DA REDAÇÃO: Com alta produtividade, produtor dos EUA já sofre prejuízos de US$ 250/ha no milho

Publicado em 19/08/2014 19:34 e atualizado em 20/08/2014 10:22
Direto do Corn Belt: Lavouras norte-americanas têm alta produtividade, mas preços baixos do milho já dão prejuízo de 250 dólares por hectare. Soja ainda empata, mas se cair a US$ 9,50 também dará prejuízo nesta temporada. A safra de milho neste ano deve ser maior que a do ano passado no EUA.

A nova safra de soja e milho dos Estados Unidos se desenvolve muito bem nesta temporada 2014/15. Direto do Corn Belt, no Meio-Oeste americano, principal região produtora de grãos do país, o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting, relatou um cenário de lavouras de excelente qualidade e alta produtividade. A atual fase é a de enchimento de grãos e o clima tem favorecido o bom desenvolvimento das plantações.  

"Os indicativos de uma grande safra americana estão se confirmando. Em todos os quilômetros que já percorremos aqui no Meio-Oeste americano as lavouras que vimos estão muito boas", disse Brandalizze, de Champaing, no estado de Illinois.

Assim, a safra de grãos dos EUA caminha para atender os últimos números estimados pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) tanto para a soja - em mais de 103 milhões de toneladas, número que poderia ser superado, segundo produtores locais e atingir as 105 milhões de toneladas - e algo entre 350 e 360 milhões de toneladas para o milho, com uma produtividade para o cereal acima das 211,67 sacas por hectare (200 bushels por acre).  

O único problema climático pelo qual poderiam passar os agricultores norte-americanos a esta altura seria a ocorrência de geadas precoces, principalmente nas lavouras plantadas um pouco mais tarde. "Se essas geadas não vierem, essa será uma safra cheia, não tem mais volta. Algumas áreas ficaram de quatro a cinco semanas sem chuvas, mas os bons níveis de umidade do solo compensaram essas condições.  Os produtores não devem nem mesmo enfrentar problemas no momento da colheita, eles investiram muito em tecnologia e têm maquinários novos, ou seja, estão preparados para colher esta safra muito rapidamente", disse Brandalizze. 

Preços

Assim como no Brasil, a comercialização da nova safra nos Estados Unidos também está mais lenta do que em anos anteriores. O país tem, até esse momento, cerca de 20 a 25% de sua safra já negociada, contra uma média para esse período de 40 a 45%, ainda segundo o consultor. Alguns produtores norte-americanos ainda não venderam nada dessa nova temporada, acreditando em preços próximos aos que foram praticados no ano passado, outros esperam colher para vender e há aqueles que venderam apenas uma pequena parte. 

Vlamir Brandalizze explicou ainda que, com os atuais patamares de preços, o produtor norte-americano já amarga um prejuízo de US$ 250,00 por hectare no caso do milho e assim as vendas acabam ficando inviáveis nesse momento. No caso da soja, o preço mínimo que seria "suportado" pelos agricultores seria o de R$ 9,50 por bushel na Bolsa de Chicago. 

Além disso, os produtores norte-americanos enfrentam também um alto grau de endividamento por conta da aquisição de novas máquinas - e já há parcelas vencendo - além de um alto valor de arrendamento, número que também entram na conta na hora de definir a comercialização. 

Brasil x EUA

No Brasil, para Vlamir Brandalizze, o produtor acaba sendo privilegiado pois, em muitos locais, tem a possibilidade de trabalhar com duas safras, o que acaba criando mais oportunidades de vendas e, consequentemente, de acerto nos negócios. 

"E vemos que as cotações que estão sendo praticadas no mercado futuro de portos, de R$ 58,00 a R$ 60,00 (por saca de soja) com entrega março/maio de 2015, na maioria das regiões brasileiras, ainda vão continuar dando lucros aos produtores, ao passo que, nos Estados Unidos, o produtor teme que, ao chegar na colheita, esse grande volume de milho e soja a entrar possa pressionar o mercado, e eles não conseguem enxergar o lado da demanda", explica o consultor da Brandalizze Consulting. 

Com esse cenário, a orientação de Brandalizze é de que o produtor, assim como tem feito nesse momento nos Estados Unidos, evite uma pressão de venda, o que resulta em uma valorização dos prêmios, já que a demanda deve continuar muito aquecida. "Como nós ainda temos mais tempo do que eles, temos oportunidade de cotações um pouco mais altas", diz. "Além disso, temos ainda a questão cambial e a possibilidade disso ser outro fator positivo", completa. 

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Por:
João Batista Olivi // Carla Mendes
Fonte:
Notícias Agrícolas

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