Discurso de Dilma Rousseff responde o que nem lhe foi perguntado, diz Telmo Heinen

Publicado em 09/03/2015 09:24
Um desses obstáculos é a necessidade de o produtor se encaixar no sistema integração lavoura-pecuária-floresta, por exemplo, e há produtores não interessados nesse sistema. "O pecuarista tem um pasto degradado e quer fazer uma lavoura, mas não necessariamente ele quer fazer uma floresta, então um dos três pés do tripé fica faltando", explica Heinen. "Esse é um dos motivos que levam o produtor a desistir do crédito no Programa ABC, mesmo com o aumento no limite de 2 milhões para 3 milhões de reais", completa. Além disso, há ainda a sazonalidade do mercado para cada cultura e isso também desestimula o produtor rural em determinados casos, como no cultivo de eucalipto, por exemplo, que exige elevados custos de produção e tem momentos de preços que não são remuneradores o suficiente. "Na prática acontece o seguinte, as pessoas que fizeram financiamentos para plantar eucalipto e outras florestas, agora que chegou a época da colheita não tem mercado, não tem preço e isso desanima", declara Telmo. Dessa forma, o produtor opta por não investir nesta linha de crédito, ao mesmo tempo em que as outras formas de financiamento estão com seus volumes esgotados.

Em seu pronunciamento realizado ontem (8), a Presidente Dilma Rousseff - que era para falar sobre o Dia Internacional da Mulher - usou o espaço em rede nacional para tentar explicar algumas atitudes de seu governo. Houve manifestações (panelaço) em alguns estados do país com as declarações de que as críticas sobre a atual situação política eram exageradas.

De acordo com Telmo Heinen, a presidente utilizou daquele momento para responder questões a quais não foram perguntadas, e não reconheceu as atitudes equivocadas de seu governo. "Eles não tem coragem de escolher outro dia da semana para responder aos questionamentos da crise nacional, então ela quis aproveitar o Dia Internacional da Mulher - e por sinal falou muito pouco sobre o tema - se referindo mais a crise, só que não fez uma autocrítica, falando até da culpa da crise de 1929. E a economia na gestão dela praticamente nenhuma palavra", declarou com indignação.

Para ele, a presidente precisaria ser mais sincera e clara com as suas atitudes, para que dessa forma a população possa dar a paciência a qual ela solicitou e não declarar apenas que "precisamos arrecadar mais para fazer frente às conquistas sociais que já foram implantadas", e ainda dizer que os 'sacrifícios' que a sociedade tem enfrentado nos últimos meses foram feitos de forma igualitária a todos os setores do país.

Nesta terça-feira (10), provavelmente, será apreciado o veto ao aumento no desconto do imposto de renda e, sendo derrubado, a atitude seria uma indicação de que o litígio entre o executivo e legislativo está aumentando, oq eu intensifica ainda mais a fragilidade do governo. 

Além disso, há ainda as discordâncias que apareceram com as denúncias da Operação Lava-Jato, Petrolão e a lista divulgada pelo Procurador-Geral, Rodrigo Janot. Segundo Telmo, "costumeiramente antes de serem denunciados para investigação, pessoas que ocupam cargos importantes são chamadas pelo Procurador da República chama os acusados e para uma sindicância - para chegar a conclusão se os fatos eram verídicos ou não". No entanto, o contrário aconteceu e os nomes foram encaminhados diretamente à polícia federal, deixando os envolvidos descontentes com a postura do governo. 

Da lista de Janot, alguns nomes o surpreenderam como o do deputado federal Sandes Júnior (PP - GO), o deputado federal Roberto Balestra (PP - GO) - dono de uma usina de álcool e açúcar no estado do Goiás e atuante na Frente Parlamentar da Agricultura - e o deputado federal Luis Carlos Heinze (PP/RS). "Fico admirado porque durante os casos de delação premiada, foi noticiado com ênfase que a delação só propiciaria diminuição de pena para o delator caso ele apresente fatos verídicos, então fico em dúvida se isso foi levado em conta dessa maneira, ou se mais uma vez só foi considerado o mérito da questão e o rito processual" considera.

 

Crédito aos produtores rurais 

Depois das eleições de 2014, segundo Telmo Heinen, o governo reduziu significativamente a liberação de creditos aos produtores, e muitas liberações estão paradas aguardando verba "isso levou o Ministério da Agricultura a se mobilizar e descobrir onde tem verba parada e uma delas é a destinada ao programa ABC (Agricultura de Baixo Carbono), a qual tem diversos empecilhos práticos que levam o produtor a desistir", afirma.

Um desses obstáculos é a necessidade de o produtor se encaixar no sistema integração lavoura-pecuária-floresta, e há produtores não interessados nesse sistema. "O pecuarista tem um pasto degradado e quer fazer uma lavoura, mas não necessariamente ele quer fazer uma floresta, então um dos três pés do tripé fica faltando", explica Heinen. "Esse é um dos motivos que levam o produtor a desistir do crédito no Programa ABC, mesmo com o aumento no limite de 2 milhões para 3 milhões de reais", completa.

Além disso, há ainda a sazonalidade do mercado para cada cultura e isso também desestimula o produtor rural em determinados casos, como no cultivo de eucalipto, por exemplo, que exige elevados custos de produção e tem momentos de preços que não são remuneradores o suficiente. 

"Na prática acontece o seguinte, as pessoas que fizeram financiamentos para plantar eucalipto e outras florestas, agora que chegou a época da colheita não tem mercado, não tem preço e isso desanima", declara Telmo. Dessa forma, o produtor opta por não investir nesta linha de crédito, ao mesmo tempo em que as outras formas de financiamento estão com seus volumes esgotados.

Já segue nosso Canal oficial no WhatsApp? Clique Aqui para receber em primeira mão as principais notícias do agronegócio
Por:
Carla Mendes e Larissa Albuquerque
Fonte:
Notícias Agrícolas

RECEBA NOSSAS NOTÍCIAS DE DESTAQUE NO SEU E-MAIL CADASTRE-SE NA NOSSA NEWSLETTER

Ao continuar com o cadastro, você concorda com nosso Termo de Privacidade e Consentimento e a Política de Privacidade.

0 comentário