Covid trouxe ganhos para o mercado do leite, diz Paulo Martins, da Embrapa Gado de Leite

Publicado em 30/12/2020 10:27 e atualizado em 02/01/2021 19:43
Paulo Martins - Chefe-Geral da Embrapa Gado de Leite
Perspectiva é de continuidade na demanda para 2021, mas pressão nas margens pelos altos custos de perodução

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Mercado do leite teve que se reorganizar em 2020, diz especialista

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Para o chefe geral da Embrapa Gado de Leite, Paulo Martins, o ano de 2020 foi marcado pela reinvenção do mercado do leite, desde a ponta produtora, passando pela indústria, até o consumidor. A pandemia do coronavírus motivou as mudanças, que envolveram redirecionamento de produção para determinados tipos de produtos do leite à alteração de hábitos de consumo.

Martins relembra que no início do ano, as perspectivas eram favoráveis, mas que desde dezembro de 2019 já havia indicativos de que a cadeia poderia sofrer com volumes disponíveis ou preços dos grãos. 

"Em março, quando houve o agravamento da pandemia, o consumidor, prestes a entrar em uma situação de lockdown, correu ao mercado para comprar o leite UHT. Abril também foi um mês de excelente produção e demanda. Este comportamento, de certa forma, foi positivo, mostrando como o leite é parte essencial da alimentação", disse.

Com essa temporária mudança de condumo mais voltada para o leite líquido e menos para outros derivados, além do fechamento das redes holeteiras, de foodservice e de escolas, um novo direcionamento teve de ser feito na produção. 

"Além da mudança da produção, mais voltada para o leite líquido, os canais de distribuição também precisaram ser alterados. Quem trabalhava no esquema business to business, ou seja, diretamente fornecendo para hotéis, restaurantes, escolas, teve de reformular a cadeia", contou.

A partir de maio/junho, conforme explica Martins, a população que estava em isolamento em casa passou a retomar o consumo de produtos como doce de leite, leite condensado e queijos, o que melhorou as margens para o setor, já que se trata de produtos com maior valor agregado. 

"Esse consumo interno, somado à questão do dólar alto, o que tornou um fator de proteção ao mercado brasileiro contra o leite em pó importado, fez com que os preços pagos ao produtor fossem altos durante o ano", afirmou. 

Entretanto, com a estiagem atingindo algumas bacias leiteiras do Brasil, principalmente na região sul do país, foi preciso suplementar por mais tempo a alimentação das vacas com ração devido à má qualidade das pastagens. Com os preços do milho e farelo de soja em patamares altos, as margens de lucro do produtor foram prejudicadas. 

"Para o primeiro semestre de 2021, não há como pensar em um cenário de mercado descartando a pandemia. Acredito que o consumo deva continuar, mesmo se o auxílio emergencial for suspenso. O que deve seguir pressionando as margens do produtor não é um possível esfriamento da demanda, mas sim a continuidade na alta dos custos de produção", apontou Paulo Martins.

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Fonte:
Notícias Agrícolas

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