Direto da China: Incentivo ao consumo interno chinês vai beneficiar agronegócio brasileiro

Publicado em 17/01/2017 12:09
Confira a entrevista de Roberto Dumas Damas - Economista e Professor do Insper
Depois de estimular exportações, incrementar investimentos, governo chinês mira agora no consumo para expandir economia

Com a entrada de Donald Trump a presidência dos Estados Unidos, o que irá ocorrer nesta semana, na sexta-feira (20), muitos são os fatores que poderão trazer mudanças para a economia mundial. 

O economista e professor do Insper, Roberto Dumas Damas, não acredita em uma guerra cambial de imediato, portanto. Ele lembra que os chineses estão mais conscientes, esperando os próximos acontecimentos que seguirão após a posse de Trump. Ainda há um questionamento para saber "até que ponto Trump está blefando?" e, se as medidas defendidas por ele forem colocadas em prática, a China deve responder à altura. Com isso, o governo chinês pode deixar o mercado trabalhar e gerar uma depreciação cambial.

A situação, na avaliação do economista, é boa e ruim para o Brasil ao mesmo tempo. Considerando a nação em geral e outros setores exportadores, o cenário da balança comercial deve ficar pior. No entanto, o agronegócio deverá se beneficiar nesse jogo, uma vez que a China pretende estimular sua economia tomando o consumo como base.

Damas também critica a atitude prometida por Trump de protecionismo, atuando contra as importações, uma vez que a maior parte dos americanos se beneficia de um mercado que importa matéria-prima e faz produtos mais baratos. Ele lembra que a política de substituição de importações existia na década 70 e que "minorias organizadas prejudicam maiorias desorganizadas", uma vez que as empresas norte-americanas teriam de se rearranjar em toda a sua cadeia de suplementos. "Se a gente compra o fator Trump a valor de face, eu não vejo nenhum momento positivo como um todo para a economia mundial", diz.

Uma tarifa de importação sobre os produtos chineses por parte dos Estados Unidos seria uma atitude que teria uma reação mais lenta na China. Por outro lado, isso poderia ser um ponto positivo para a América Latina, pois os chineses poderão especular um acordo de livre comércio com o continente. "O Trump não arrefeceu nem um pouco o discurso dele, mas o governo chinês não pode fazer nada de sopetão", aponta.

O interesse do governo chinês, na avaliação do economista, é rebalancear o modelo econômico do país. A China sabe que não cresce mais por exportação e nem por investimento. Logo, o consumo se tornou a chave da vez como motor de uma economia em crescimento. Desta forma, é nesta parte na qual o setor do agronegócio se beneficia, pois a demanda por soft commodities tende a aumentar. Em termos de preço, é uma questão de oferta e demanda, porém.

Para se equilibrar no cenário impulsionado por Trump, existe uma grande possibilidade de o Brasil trabalhar com valor agregado nos produtos para que as exportações, assim, aumentem e tragam maior firmeza para a balança comercial dentro do país. Damas diz que "não é o Brasil que vende para a China, é a China que compra para o Brasil" e constata que falta uma ação mais agressiva de venda por parte dos brasileiros, que chegam despreparados aos países asiáticos. Como base nos negócios realizados pelos chineses, os brasileiros devem conhecer por meio de contato prévio as empresas e pessoas com quem desejam negociar para, só então, fazer contato pessoal para fechar negócio.

Ele defende que os frigoríficos cheguem na China e realizem um lobby por lá. Um escritório de representação, na visão do economista, também seria um bom ponto para aproveitar o momento que paira sobre o mercado. "Não adianta achar que vai ser natural e que vai ter uma mudança de oportunidade. Tem que ir atrás para fazer acontecer também", aconselha. "O brasileiro está na hora de pensar na frase de Richard Nixon, follow the money ( siga o dinheiro)".

Em um cenário contrário ao que pode acontecer em relação ao dólar e demais moedas do mundo, o real, por sua vez, pode se valorizar por conta de uma diminuição no Risco Brasil, com uma perspectiva de ajuste fiscal à frente. Considerando o cenário atual, o economista acredita que a tendência até o final do ano é que o real tende a apreciar, encerrando 2017 por volta de R$3,15 a R$3,17.

Damas ainda aconselha os produtores a tentar realizar uma venda de safra futura para os chineses. "Ir para a China e se colocar pronto para vender", diz. "Procurar potenciais compradores antes e travar o preço". Ele destaca que os problemas de infraestrutura ainda assolam os produtores, mas que os chineses vão precisar de alimentos e, aqui, eles podem comprar. "Agora que os Estados Unidos voltou ao menos um século atrás, o Brasil tem que aproveitar o apetite chinês", afirma.

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Por:
Aleksander Horta e Izadora Pimenta
Fonte:
Notícias Agrícolas

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1 comentário

  • antonio carlos pereira Jaboticabal - SP

    Nós Produtores Rurais devemos muito ao ex Presidente Lula por ter aberto o mercado com a China, e também mundial, FHC só tinha mercado com os Estados Unidos. Lula soube seguir o Plano Real do ITAMAR, já o FHC entregou o Pais quebrado para o Lula, não seguiu o Plano Real do Itamar. Queira ou não queira essa é a verdade !

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    • EDMILSON JOSE ZABOTT PALOTINA - PR

      Antônio Carlos , vai se catar , pra não ter tirar um palavrão maior pela sua ignorância e prepotência em defender este "Verme do Lula". Você acha que agronegócio inuciou no Mandato do Lula e seus comparsas que quase todos estão presos . O agricultor a muito e muitos anos vem sendo o grande Pilar de Sustentação dá Economia do Brasil. Você não deveria estar morando no Brasil , você deveia estar morando em Cuba. Antes de falar estes absurdos você deveria estudar melhor a economia do Brasil . E se informar porque os Paus mandados do Lula estão presos .

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    • leandro carlos amaral Itambé - PR

      Devemos mesmo ao ex presidente LULA,devemos mandar ele pra CADEIA.....

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    • Tiago Gomes Goiânia - GO

      Antonio Carlos nada haver o que vc falou. Vc tá mais pra torcedor do Lula que qualquer outra coisa.

      É bem verdade que os 13 anos do PT no poder não foram assim tão ruins, pelo contrário. Obviamente o conservadorismo do agronegocio nunca deixará admitir isso. Independente de qualquer coisa o setor tem que manter a compustura e odiar sem medo o dito governo comunista.

      Mas com relação ao mercado chinês evidentemente Lula nada ou pouivo em haver com isso.

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    • Tiago Gomes Goiânia - GO

      Muitos desavisados juram que o mst, cut, índios, etc ditaram as regras no governo petista.

      Mas com um pouco de lucidez veremos que quem eram os verdadeiros compadrios dos petista, tinham livre acesso ao palácio do planalto e cadeira cativa em decisões de todos os tipos eram bumlai (o tradicional pecuarista sul mato grossense) blairo (muito café da manhã com Lula), Katia Abreu (carne e unha com Dilma ).

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    • Paulo Roberto Rensi Bandeirantes - PR

      "toninho" VOCÊ VOLTOU !!! ... QUANTA "GENEROSIDADE" NO PALAVREAR !!!

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    • José Aloisio Bom Jesus de Goiás - GO

      António,antes de falar de assuntos que não sabe ,melhor pesquisar antes! Pois que criou o plano real foi o FHC,então ministro da economia do governo Itamar,aliás se realmente tiver interesse e procurarar saber , vai ver que muitas coisas do governo do lula, ele so deu continuidade, ao que o FHC criou!

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    • Rodrigo Polo Pires Balneário Camboriú - SC

      Tiago, você faz uma confusão danada nesse seu comentário, MST, CUT, Cimi, não os indios, decidem sim, até hoje. Kátia Abreu, Blairo Maggi, Carlos Bunlai, estavam unidos à Lula com outros interesses. Toda a FPA aliás via tudo e ficava quietinha por que Lula atendia todos os seus interesses, e os interesses dessa gente nunca foi o Brasil, nem os produtores.

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    • Liones Severo Porto Alegre - RS

      Quando Lula foi a China em abril de 2004, eu já estava lá e tinha feito o primeiro negocio de 10 navios de produtores brasileiros diretamente para empresa estatal chinesa.

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    • Rodrigo Antonio Noro Ipiranga do norte - MT

      isto é incrivel ainda tem gente que pucha o saco do molusco como tem bestas por ai

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    • Tiago Gomes Goiânia - GO

      Prezado Rodrigo,

      Tiro o Bumlai dessa lista vc tem razão. Agora Blairo emuitos da bancada ruralista, principalmente do mato grosso como disse uma vez um dirigente do MST tinham cadeira cativa e conseguiam um bucado de agrados para o setor em troca lógico de capital politico. Leilões e mais leilões de PEP de milho que sairam do mato grosso rumo ao nordeste com um custo logistico enorme, sendo que era muito mais barato importar milho de outros países chegando pelo Nordeste como foi informado em diversos relatórios da CONAB. Mas não, o governo bancava não pelo viés técnico, apenas pelo viés político. Como disse um colega meu do mato grosso, aqui pode plantar milho na segunda safra de olho fechado que no final as coisas dão certo, seja ajeitam, prejuizo não vai ter, talvez as contas empatam, mas já vale pela sucessão de cultura com a soja.

      Mas bola pra frente, o PT já é página virada, que as coisas se ajeitem no Brasil.

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    • carlo meloni sao paulo - SP

      Eu não entendi o comentário do Liones----tinha feito o primeiro negocio de 10 navios de produtores brasileiro-----Vendeu des navios de soja ou vendeu a construção de dez navios ?----Para vender soja não precisamos de LULA-----

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    • carlo meloni sao paulo - SP

      EU SOU MUITO AMIGO DO ANTONIO CARLOS PEREIRA E AGRADEÇO A TODOS VOCES QUE PARTECIPARAM DESTE COMENTARIO POR TE-LO TRATADO COMO PESSOA NORMAL-----

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    • antonio carlos pereira Jaboticabal - SP

      Obrigado Carlo, é que eu não tapo o sol com a peneira, as pesquisas estão ai ! Se Lula não ganha quem ganha é a MARINA ! Rsssss .................eu estou ótimo, não vou ter infarte !

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    • Liones Severo Porto Alegre - RS

      Sr Carlo, foram os primeiros 10 navios com soja com cerca de 600.000t ou equivalente a 200 mil hectares de lavoura de soja. Foi a primeira incursão de uma empresa chinesa na compra de soja brasileira. Seguiram-se grandes volumes no anos subsequentes daquela empresa na qual exerci a gerencia comercial durante 10 anos. abraços.

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    • carlo meloni sao paulo - SP

      Obrigado

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    • antonio carlos pereira Jaboticabal - SP

      José Aloisio, o FHC NÃO é economista,ele só entende de pagar 3 abortos para a amante dele, tem um vídeo do Itamar falando que ele convidou 6 amigos economistas para fazer o Plano Real e que o FHC quis se apoderar desse Plano, quem seguiu realmente o Plano Real do ITAMAR foi o Lula, fez a economia do Brasil chegar a 5ª maior potencia do mundo, quem não presta é a Dilma, mas a Dilma era terrorista juntamente com o Covas, FHC ,Serra , José Dirceu,Genoino e outros, já o Aloisio hoje senador por SP, era quem fugia com o dinheiro dos assaltos em um Fusquinha e entregava para FHC, Serra e Covas e esses fugiram com a grana para o Chile, Dilma, FHC ,Covas,Serra, Genoino e Jose Dirceu são todas terrorista, mas o maior erro foi dos Militares em deixar esse bando fugir, espero que da próxima não deixe ninguém fugir, esse é o motivo do Brasil estar assim, certo sr José Aloisio ! ou vai querer isentar o FHC ?

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    • carlo meloni sao paulo - SP

      Toninho, você cansa com esse lero lero de promover uns criticar outros----ESTA" NA HORA DE VOCÊ ENTENDER QUE NAO EXISTE UM POLITICO QUE PRESTE.

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    • antonio carlos pereira Jaboticabal - SP

      Mas eu sempre falei que vcs querem meter o pau somente no Lula,é justamente o que eu sempre falei, vcs estão apaixonado pelo Aécio, vcs não falam que ele quebrou MG, PSDB quebrou SP, até outro dia para vcs o BM era um santo, Caiado é outro Santo, Ana e Katia também ,eu falo que ninguém presta e vcs defende todos. Carlo, vc vai ainda ser meu amigo, vamos fazer um consorcio de mogno com gado, faz igual a eu, não voto faz 20 anos, não tenho culpa em nada. Foi o Aloisio que começou me criticando querendo me ensinar quem fez o Plano Real ! ele é mal informado, leigo.

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    • carlo meloni sao paulo - SP

      Toninho acho que vou parar de votar tambem---vamos nos preocupar com o nosso caminho----E' preciso levar a ideia da pecuaria junto a silvicultura para os

      ambientalistas----A ideia e' muito boa para o Brasil

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