As usinas de etanol vão sobreviver? Por que o Brasil deve ajudá-las? O melhor é aumentar a adição, diz JL Coelho

Publicado em 22/04/2020 15:46 e atualizado em 23/04/2020 10:14
José Luis Coelho - Sócio e Consultor Senior de Agronegócio
entrevista com José Luiz Coelho, da Markestrat

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As usinas de etanol vão sobreviver? Por que Brasil deve ajudá-las?

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Medidas de auxílio ao setor canavieiro do Brasil serão anunciadas em até 2 dias, diz ministra

SÃO PAULO (Reuters) - Medidas de auxílio ao setor sucroenergético, afetado pela crise do coronavírus no Brasil, devem ser anunciadas pelo governo federal em até dois dias, disse nesta quarta-feira a ministra da Agricultura, Tereza Cristina.

"Entre amanhã e depois a gente tem uma sinalização exata do que vai ser feito", afirmou a ministra durante participação em videoconferência do banco Credit Suisse.

Segundo ela, a pasta está discutindo com o Ministério da Economia e o BNDES para encontrar uma solução que atenda as usinas de cana. "Tem que ver os juros que vem sobre isso", citou.

O retorno da Cide e os recursos do PIS/Cofins são duas das medidas que estão em análise. "A gente sabe que o PIS/Confis sozinho não é dificuldade. Se vier Cide (sobre os combustíveis), qual o tamanho?", comentou.

As usinas de cana-de-açúcar do Brasil foram amplamente afetadas pelo isolamento domiciliar contra a disseminação do coronavírus, que reduziu a circulação de pessoas e, por consequência, o consumo interno de etanol.

Além disso, o biocombustível ainda foi impactado pela desvalorização dos preços internacionais do petróleo, o que prejudica a gasolina e o etanol.

Tereza Cristina destacou o etanol como um dos segmentos do agronegócio mais afetados pela crise. "É um setor que está me dando trabalho", disse.

"Temos que dizer alguma coisa o mais rápido possível para dar previsibilidade (às usinas de cana)", acrescentou sobre a ajuda do governo federal.

O setor de etanol do Brasil tem buscado apoio do governo federal para obter financiamento via instituições oficiais para estocar 6 bilhões de litros do biocombustível, quase 25% da safra 2020/21, iniciada neste mês, o que permitiria a continuidade da colheita no centro-sul e exigiria 9 bilhões de reais.

CARNES

Questionada sobre o setor de proteína animal, Tereza Cristina lembrou que o surto da Covid-19 chegou primeiro na China e frustrou a expectativa de novas habilitações de frigoríficos brasileiros no curto prazo.

"No Ano Novo chinês tínhamos a esperança de ter mais plantas abertas... Isso deu uma parada", admitiu.

No entanto, ela disse que "ainda tem a esperança" de avançar nas exportações de carnes do Brasil à China, visto que a economia do país asiático vem sendo retomada gradativamente.

"Tivemos problemas (com falta) de contêineres, pois ficaram lá (na China) ligados na tomada com a carne que não podia ser movimentada", comentou a ministra sobre outro fator que prejudicou os embarques do setor no mês passado.

Em março, o governo chinês restringiu a logística nos portos do país para conter a disseminação do coronavírus.

A falta de contêineres para exportação foi um dos motivos que levou frigoríficos brasileiros a suspender abates e dar férias coletivas aos funcionários, para regular a oferta de carne no mercado.

"(Agora) estamos começando um novo momento. Isto será muito saudável", disse Tereza Cristina.

Preços no mercado livre de energia recuam a menor nível desde 2016 após coronavírus

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SÃO PAULO (Reuters) - Os preços de contratos de longo prazo no mercado livre de energia recuaram nesta semana para os menores níveis reais desde meados de 2016, quando o Brasil estava em meio a uma longa recessão econômica, mostraram dados compilados pela consultoria especializada Dcide a pedido da Reuters.

A retração das cotações nesse mercado, onde grandes consumidores como indústrias e shoppings podem negociar o suprimento diretamente com geradores e comercializadoras, ocorre diante de medidas adotadas no país para conter a disseminação do coronavírus.

Quarentenas decretadas por governos estaduais obrigaram o fechamento de lojas e empresas consideradas não essenciais, reduzindo o consumo de energia nesses segmentos, enquanto pessoas em casa e efeitos da pandemia sobre a economia cortaram a demanda por diversos produtos, impactando negativamente o uso de energia na indústria.

"Essa queda de preços já é devido a efeitos do coronavírus... e pode cair mais, mas vai depender de como vão se materializar os efeitos (das quarentenas). Existem muitas incertezas... mas o mercado começou a se movimentar", disse Henrique Leme, diretor da Dcide.

Ele destacou que as cotações já sofriam alguma pressão desde o começo do ano devido à melhora do cenário de chuvas na região das hidrelétricas, principal fonte de geração de energia do Brasil, situação que se agravou com as incertezas relacionadas à demanda por eletricidade após a pandemia.

A carga de energia do sistema elétrico do Brasil deve recuar 12,5% em abril na comparação anual, no primeiro mês completo do país já sob os efeitos das quarentenas, projetou o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) na sexta-feira.

Mas essa retração deve ser mais acentuada no mercado livre de energia, onde está a maior parte do consumo industrial e comercial, destacou o pesquisador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Gesel-UFRJ), Roberto Brandão.

"Se a demanda por energia nas distribuidoras está caindo, no mercado livre está desabando", afirmou ele, destacando que diversos clientes nesse setor têm buscado renegociar contratos com geradores e comercializadoras.

Com isso, contratos de longo prazo de energia convencional no mercado livre, para entre 2021 e 2024, eram negociados nesta semana a em média 155,55 reais por megawatt-hora, com recuo de 2,66% na semana e perda de 14,6% no acumulado de um ano, mostraram os dados da Dcide.

Contratos longos de energia convencional não eram vistos a valores tão baixos desde julho de 2016, quando tocaram 152,7 reais, se considerada a inflação, ou desde fevereiro de 2017 na série nominal, sem ajuste inflacionário, de acordo com a consultoria.

Já as negociações de contratos de longo prazo de energia renovável (incentivada) viram os preços médios recuarem 2,15% na semana, para 192,06 reais por megawatt-hora. É o menor valor real desde maio de 2016, enquanto em termos nominais esse preço não era visto desde fevereiro de 2017.

No prazo de um ano, os preços dos contratos longos de renováveis acumulam agora retração de 12,25%.

Os índices de preços da Dcide são calculados com base em apuração da consultoria junto a diversos agentes ativos no mercado e atualizados semanalmente.

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Fonte:
Notícias Agrícolas/Reuters

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