Preço do leite pago ao produtor cede no pagamento em setembro, com aumento da oferta e recuo na demanda

Segundo informações da analista de mercado da Scot Consultoria, Jéssica Olivier, o preço do leite pago ao produtor em setembro, referente ao produto captado em agosto, teve queda de 6% em relação ao pagamento anterior. O valor é referente a uma média realizada pela Consultoria em 18 Estados produtores, chegando a uma média de valor de R$ 2,79 por litro.

De acordo com ela, este recuo vem como resultado de uma elevação na captação, que começou pelas bacias leiteiras do Sul do país e que deve seguir melhorando, inclusive na região mais central do Brasil. Para se ter ideia, segundo dados da Consultoria, em agosto deste ano, o volume de leite captado (média nacional) aumentou 7,4% em relação ao mês anterior.

Além disso, houve um recuo na demanda no varejo, uma vez que os preços do leite vieram em travetória de alta intensa até agosto, fazendo com que o produto, inclusive, se tornasse "vilão" entre a cesta de consumo básica do brasileiro em reportagens na mídia generalista. Glauco Carvalho, pesquisador da Embrapa Gado de Leite chegou a pontuar em um relatório da instituição que "a inflação comprometeu o poder de compra dos salários e impôs dificuldades para o mercado assimilar o aumento dos preços, o que causou redução significativa da demanda".

Além disso, conforme aponta Jéssica, em momentos de pico de alta do leite no mercado interno, a importação do produto de países vizinhos, como Argentina e Uruguai, acabou ficando mais competitiva, ajudando a pressionar os preços no Brasil para baixo. Ela afirma que, em agosto, o volume importado de leite foi de 18 mil toneladas e, em setembro, 21 mil toneladas.

A perspectiva para o pagamento de outubro, referente ao leite captado em setembro é de possíveis recuos, uma vez que o escoamento segue prejudicado, aponta a analista da Scot Consultoria. "Para o pagamento a ser realizado em novembro/22 (produção entregue em outubro/22), os preços podem cair mais, devido à melhora na captação, principalmente na região Central do país, com o retorno das chuvas e melhora na qualidade das pastagens", explica.