Mercado de café: Como retirar 15 milhões de sacas do mercado?

Publicado em 09/04/2012 07:14 e atualizado em 06/06/2013 17:32
Comentário Semanal - de 2 a 6 de abril de 2012. Por Rodrigo Corrêa da Costa, que escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting.
O incremento do custo de rolagem da dívida espanhola colocou pressão negativa nos índices de bolsa na Europa. Nos Estados Unidos o fechamento da curta semana foi com uma leve queda, mas o número de criação de postos de trabalhos de março, divulgados na sexta-feira, deve fazer com que o mercado abra mais fraco na segunda pós- páscoa.
 
As commodities até que se comportaram bem frente à valorização do dólar americano, e o café fechou praticamente inalterado, muito embora teve grande volatilidade na quarta-feira começando a sessão com queda de US$ 6.5 centavos, explodindo US$ 12 centavos das mínimas, e encerrando o dia à US$ 7.5 centavos das máximas – um castigo para quem precisa ajustar posições.
 
No físico as bases se mantiveram nos mesmos patamares, e o interesse de compra de torradores continua tépido, o que muitos crêem ter relação com um nível de fixação maior e mais caro que foram colocados nos livros neste ano.
 
As exportações brasileiras de março foram divulgadas pela CECAFE, totalizando 2,189,511 sacas no mês e acumulando 23,689,165 no atual ano-safra. Tudo indica que poderemos fechar o ciclo com um total exportado de 30 milhões de sacas, o que com um consumo de 19 milhões mostra um desaparecimento de 49 milhões de sacas.
 
Um assíduo leitor de meu comentário, saudando a tradução para o inglês que foi reiniciada na semana passada, mencionou sobre suas dúvidas no que se refere ao consumo no Brasil. Traçando comparativos com os Estados Unidos ele diz ser improvável que os brasileiros bebam tanto café, o que explicaria exportações elevadas apesar de estoques baixos e safras que oficialmente são sempre menores do que o mercado acredita.
 
O argumento é interessante, entretanto se o uso do conillon gira em torno de 10 milhões de sacas para o mercado local, se o volume de arábicas “não-exportáveis” seja da ordem de 7 milhões de sacas, e se assumirmos que entre 1 e 2 milhões de cafés-finos são usados por marcas mais nobres, parece que a conta não esteja tão longe de fechar.
 
Outro contribuidor destacou que o estoque no Brasil na mão das cooperativas é baixo, o que em sua opinião não justifica esperarmos pressão vendedora com o começo da safra 12/13.
 
O mercado internacional lê com surpresa o noticiário que informa intenções de o Brasil “reter” até 15 milhões de sacas com um eventual plano de apoio do governo. A leitura que se faz é baixista partindo-se do princípio de que o país diz ter estoques baixos e que a safra tanto atual quanto a seguinte está bem aquém dos números que o mercado trabalha. A razão é simples: “se a safra 12/13 será de 52 milhões, o país consume 19 milhões, e reterá 15 milhões, então as exportações serão de apenas 18 milhões??? 
 
As vezes intenções de “ajuda” aos preços podem acabar colocando mais pressões nas cotações, principalmente se um plano de retirar café do mercado fique apenas no papel...
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Fonte:
Archer Consulting

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