Agroindústrias brasileiras estão longe da realidade de fechamento ocorrida nos Estados Unidos

Publicado em 22/04/2020 15:54 e atualizado em 22/04/2020 16:27
Douglas Coelho - Sócio da Radar Investimentos
Segundo analista, há risco de contaminação, mas características do parque industrial brasileiro é diferente do americano e não oferece risco de falta de oferta de carnes

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Entrevista com Douglas Coelho - Sócio da Radar Investimentos sobre o Coronavírus e as Agroindústrias

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Diferente da realidade vivida nos Estados Unidos, onde grandes plantas processadoras de carne estão fechando por contaminação de coronavírus entre funcionários e reduzindo a oferta de carne no país, o Brasil não deve passar pelo mesmo sufoco, segundo Douglas Coelho, sócio da Radar Investimentos. De acordo com ele, as características da agroindústria brasileira de carnes são muito diferentes das americanas, e isso pode representar a chave para que o país não tenha o mesmo cenário.

Ele explica, por exemplo, que apenas uma das plantas da Smithfield Foods que teve as atividades suspensas nos Estados Unidos, representa queda na oferta de até 5% da carne suína para todo o país. Além dessa, plantas da JBS e Tyson Foods também pararam por contaminações de coronavírus entre os trabalhadores. Conforme informações da Bloomberg, o fechamento destas empresas combinados representam queda em torno de 15% da capacidade americana.

Segundo Coelho, no Brasil as plantas são mais pulverizadas geograficamente, contando com unidades em diversas regiões, ao contrário dos Estados Unidos, onde as indústrias ficam em áreas mais concentradas.

Outro aspecto ressaltado por ele é o tamanho das unidades brasileiras, que são menores que as americanas. "Caso uma precise ter as atividades suspensas, outra assume essa demanda, é algo bem flexível", disse.

"A chance de parar é pequena, porque a população necessita de alimento, e se isso acontecesse, iria agravar ainda mais essa situação. A gente tem grande disponibilidade de grãos, um parque fabril flexível, proteína relativamente barata, e acho que esse setor deve sair pela tangente detsa crise", disse. 

Devido à redução da demanda pelas proteínas animais, motivada pelo rechamento de escolas e cadeias de foodservice, a produção pode ser reduzida, mas de acordo com Coelho, deve haver recuperação no segundo semestre.

"Podemos sentir mais para maio, junho uma redução na produção, e na suinocultura um pouco mais pra frente, mas deve haver uma recuperação no segundo semestre em V ou em U, porque eventos que deveriam acontecer no primeiro semestre estão sendo concentrados no segundo, e porque gradativamente os setores fechados devem voltar a funcionar".

GABINETE DE CRISE MONITORA SETOR

De acordo com nota da Associação Brasileira de Proteína Animal sobre o impacto de contaminações de funcionários nas agroindístrias, a entidade informou que "está monitorando por meio de diversos comitês temáticos constituídos para o enfrentamento da crise de Covid-19, onde são definidos e constantemente atualizados protocolos para a preservação da saúde dos colaboradores e de todos os envolvidos no sistema produtivo". 

A nota diz ainda que as medidas de proteção já vinham sendo adotadas pelas empresas associadas desde antes da quarentena instituída nos estados, como, por exemplo, o afastamento de funcionários em grupo de risco, monitoramento da saúde dos que permanecem nas funções e reforço nas medidas de higiene. 

O QUE DIZEM AS MAIORES DO PAÍS

Segundo comunicado da assessoria de imprensa da BRF, a empresa decidiu não divulgar os casos de funcionários com testes positivos para a Covid-19. A Companhia informou que os colaboradores nesta situação foram afastados imediatamente de suas funções e estão recebendo o tratamento adequado e suas famílias também estão sendo assistidas.

A empresa salientou que desde o início da pandemia colocou em prática uma série de medidas e procedimentos, com o suporte e orientação do renomado infectologista Dr Esper Kallas, para proteger seus colaboradores e manter o abastecimento ao mercado.

No caso da JBS, também não houve resposta em relação a número de funcionários com diagnóstico confirmado ou suspeito, e em nota, a assessoria também informou que está tomando as medidas preconizadas pela Organização Mundial da Saúde, como distanciamento no trabalho, afastamento de trabalhadores em grupos de risco, reforço nas orientações sobre higiene, entre outras. 

"No caso em que um colaborador da JBS teste positivo para Covid-19, a empresa prestará imediato atendimento e total apoio a ele e seus familiares, com acompanhamento integral até seu restabelecimento. Nesse período, conforme orientam os órgãos de saúde, o colaborador será afastado de suas atividades".

 

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Por:
Letícia Guimarães
Fonte:
Notícias Agrícolas

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