DA REDAÇÃO: Menor produção deve acarretar mais prejuízos aos produtores de cana
Os efeitos do clima, com a estiagem prolongada que atingiu o Centro-Sul do país no início do ano (janeiro e fevereiro), provocará uma menor produção de cana-de-açúcar na região. Estima-se que a colheita acumulada desta safra na região fique em 560 milhões de toneladas, contra 585 milhões do total obtido no ano passado.
A situação é classificada como séria por Ismael Perina, presidente do Sindicato Rural de Jaboticabal (SP). A escassez de chuvas também fez com que o produto se desenvolvesse menos. "Até o momento, a produção até está segurando, mas a tendência é de que, a partir de julho, as canas colhidas mais tardiamente apresentem uma queda de produtividade", falou Perina.
O produtor alertou que o clima está muito seco no estado de São Paulo e pediu para que a população auxilie, tomando cuidado para evitar incêndios próximos às regiões canavieiras. Além de afetar a produção, o fogo neste momento pode ser bastante prejudicial ao meio ambiente. Com a mecanização das lavouras, as chances de acidentes se tornam bem maiores.
Segundo o presidente do sindicato, a remuneração para o produtor neste ano está abaixo do que aconteceu em 2013, que já foi um período classificado como péssimo para o setor. "Nós temos uma queda de produtividade, com menos cana a ser entregue e um aumento do custo que nós calculamos de cerca de 10% em relação ao ano passado. Então, essa pequena elevação no preço não suporta esse aumento nos custos. A condição do produtor de cana e das usinas, principalmente fabricantes de etanol, estão em uma condição que eu entendo como bem piores que no ano passado", comentou.
A manutenção desse período de quebra para o setor nos últimos cinco anos vem causando preocupação para o produtor. Grande parte desse problema advém de medidas políticas do governo que opta pela compra do petróleo a valores altos no mercado internacional e repassa o produto com subsídios internamente. "Isso traz um prejuízo muito grande para a Petrobras e para o setor como um todo. É um ano eleitoral e o governo alega que isso atrapalha a questão inflacionária, mas o grande dano que isso vem causando a alguns setores da cadeia produtiva pode ser maior. Entendemos que se esse investimento que é feito no exterior fosse trazido para a produção nacional tornaria esse dano seria bem menor", conclui Perina.