DA REDAÇÃO: Demanda mundial crescente por rações pode ser fator de suporte para os grãos
O momento é de forte instabilidade para o mercado da soja na Bolsa de Chicago. Essa falta de direção bem definida para o andamento dos preços se dá, segundo explicou o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting, pela disputa entre a força da demanda mundial pela oleaginosa e pelo aumento da safra global, principalmente com a chegada da nova safra norte-americana.
O clima tem se mostrado muito favorável às lavouras dos Estados Unidos e, com isso, as expectativas de uma colheita recorde - com estimativas de consultorias que passam das 105 milhões de toneladas - vêm ganhando mais força e espaço no mercado. A produtividade, até esse momento, está estimada em mais de 51 sacas por hectare e as condições para as próximas semanas deverão continuar beneficando as plantações no Meio-Oeste americano.
Ao mesmo tempo, há ainda uma força e uma influência muito forte do mercado financeiro no mercado internacional de grãos nesse momento, de acordo com Brandalizze. "Eles (os fundos) deixam subir o mercado de 20 a 25 pontos e depois liquida suas posições, derrubando o mercado cerca de 15 pontos como o que aconteceu nesta terça-feira (5)", disse.
"Em Chicago, o que temos visto hoje são os preços circulando entre US$ 10,50 e US$ 11,00 e esses são patamares que todo o mercado trabalha com essa realidade de uma safra cheia nos EUA e na América do Sul, ou seja, o que tinha para cair em Chicago já caiu e, se tivermos novas quedas, não serão muito fortes", acredita o consultor.
Frente a esse quadro, o momento para o produtor brasileiro, portanto, é de bastante cautela. "Daqui para frente, o produtor brasileiro terá outras oportunidades", afirma Brandalizze. "A demanda mundial está aparecendo, basicamente, da China, e compra em dias de baixa, ganhando de US$ 500 mil a US$ 1 milhão em uma posição, fazendo isso e comprando cada vez mais", completa.
Até o momento, a nação asiática já comprou 16 milhões de toneladas da nova safra de soja dos Estados Unidos, um volume 30% maior do que o registrado no mesmo período do ano anterior, buscando atender sua demanda interna de grandes volumes de ração, o que é fator positivo para os preços. Além disso, outros compradores não tão assíduos como os chineses também têm participado mais frequentemente do mercado e isso sinaliza essa força e crescimento da demanda global pela commodity.
"A Ásia está participando mais do mercado porque sofreram com o clima nas áreas de arroz da Índia, Vietnã, Tailândia e, parte desse arroz que é colhido no continente também vai para a produção de ração. Toda a Ásia é grande produtor de suínos e frango e, como já se comenta que a produção indiana de arroz pode ser de 10 a 15 milhões de toneladas menor, é menos volume de produto que sobra para ração", explicou Vlamir Brandalizze.