Complexo Soja: Óleo dá suporte aos preços do grão, mas farelo ainda tem mercado pressionado

Publicado em 18/03/2024 10:42 e atualizado em 18/03/2024 12:04
Eduardo Vanin
Entre os derivados, atenção aos estoques de óleo de palma baixando - puxando os preços, superando inclusive o óleo de soja - e à possibilidade de uma nova rodada de 'soy dollar' na Argentina, com os rumores já tendo pressionado este mercado na semana passada na CBOT.

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O mercado da soja começa mais uma semana na Bolsa de Chicago atento não só aos preços do grão, mas também ao comportamento dos preços do óleo e do farelo. E os derivados, neste momento, carregam dois momentos bastante distintos, com o farelo ainda estando em um cenário de pressão e atenção, enquanto o óleo de soja - e os óleos vegetais de uma forma geral - em um quadro melhor, inclusive dando suporte aos futuros do grão. 

O analista de mercado Eduardo Vanin, da Agrinvest Commodities, detalhou ambos os cenários em sua entrevista ao Bom Dia Agronegócio nesta segunda-feira (18). 

FARELO DE SOJA

As vendas de farelo na China continuam boas, com uma demanda maior em função de mais competitividade frente aos concorrentes e com um consumo maior, em especial para os suínos mais jovens - de até 15 quilos - e isso mostra que há uma demanda maior e a margem da cria está positiva. "Isso é um bom sinal", afirma. "Devemos ter mais bocas para alimentar quando o assunto é ração". 

Ainda assim, o mercado passa por um momento de um pouco mais de pressão, já que reflete também a melhora de um consumo de alimentos na China, porém, com alguns detalhes. "Os restaurantes estão vendendo mais, mas a preços menores. Isso impede um avanço maior dos preços da carne, e consequentemente, do farelo e da soja". 

Na útima semana, o mercado ainda recebeu os rumores de que a Argentina poderia ter uma nova rodada de 'dólar soja', o que ajudou a pressionar os futuros do derivado na CBOT. "O governo (da Argentina) ainda não chamou as indústrias para uma conversa e isso sempre acontece quando vai criar um 'soy dollar. Portanto, pelo menos por enquanto, não parece que vem", afirma Vanin. Ainda assim, permanece o monitoramento. 

ÓLEOS VEGETAIS

O momento é bom para os preços dos óleos vegetais. "Se pegamos os últimos 12 meses, há uma queda forte no fluxo. A produção está caindo mais rápido do que as exportações, portanto os estoques estão baixando (do óleo de palma, inclusive) na Malásia, Indonésia. Só o óleo de girassol que está crescendo. No caso do milho, do trigo e do óleo de girassol, por conta da guerra Rússia x Ucrânia, sempre há um grande desconto apesar do volume reduzido, e isso acaba balizando o mercado por baixo. Mas, o mais importante neste momento é a queda de produção e o comércio do óleo de palma, o óleo de palma está ficando mais caro que o óleo de palma, e isso não faz sentido nenhum. O óleo de soja é mais nobre. E assim, temos um suporte para os óleos e isso dá um suporte para a soja".  

COMERCIALIZAÇÃO E FORMAÇÃO DE PREÇOS

O mercado vai se desenhando em volta de uma safra menor do Brasil, com uma melhora dos preços se refletindo, principalmente, nos basis - ou prêmios. "Desde o começo do ano, os basis no Mato Grosso estão bastante fortes, o que ainda não vimos nos outros estados. Começou um movimento nas últimas duas semanas, enquanto os indicadores apontam para uma safra menor", diz. "Do lado lado da demanda, é sabemros se teremos uma transferência de demanda daqui do Brasil para os Estados Unidos mais cedo o do que o normal. No ano passado não tivemos essa transferência", complementa o analista. 

Com isso, será necessário acompanhar este movimento e, paralelamente, a competitividade da soja brasileira frente à norte-americana. "Há uma possibilidade de uma combinação do mercado climático com os EUA vendendo mais. Se isso acontecer, possibilidade de alta para Chicago", explica Vanin. E isso é necessário para o produtor americano, que está com seu programa de exportações atrasado. 

SAFRA 2024/25 DOS EUA

Há ainda muita expectativa para este início de safra nos Estados Unidos, em especial sobre a disputa por área entre soja e milho. Um novo boletim chega pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) na próxima semana, o que pode mexer com os preços, porém, o mercado, ainda de acordo com o analista, vai querer esperar a evolução do plantio e, consequentemente, um reajuste na área que deverá vir em junho. 

"O clima americano está mais quente, o solo está mais quente, vai plantar mais cedo, as vendas de fertilizantes para soja e milho se aceleraram, ou seja, os produtores se preparando para plantar bem mais cedo, talvez de 10 a 15 dias mais cedo no milho e quando ele faz isso, planta também mais cedo a soja. E ele fazendo isso, vai escapar do período mais quente do ano", detalha Eduardo Vanin. 

Assim, ele lembra que haverá, portanto, muita especulação sobre não só a área americana, como também a produtividade, em especial do milho. 

Para o Brasil, atenção ao mês de abril que deverá ser a principal questão de impacto para os preços daqui em diante. 

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Por:
Carla Mendes | Instagram @jornalistacarlamendes
Fonte:
Notícias Agrícolas

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