USDA eleva produção e estoque de soja nos EUA , mas Chicago entende que oferta segue curta e cotações sobem

Publicado em 10/09/2021 16:53 e atualizado em 10/09/2021 17:40
Carlos Cogo - Sócio-Diretor da Consultoria Cogo Inteligência em Agronegócio
Colheita americana inicia com o melhor patamar de preços para soja comparados com a média dos últimos 5 anos

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Entrevista com Carlos Cogo - Sócio-Diretor da Consultoria Cogo Inteligência em Agronegócio sobre o Fechamento de Mercado da Soja

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O dia foi de relatório do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) e de preços mais altos para os futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago nesta sexta-feira (10). Mesmo com números que poderiam ser baixistas para as cotações, com um aumento de produção, produtividade e estoques finais da oleaginosa, as altas variaram entre 15,25 e 16 pontos nos principais vencimentos. Assim, o novembro terminou o dia com US$ 12,86 e o maio/22, referência para a safra americana, a US$ 13,05 por bushel. 

Um dos destaques que deu espaço ao fechamento positivo do mercado na CBOT nesta sexta foi a redução das áreas plantada e colhida - que passaram a ser estimadas em 35,29 e 34,97 milhões de hectares - que, na expectativa de algumas consultorias, poderia ser revista para cima. 

No milho, onde a situação foi semelhante, a safra de milho estimada pelo USDA é menor do que o esperado pelo mercado e isso foi altista para os preços, como explicou Carlos Cogo, sócio-diretor da Cogo Inteligência em Agronegócio. O mesmo pode ser observado na produção de soja, projetada pelo USDA hoje em 119,04 milhões de toneladas, contra 118,09 milhões. Assim, os estoques finais da safra 2021/22 foi revisado de 4,22 para 5,03 milhões de toneladas. 

"O estoque é muito apertado, não representa nem 8% da demanda. E é isso que importa, estoques muito baixos mesmo. Três safras atrás os estoques americanos eram de 14,3 milhões de toneladas. Temos muito mais números altistas do que baixistas para soja e milho", disse Cogo em entrevista ao Notícias Agrícolas nesta sexta. 

USDA Soja Setembro 21

O analista de mercado ainda afirma que diante do atual quadro de oferta e demanda os preços seguem muito elevados, bem mais altos, na média, ao serem comparados 

"Números muito atrativos para o produtor brasileiro com o dólar atual e o dólar futuro. O dólar nestes níveis é ruim para o país, mas para a formação de hedge gera muito boas oportunidades para o produtor brasileiro", explica Cogo. Por outro lado, o executivo se preocupa com o índice baixo das vendas futuras pelo produtor brasileiro. 

São cerca de 25% da safra 2021/22 já comprometida com a comercialização, contra 40% de média para o período. "A exceção fica para Mato Grosso, que já passou dos 40%, mas estamos atrasados em vendas futuras", disse. Utilizando o Médio Norte de Mato Grosso como exemplo, Cogo afirma que os preços estão na casa de R$ 142,00 por saca para março/22 - contabiilzando paridade, com prêmio e dólar futuros - e nos R$ 150,00 para março/23, o que garante essas boas margens aos produtores locais. "Mas, isso só vale se o produtor tiver bom nível de proteção", complementa. 

"Margens muito altas, um pouco menores do que as do ano passado, mas ainda muito altas". As margens brutas chegam a registrar de 40% a 55%, a depender das condições da formação de preços, época de compra dos insumos e da região onde se encontra o sojicultor, ainda de acordo com as orientações do especialista. 

E o "atraso" nas vendas chama a atenção também pela forte compra dos insumos. "Principalmente no Sul do país, onde os insumos estão todos comprados, mas os produtores seguem afirmando que estão aguardando para vender, esperando ou por uma alta nos preços futuros ou no dólar". 

É importante lembrar, também como explicou Carlos Cogo, que o que foi registrado há alguns meses não foi um "super ciclo de commodities, mas uma conjuntura de alta que agora foi desarmada, mas que deixou um patamar alto para os preços e isso é muito bom".

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Por:
Aleksander Horta e Carla Mendes | Instagram @jornalistadasoja
Fonte:
Notícias Agrícolas

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