USDA pressiona cotações da soja em Chicago, mas demanda forte e incertezas sobre o plantio nos EUA devem sustentar preços

Publicado em 09/03/2017 17:51
Confira a entrevista de Ana Luiza Lodi - Analista de Mercado - FCStone
Mercado para soja em Chicago se mantém em torno dos US$10,00/bushel. Aumento da oferta mundial deve ser absorvido, em partes, pela forte demanda

Nesta quinta-feira (9), alguns números importantes divulgados pelo relatório mensal do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) justificaram quedas significativas em torno de 10 pontos nos principais vencimentos para a soja na Bolsa de Chicago (CBOT).

Os principais destaques estão no aumento da produção brasileira para 108 milhões de toneladas e para o aumento dos estoques nos Estados Unidos de 11,4 milhões de toneladas para 11,8 milhões de toneladas, em consequência também da diminuição do número de exportações de 55,8 milhões de toneladas para 55,1 milhões de toneladas.

De acordo com Ana Luiza Lodi, analista de mercado da FCStone, o bom andamento das safras no Brasil e na Argentina já vêm pesando sobre os preços ao longo de vários dias anteriores. Eventualmente, o mercado poderá apresentar alguma correção, na análise de Lodi, mas o contexto atual de uma oferta mais confortável de soja no mundo faz com que os preços venham a ceder.

Lodi aponta que, "dependendo do resultado final da nossa safra e da safra argentina, pode haver espaço para queda, mas nada tão significativo porque a demanda de soja crescer bastante". O USDA também apresentou uma revisão do consumo mundial de quase 1 milhão de toneladas para cima.

Fora isso, ainda há uma expectativa sobre a próxima safra de soja nos Estados Unidos, para a qual também é esperado um aumento de área - no entanto, essa realidade só será melhor observada quando o plantio tiver início por lá.

A questão do dólar, por sua vez, desanima as negociações no Brasil, "mas querendo ou não, esse é um momento de entrada de safra, quando a oferta aumenta e a disponibilidade de soja fica maior, tendendo a pressionar um pouco os preços", diz a analista.


Mercado do milho

O aumento da utilização do milho na produção de etanol previsto no relatório do USDA também foi uma notícia importante para as novidades no mercado, mas a grande diferença está na produção brasileira, que apresentou um fator surpresa - talvez mais surpreendente do que nas estimativas de soja, que já eram aguardadas.

Lodi lembra que o USDA, com sua projeção de 91,5 milhões de toneladas para o milho brasileiro, está em linha com as estimativas privadas - inclusive a próxima FCStone estimou o milho brasileiro acima das 90 milhões de toneladas - e que os produtores brasileiros se planejaram para plantar o milho no inverno, plantando a soja mais cedo. "Se o clima ajudar, há potencial de ter um recorde de produção", diz a analista.

Em questão de preços, caso seja confirmada uma safrinha recorde, a tendência é de uma pressão de baixa, fundamentada por uma oferta grande, mesmo com o alto consumo no mercado interno. "Com esse nível cambial e um real valorizado em relação ao dólar, a questão da exportação de milho traz um pouco de exportação", acrescenta.

A situação ainda pode mudar. No entanto, os produtores poderão ter que contar com incentivos do governo, como os leilões promovidos pela Companhia Nacional do Abastecimento (Conab), principalmente nas áreas mais distantes dos portos, como Mato Grosso.

A analista aconselha os produtores a analisarem seus compromissos e irem vendendo para cobrir o que precisam. "O mercado agrícola é sempre uma surpresa, porque depende muito de clima", destaca.

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Por:
Aleksander Horta e Izadora Pimenta
Fonte:
Notícias Agrícolas

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