Soja brasileira é mais competitiva que a americana até para o mês de outubro, o que pode aumentar a disputa e sustentar preços do grão no 2º semestre

Publicado em 14/07/2021 16:52 e atualizado em 14/07/2021 18:27
Eduardo Vanin - Analista de Mercado da Agrinvest
Alta da soja em Chicago está relacionada a clima quente e seco em parte das áreas produtivas no oeste americano e também ao dólar em relação às demais moedas

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Entrevista com Eduardo Vanin - Analista de Mercado da Agrinvest sobre o Fechamento de Mercado da Soja

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Refletindo uma combinação de preocupações com o clima nos EUA e no Canadá, o mercado da soja na Bolsa de Chicago fechou o pregão desta terça-feira com altas de mais de 30 pontos nos principais vencimentos. O agostou terminou o dia com US$ 14,53 e o novembro, com US$ 13,83 por bushel. Apesar do recuo forte do dólar, os preços subiram no interior do Brasil acompanhando as altas fortes da CBOT. 

Regiões importantes do Corn Belt, como as Dakotas e Minnesota, além de outras áreas do extremo noroeste dos Estados Unidos, sofrem com temperaturas elevadas e falta de chuvas. E como explicou o analista de mercado Eduardo Vanin, da Agrinvest Commodities, estes são pontos do cinturão onde mais se ampliou a área de cultivo de grãos no país. 

Tais condições agora comprometem bastante o trigo de primavera - que já teve sua produtividade revisada para baixo no último boletim do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos)  - o milho, "mas não deixa de ser preocupante também para  soja", diz Vanin, em entrevista ao Notícias Agrícolas. E assim, o mercado em Chicago pode seguir neste rally de alta enquanto as condições e previsões seguirem desfavoráveis. 

De outro lado, o analista chama ainda a atenção da relação dos preços das commodities com o movimento do dólar. Apesar de pontuais baixas, a valorização da moeda americana poderia continuar diante do atual quadro inflacionário nos EUA e com esse avanço se confirmando poderia haver certa pressão sobre os preços das commodities. "Temos que estar atentos a essa virada e ela pode acontecer este ano ainda", acredita o analista. 

DEMANDA - BRASIL X EUA

No front da demanda, a China ainda está tímida  no mercado, não tem se feito muito presente, uma vez que as margens estão bastante ruins, se mostram ainda negativas. E as poucas compras que têm sido feitas pela nação asiática se concentram no Brasil, uma vez que a oleaginosa por aqui se mostra mais competitiva até outubro. 

Tradicionalmente, a soja do Brasil se mostra mais atrativa aos importadores até agosto, quando aos poucos a oferta americana começa a ser aguardada e se torna mais barata ao chegar ao mercado. Neste ano, porém, há essa diferença, o que também pode limitar a subida das cotações na CBOT, "quando a demanda passar a ser a orientação dos preços", explica Vanin., "Por enquanto, o que pesa mais é o clima". 

DEMANDAS INTERNA E EXTERNA DISPUTANDO NO BRASIL

Do mesmo modo, essa demanda alongada da China no Brasil pode acirrar a disputa com a demanda interna, que recebeu a notícia nesta semana de que a mistura obrigatória do biodiesel em 12% para o 81º Leilão e que pode se estender pelos próximos meses. A volta do B12 poderia ajudar em uma continuidade das altas do preço da soja no mercado nacional, uma vez que não há grandes volumes ainda a serem comercializados da safra 2020/21. 

E este cenário tende a promover uma valorização dos prêmios no Brasil. "E são os prêmios que vão nos mostrar se há volume de soja suficiente para atender estas duas demandas", explica Vanin. "O diferencial do preço vai vir da disputa pelo grão".

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Por:
Aleksander Horta e Carla Mendes
Fonte:
Notícias Agrícolas

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