DA REDAÇÃO: Com previsão de chuvas de granizo na região Sul, trigo do PR pode ser ainda mais prejudicado
Nesta terça-feira (15), o Instituto Nacional de Meteorologia divulgou que há uma possibilidade de chuvas de granizo atingirem os estados do Sul do país, especialmente no Paraná (PR).
Segundo o analista da AF News, Gabriel Martins Ferreira, essa informação é delicada porque as partes norte e oeste do estado do PR já foram bastante prejudicadas pelo excesso de chuvas, que diminuiu a qualidade do cereal, e também por geadas: “O que resta agora no PR é a colheita na região de Guarapuava e dos Campos Gerais, porção que os moinhos esperavam com mais ansiedade, uma vez que seria o único trigo do estado com aptidão para farinha, mas se essas chuvas se concretizarem será bastante ruim para a qualidade do trigo”.
Por outro lado, até o momento a grande expectativa é que o trigo do Rio Grande do Sul (RS) não tenha grande um impacto climático, sendo que apenas as lavouras mais precoces sofreram com chuvas de granizo e com alguma geada tardia e o restante, a porção mais alta do estado, ainda tem esperança de boa produtividade. Os moinhos do Paraná, Santa Catarina (SC) e São Paulo (SP) aguardam esse trigo, o que é positivo para os preços do produtor do RS.
No mercado interno, os atuais preços estão bastante valorizados devido à falta de produto. O trigo da Argentina terá, no máximo, 4 milhões de toneladas disponíveis, mas o governo do país não definiu políticas claras para as exportações, que seriam a chave para o Brasil. Além disso, de acordo com Ferreira, o Brasil tem um prêmio muito grande de qualidade, que é o que o país busca nas importações, já que o RS terá uma colheita em quantidade, mas sem qualidade panificável e de massas, sendo que a Austrália e a Europa também estão com problema de baixa proteína no trigo.
Com isso, o trigo de qualidade estará caro em todo o ano safra, o que indica uma boa renda para o produtor que tiver um cereal com qualidade, principalmente na segunda metade do ano safra, passando janeiro, fevereiro e março, quando seria o pico das exportações do MERCOSUL, e o Brasil teria que olhar novamente para o trigo do hemisfério norte. Porém, este ano há o agravante de não haver os estoques da Conab, a qual sempre atua a partir de abril e maio equalizando os preços internos.