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Fertilizantes continuam altos, mas valorização da soja favorece relações de troca no BR

Publicado em 18/02/2022 11:42 e atualizado em 18/02/2022 14:16
Jeferson Souza - Analista de Fertilizantes da Agrinvest
Cloreto de potássio ainda é um dos principais ponto de atenção diante dos problemas geopolíticos. Ureia apresenta baixas pontuais. Produtor brasileiro tem de estar atento às janelas de compra.

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Entrevista com Jeferson Souza - Analista de Fertilizantes da Agrinvest sobre o mercado de fertilizantes

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O mercado dos fertilizantes teve uma semana agitada, com muitas notícias chegando aos negociadores, principalmente pelo fato do setor estar intimamente relacionado às questões geopolíticas que continuam assombrando Rússia e Ucrânia. Todavia, para os preços, os impactos foram limitados e o mercado ainda espera por mudanças mais efetivas ou informações mais "corretas" sobre as tensões entre ambos os países. 

A Rússia é a segunda maior exportadora global de nitrogenados e potássio e a quarta maior de fósforo. Em 2021, das importações brasileiras de fertilizantes 23% veio do mercado russo, o que mostra a dependência do Brasil deste país e a importância das relações comerciais entre Brasília e Moscou.

A exceção de se deu para os fosfatados, com uma correção de cerca de US$ 30,00 por tonelada para MAP e DAP - quase US$ 890,00 por tonelada CFR Brasil - "mas ainda não é reflexo das tensões entre a Rússia e a Ucrânia, é importante dizer", explica Jeferson Souza, analista de fertilizantes da Agrinvest Commodities, em entrevista ao Notícias Agrícolas. 

Sobre os fosfatados, a alta observada nos últimos dias está ligada à dificuldade das empresas de conseguir a matéria-prima e com a China ainda ausente de suas exportações desde 15 de outubro último. A nação asiática é a maior produtora e exportadora globais de fosfatados e sem ela de volta ao mercado será difícil ver uma baixa nos preços deste grupo. 

Para Souza, os chineses deverão começar a voltar ao mercado a partir de março, mas comenta que mais especialistas afirmam que esse retorno poderia acontecer apenas depois de maio. 

UREIA

Os preços da ureia, por outro lado, vêm caindo e já acumulam uma baixa expressiva no acumulado de 2022, inclusive no mercado brasileiro. Parte do movimento se atribui ao comportamento de compra por parte da Índia no último leilão sendo mais conservador, adquirindo um volume menor do que o esperado  e com um preço bem atrativo. 

Além disso, há ainda certa estabilidade entre os preços do gás natural, o que também contribui para o movimento. 

"Estes pontos foram fundamentais para vermos esse movimento de queda da ureia. Então, isso melhora a condição para o produtor que precisa comprar para a safra de inverno, tudo isso traz um pouco mais de alívio. Nada foi consolidado de que a ureia vai continuar caindo devido às tensões entre a Rússia e a Ucrânia. Se realmente houver uma invasão, podemos ver uma reversão desse movimento e a ureia explodir de novo no mercado brasileiro e internacional", explica o analista. 

NITRATO DE AMÔNIO

No nitrato de amônio, cotações estáveis nos últimos dias e média de US$ 825,00 por tonelada CFR Brasil. Souza explica que os preços mantêm pouca variação e sem apresentar baixas como o sulfato de amônio, porque as restrições russas de exportação há algum tempo vêm sendo precificadas pelo mercado. 

"Daqui para frente o mercado estará muito atento à demanda, como vai se comportar o setor de cana-de-açúcar, que é o grande consumidor de nitrato de amônio no Brasil. É importante dizer que continua muito apertado, só que já foi muito bem precificado, o nitrato está lá em cima, máximas dos últimos anos. Mas não deve ser um cenário catastrófico", afirma o analista da Agrinvest.

CLORETO DE POTÁSSIO

Em meio às tensões entre a Rússia e a Ucrânia, entre informações desencontradas e novas notícias que chegam a cada minuto, mais uma vez, nesta quinta-feira (17), o potássio voltou a causar preocupações para seus compradores diante de um comunicado oficial da Belarus Potash Corp. (BPC) informando que, por motivo de força maior, não poderá cumprir alguns contratos. O cenário se dá, de acordo com a companhia, pela entrada em vigor de algumas sanções impostas pelos EUA e mais países. 

A nota traz ainda uma afirmação da BPC de que continuará a buscar alternativas para mitigar os impactos das barreiras e portos pelos quais possa continuar embarcando potássio para destinos internacionais, uma vez que não será mais permitido fazer o transporte pelo porto de Klaipeda, na Lituânia. 

RELAÇÕES DE TROCA

Ainda segundo Jeferson Souza, a recente valorização dos preços da soja tem contribuído para uma melhora considerável das relações da troca entre a soja e os fertilizantes para o produtor brasileiro. O momento é bastante particular para cada produtor, com janelas de compra específicas para as regiões diferentes de produção, mas com o atual momento do mercado sinalizando algumas oportunidades. 

"Esse momento não é pelo fertilizante, o que está melhorando a conta para o produtor é a melhora da soja. A conjuntura está mostrando pra nós, desde dezembro do ano passado, que não tivemos mudanças significativas para os fosfatados. Eu acredito que a chance de melhora da relação de troca vai estar mais do lado da commodity. No fertilizante, cenários mais apertados, os fundamentos não mostram uma queda.

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Gráfico: Agrinvest Commodities
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Gráfico: Agrinvest Commodities

Para o milho, o quadro é semelhante, uma vez que o cereal brasileiro ainda em patamares também bastante elevados.  

  

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Gráfico: Agrinvest Commodities
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Gráfico: Agrinvest Commodities

 

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Gráfico: Agrinvest Commodities
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Por:
Carla Mendes | Instagram @jornalistadasoja
Fonte:
Notícias Agrícolas

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1 comentário

  • Paulo Martinez Dias São Vicente - SP

    creio que o redator se equivocou nos trechos em que faz referência ao preço CFR por tonelada no Brasil do MAP e DAP a US$ 890, quando, , a bem da verdade, esse mercado está girando em torno de R$ 890,00

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