DA REDAÇÃO: Açúcar se recupera no mercado internacional, mas setor mantém queda no Brasil
Em dia de recuperação geral no mercado global, o açúcar apresentou ligeiras altas no preço do produto nesta sexta-feira (13), na NYBOT (Bolsa de Valores de Nova York). Apesar da economia internacional sinalizar para um momento de compras, a expectativa é de prejuízo para o setor no Brasil.
No mercado paulista, o ATR da cana-de-açúcar está em 0,4697 (1,68% mais baixo em relação ao ano anterior), com o preço da tonelada do produto na esteira em R$ 57,20 (São Paulo) e R$ 55,30 (Paraná). “É um preço que vem acompanhando o ano passado, mas houve um aumento de gastos nesse ano, com insumos e aumento de custos indiretos. Isso reflete em uma remuneração bem inferior ao último ano”, disse João Oswaldo Baggio, presidente da G7 Commodities.
Segundo ele, a região Centro-Sul do país sofreu muito com a estiagem no início do ano, o que deve afetar a quantidade de cana produzida por hectare e a qualidade do produto. “No último relatório já acontecem perdas, com menos moagem em relação ao ano passado e o ATR um pouco mais baixo, já influenciado pela estiagem. Então, teremos uma produção menor que vai influenciar tanto no mercado interno como externo”, disse.
Estima-se que na época de maturação da cana-de-açúcar (entre dezembro e fevereiro) choveu cerca de 70% menos que em relação ao mesmo período do ano passado. “Isso afetou muito no desenvolvimento da cana, que neste período gosta de chuva e de dias ensolarados. Então, nota-se uma cana mais baixa e com menos ‘colmos’. Com isso, a produtividade fica mais baixa e vai ter quebras com relação às toneladas na proporção de etanol e açúcar. As perdas devem atingir tanto produtores como as usinas”, falou Baggio. “É uma situação preocupante”, advertiu.
Já, na produção do etanol, a questão política é a principal causadora de grandes prejuízos ao setor sucroenergético. A Petrobras compra petróleo a um preço alto internacionalmente e vende com subsídios internamente. Essa ação resulta em prejuízos à própria empresa e aos produtores de açúcar e álcool. “O álcool acompanha hoje o preço da gasolina, então muitas indústrias trabalham com margem negativa no etanol, que hoje é vendido a preço de custo. Com os preços do açúcar um pouco deprimidos, com tendência de valorizar no segundo semestre, fica difícil de se operar e investir em novos projetos para o setor”, analisou o presidente da G7.