Produtor de leite em GO registra queda de mais de 40% nos preços desde julho enquanto queda para consumidor é menor que 20%

Publicado em 17/10/2016 17:57
Importação de leite em pleno período de retomada da captação no mercado interno pode pressionar ainda mais as cotações

O setor leiteiro do Brasil apresenta grande preocupação com o desestimulo à produção, ocasionado por fatores como as importações de leite em pó sem limite de cotas proveniente do Uruguai e a queda de mais de 40% do valor pago ao produtor pelo leite longa vida e outros derivados lácteos.

De acordo com Edson Novaes, gerente de assuntos técnicos e econômicos da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), o mercado do leite apresenta um comportamento atípico que segue desde o mês de julho. Do consumidor para a indústria, a queda foi de apenas 18%, mas agora, o "produtor está arcando com queda de preço em nível superior. É desestimulador para que o produtor possa continuar investindo e aumentando a produção", destaca. Esta questão, portanto, inviabiliza os planejamentos para o próximo ano.

Por outro lado, o Brasil possui um acordo de importação de leite em pó com a Argentina de 3 a 4 mil toneladas por mês, mas o leite em pó uruguaio também está entrando no mercado brasileiro em altos níveis, chegando até a 10 mil toneladas. "No acumulado do ano, importamos mais do que nos últimos 16 anos. Isso dá mais que 1 bilhão de litro de leite fluido que o produtor nacional poderia estar produzindo", explica o gerente. Esta medida vem em seguida de uma autorização do Ministério da Agricultura (Mapa) de reconstituição de leite em pó para transformar em leite longa vida.

A autorização cedida pelo Mapa vem em sequência de uma queda na produção de leite em mais de 22 estados, mas Novaes lembra que a queda se originou justamente no desestímulo sofrido pelos produtores em relação às altas e baixas para o leite. "É impossível qualquer produtor trabalhar com uma política de médio a longo prazo se ele não tem a estabilidade dos preços durante um ano", diz. No estado de Goiás, essa queda foi de 16%.

O custo de produção muito elevado também é um fator que faz com que os produtores enfrentem dificuldades com a produção. Os altos preços do milho e da soja, que compõem mais de 40% do custo de produção, foram fatores desestimuladores.

Novaes sugere que as importações sejam freadas para que o produtor possa continuar sendo estimulado a melhorar a sua produção - ou que, ao menos, seja estabelecida uma cota para a importação do Uruguai. Ele aponta também a necessidade de criação de medidas junto ao governo para que possam consertar os erros da atividade e melhorar a relação formal dos produtores com a indústria, além de um suporte de estabilidade para os preços do leite ao longo do ano.

Primeiro Encontro Estadual de Empreendedores do leite

Nesta semana, o estado de Goiás recebe o Primeiro Encontro Estadual de Empreendedores do Leite, promovido pela Faeg. O encontro começa na quarta-feira (19), com a participação de técnicos, que receberão informações importantes para melhorar a atividade, que devem ser levadas aos produtores. Na quinta-feira (20), será realizado um grande evento no Clube de Pesca Lago Verde, para mais de 1200 produtores de leite, que irá trabalhar questões como o investimento do capital social, a gestão de pessoas, a situação da produção de leite em Goiás e no Brasil e que também trará exemplos de produtores que obtiveram sucesso na atividade, mostrando pontos positivos e negativos.

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Por:
Aleksander Horta e Izadora Pimenta
Fonte:
Notícias Agrícolas

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1 comentário

  • BARTOLOMEU ROGERIO RODRIGUES NETO Jataí - GO

    Gostaria de uma informação: de julho para cá os preços do leite ao consumidor só tem aumentado, hoje aqui em Goias chega-se a pagar R$ 3,70 no litro ... e aonde está essa baixa? alguém me explique e obrigado.

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    • Carlos William Nascimento Campo Mourão - PR

      Aqui no Paraná tem leite marca Tirol vendido por R$1,79 . Esta decisão do Blairo Maggi em abrir as importações de leite em pó está destruindo o setor produtivo do leite. Temos que dar nome ao responsável, ou responsáveis. Michel Temer e Blairo Maggi. Assim como no trigo, de agora em diante o Brasil dependerá de países estrangeiros para tomar leite. Não produzimos pão suficiente, nem feijão, nem arroz, nem leite, nem frutas. O foco é produzir comida de bicho. Ração. Vejam nos campos e notem o que é plantado para alimentar bicho e o que é plantado e produzido para alimentação humana? Eu sei que a carne será consumida por pessoas, mas primeiro vamos alimentar os animais. O Brasil não vai alimentar o mundo. Vai sim alimentar os suínos e aves lá na China. Enquanto isso o povo toma leite rehidratado sabe-se lá de onde. Milhares de famílias estão deixando a única atividade que segurava o pequeno agricultor na lavoura. Parabéns Temer e Maggi. Conseguiram liquidar o ganha pão de milhares de pequenos agricultores.

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    • Tiago Gomes Goiânia - GO

      Concordo! Blairo Maggi e Temer serão, se não tomarem nenhuma medida urgente, os grandes responsáveis pela quebra definitiva da pecuária leiteira do país. Irresponsável a atitude deles cedendo ao lobby dos grandes laticinios. A queda foi brusca 40% em dois meses em plena seca. Nunca vimos isso antes, não há conta que feche. Em breve veremos um desastre anunciado na cadeia leiteira.

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    • Rodrigo Polo Pires Balneário Camboriú - SC

      A única coisa que Blairo Maggi entende é de financiamentos do BB e do BNDES. Agora ele realiza o sonho dele, aniquilar com médios e pequenos que para eles não valem nada. Depois vem com aquela conversinha da modernização, da eficiencia produtiva, da gestão, etc... tire a teta desses caras e não sobra nem o bagaço.

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    • Sebastiao Valero Tupassi - PR

      Esses dois vão acabar com a agricultura familiar

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    • carlo meloni sao paulo - SP

      Se existisse um sindicato que orientasse os produtores a repassar todo excesso de leite de outubro para engordar a bezerrada , este tipo de situaçao nao existiria.

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