Aumento das retenciones da soja para 33% tira US$ 30/t do produtor argentino e preços não cobrem custos
Podcast
Entrevista com Sebastian Gavaldá - Diretor da Globaltecnos (Argentina) sobre a Safra de Soja na Argentina
Download
A safra 2019/20 de soja e milho da Argentina sofre com severos problemas de clima e o cenário pode se agravar caso chuvas que estão previstas para a semana que vem não se confirmem. Segundo o diretor da Globaltecnos, Sebastian Gavaldá, em entrevista ao Notícias Agrícolas nesta quarta-feira (4), há mais de 15 dias não chove de forma consistente no país e as lavouras seguem sofrendo.
Como explica Gavaldá, cerca de 25% da soja argentina sofre com o tempo seco e vem perdendo produtividade, enquanto 75% dos campos se mostram ainda em boas condições. Para o milho, o analista explica que de 35% a 40% dos campos sofrem com os problemas, enquato os outros 60% passam com menos problemas pelo atual momento.
No entanto, explica que ainda não é possível quantificar ou avaliar o tamanho das perdas, uma vez que as lavouras ainda carregam importante potencial de recuperação. "Hoje a fotografia não é boa para a safra da Argentina, mas é cedo para qualquer número. Tudo vai depender das próximas chuvas", afirma.
AUMENTO DAS RETENCIONES
E os problemas para os produtores rurais argentinos não se restringem somente aos campos. O governo federal anunciou o aumento das retenciones sobre as exportações de soja para 33% e trouxe ainda mais prejuízo ao setor. Como explica o diretor da Globaltecnos, com a nova taxação, o sojicultor argentino perde US$ 30,00 por tonelada.
"Ou seja, um produtor que esperava vender sua soja a US$ 240,00 por tonelada, vai vender a US$ 210,00. E esse preço nem ao menos cobre os custos de produção. A diferença desse aumento para o anterior é que, na ocasião, os preços da soja estavam muito mais altos", explica Gavaldá.
Diante disso, a comercialização está parada na Argentina. Embora os produtores locais não vendam tanto antecipadamente, como acontece no Brasil, no ano passado eles procuraram adiantar o que puderam de vendas até dezembro, quando houve a mudança de governo, para já se proteger desse aumento.
Como relata o especialista, 80% do trigo foi comercializado antecipadamente, cerca de 15 milhões de toneladas de soja e 20 milhões de toneladas de milho. "Isso é duas ou três vezes maior do que o que historicamente acontece", afirma.
0 comentário
Soja termina com preços estáveis no mercado brasileiro, com pressão de Chicago, mas suporte do dólar
USDA informa mais uma venda de soja para a China nesta 6ª feira (19) em dia de novo leilão
Chinesa Sinograin vende um terço da soja ofertada em leilão, diz Mysteel
Soja segue lateralizada em Chicago nesta 6ª feira, ainda reagindo a cenários já conhecidos
Apesar de novas baixas em Chicago, preços da soja se mantêm no Brasil com dólar ainda alto
Soja: Preços cedem em Chicago, com falta de novidades e pressionada pelo óleo nesta 5ª feira