DA REDAÇÃO: Mau uso da tecnologia Bt pode resultar na criação de super-pragas
Há algumas semanas o Ministério da Agricultura está realizando algumas reuniões com entomologistas e profissionais ligados ao agronegócio para regularizar as áreas de refúgio no país. O grande debate está em torno de qual será a demarcação desta área para as culturas de milho, soja e algodão para tornar a prática obrigatória. O doutor em entomologia e professor da Esalq-USP, Celso Omoto, explica que essa definição está ligada ao tempo que se quer dar de durabilidade à tecnologia, pois quanto maior a área destinada ao refúgio, maior o tempo que irá funcionar.
O refúgio é utilizado para o controle de pragas, em que os produtores realizam a plantação de parte da lavoura com a tecnologia Bt e em outros locais sem. Omoto explica que essa definição cabe as empresas detentoras da técnica, e que por enquanto é de 20% para a soja. Já para o algodão era de 5% e passou para uma recomendação de 20% da lavoura.
A obrigatoriedade se tornou necessária, visto que muitos produtores deixaram de realizar o procedimento e a eficácia já está comprometida em algumas regiões, principalmente para o milho. Além disso, a recomendação foi feita sem levar em consideração a proliferação da lagarta helicoverpa armigera, uma praga nova que só está sendo incluida nos estudos recentemente. Além de perder a tecnologia, o uso inadequado também pode criar pragas super-resistentes às moléculas conhecidas.
Omoto compara a situação com a Austrália, país que tem clima próximo ao nosso e que também enfrenta o problema com a helicoverpa armigera. A recomendação inicial no país era de 70% para tecnologias Bt com apenas uma proteína. Posteriormente passou para 50%, para a tecnologia com duas proteínas.