atmosfera ou para o solo, e ainda volta renovada, filtrada. A única água que saí do pé de milho é o grão, que é usada na alimentação”.  

Em relação ao represamento da água, ele afirmou que quando se faz uma barragem, a água só fica concentrada até que ela encha, quando passa o limite, a água volta ao nível anterior.  

Mais um argumento foi apresentado por Tejon, que citou um estudo onde mostra um aquecimento na Grande São Paulo, ocasionado justamente pela redução da agricultura, que diminuiu a quantidade de água no solo. “Associar a agricultura como um problema para a água, acho que tem um erro de falta de visão”. 

Ivan Wedekin comentou que o uso de água pela agricultura é limpo, ao contrário da cidade, onde se polui muito com lixo e esgoto.  

 

Marco Temporal 

Outro assunto em pauta foi o julgamento do Marco Temporal pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Rodrigo Rodrigues citou que 9% do território nacional é utilizado para a agricultura, enquanto que os índios ocupam 13% das terras brasileiras.  

Marcelo Prado afirmou que espera pelo bom senso dos juízes, com uma decisão que respeite os índios, mas que, principalmente, preserve a capacidade do Brasil em gerar desenvolvimento, emprego e alimentar 1 bilhão de pessoas no mundo inteiro, que hoje é a responsabilidade do País. 

Para Marcelo, os juízes têm ficado em evidência excessiva nos últimos tempos, sendo que eles não deveriam ter tanto destaque. “Uma vez ouvi um comentário esportivo dizendo que bom árbitro é aquele que não aparece. O protagonista é o jogador de futebol. Sinto que nos últimos anos está ficando muito em evidência os julgamentos e as pessoa", opinou.  

Mais um convidado do dia, Ivan Wedekin, agrônomo especialista em economia e gestão empresarial, atualmente diretor da Wedekin Consultores, afirmou que já há uma definição da Constituição e não vê motivos para novas interpretações. 

 

Gestão empresarial no agronegócio 

Para encerrar, Marcelo Prado comentou uma lista divulgada pela Forbes, que mostra o Brasil com 42 novos bilionários, sendo que três deles, como a 3Tentos e a Boa Safra, são do agronegócio. “Para você que está nos assistindo e é empresário, vamos organizar a nossa empresa com administração, governança coorporativa, balanços auditados, profissionalismo, processos, eficiência empresarial, porque isso dá retorno. Os empresários que citei, são pessoas que conquistaram isso com muito trabalho e visão de futuro, pois estão trabalhando há muito tempo nesse processo”, declarou.  

 

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Por:
Igor Batista

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