Greening: Flórida terá menor safra de laranja desde 2005; Fundecitrus alerta para avanço rápido da doença, que pode comprometer produção no Brasil

Publicado em 21/01/2022 15:57 e atualizado em 21/01/2022 16:49
Renato Bassanezi - Pesquisador Científico do Fundecitrus
No Brasil, maior preocupação é com a área de produção em São Paulo, e produtor precisar atento aos manejos necessários para combater avanço da doença

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Entrevista com Renato Bassanezi - Pesquisador Científico do Fundecitrus sobre as Consequências do Greening dos EUA e Brasil

A nova estimativa da safra de laranja 2021/22 da Flórida (EUA), divulgada em 12 de janeiro pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), foi mais uma vez reduzida, agora em 3% em relação a dezembro. A previsão é colher 44,5 milhões de caixas, a menor produção desde a identificação do greening no estado, em 2005 – com exceção da safra 2017/18, que foi extremamente afetada pelo furacão Irma e terminou em 45 milhões de caixas. A taxa de queda projetada é de 39%.

A diminuição da produção e da produtividade são consequências diretas da altíssima incidência de greening, estimada em mais de 90% (veja no gráfico abaixo como a doença vem impactando as safras ao longo dos anos). A produção atual de laranja dos Estados Unidos corresponde a menos de um terço do que se produzia há 20 anos, e a área plantada é 40% menor, com queda no consumo, exportação e processamento, de acordo com o último relatório do USDA sobre os principais mercados.

Impacto sobre a qualidade do suco

A Flórida já foi referência na produção de suco de laranja. No entanto, a forte presença do greening tem alterado o sabor dos frutos e a qualidade do suco, já que a doença provoca aumento da acidez e amargor e redução do teor de sólidos solúveis (°Brix).

De acordo com publicação do portal norte-americano Citrus Industry, citricultores e processadores de suco da Flórida tem reportado baixos níveis de °Brix ao longo da safra (9.83), com variedades precoces e meia-estação apresentando níveis menores que os do ano passado e do que a média histórica – no Brasil, o °Brix mínimo para o suco de laranja é 10 (IN nº37 do MAPA, de 01/10/2018). A reportagem diz que produtores já buscam outras variedades além da Hamilin, que tem sofrido com a queda de °Brix desde que o greening se tornou endêmico no estado.

Segundo estudo publicado em 2015 pelo Laboratório de Pesquisa em Horticultura do USDA, mais de 45% das pessoas detectam alteração de sabor do suco quando pelo menos 25% dos frutos vêm de plantas com greening.

Há alguns anos, o suco de laranja da Flórida tem sido misturado ao suco produzido em outras partes do mundo, como México e Brasil, para driblar a alteração de sabor.

O pesquisador do Fundecitrus Renato Bassanezi diz que essas informações devem servir como um alerta para que o citricultor de SP e MG se empenhe no controle do greening.

“O aumento de plantas doentes leva à redução da produção e compromete sua qualidade, e o produtor tem que estar atento para que seu pomar não chegue nessa situação. Para isso é preciso seguir o manejo realmente rigoroso dentro e ao redor da fazenda”, orienta. “Se o controle interno não estiver sendo eficiente, é necessário identificar em que práticas pode estar havendo erros. Os mais observados têm sido uso excessivo e contínuo de inseticidas do grupo dos piretóides, falhas de cobertura na aplicação dos produtos em pomares recém-plantados e adultos, com pulverizadores muito distantes das plantas e que não conseguem atingir o topo das árvores, e intervalos longos demais entre as aplicações no período de brotação”, comenta.

 

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Por:
Virgínia Alves
Fonte:
Notícias Agrícolas

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