Café: Fundos começam a ficar vendidos, por Rodrigo Costa

Publicado em 20/06/2011 08:31 e atualizado em 20/06/2011 12:20
*Rodrigo Corrêa da Costa escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting
A semana teve um começo tumultuado como o rebaixamento dos títulos gregos para o mais baixo nível de classificação pela agência de risco do S&P, e demonstrações populares no país sinalizando maiores dificuldades do governo em atender novas demandas de aperto fiscal que serão exigidas pelo FMI e Banco Central Europeu.

De carona a Moody’s colocou para revisão os “ratings” de três grandes bancos franceses, que detém um bom volume de títulos da Grécia, e que parece coincidir com a pressão que o governo francês tem feito em evitar qualquer conversa de “reestruturação” de dívida que tanto se fala, mas que cedo ou tarde acontecerá (a idéia parece ser postergar o máximo possível isto, aguardando um momento melhor na economia mundial).

Na Ásia viu-se uma nova rodada de aumento das reservas bancárias na China, e um novo incremento de juros da Índia para tentar conter a inflação, que está em de 5.5% e 8.66% ao ano respectivamente.

Nos Estados Unidos o índice de preços do consumidor também teve um forte incremento, e curiosamente parte do motivo é o aumento dos aluguéis no país, dado que muitas pessoas que tiveram que entregar suas casas, ou não tem crédito bom suficiente para comprar imóveis, acabam alugando moradias.

Um outro grande risco que continua a preocupar os mercados é uma nova rodada de exigências de retenção maior de capital para os bancos grandes ao redor do mundo, bancos que dado seus tamanhos poderiam trazer risco sistêmico ao mercado financeiro caso quebrassem. Isto pode machucar ainda mais os balanços dos bancos e principalmente a capacidade de gerar mais negócios, o que sem dúvida provocará também uma (talvez necessária) maior diminuição de alavancagem, respingando em ativos de risco como um todo, incluindo aí as commodities.

Neste tom os principais índices das commodities sentiram o baque, com o Goldman Sachs Index cedendo 5.05% na semana, o CRB 3.61%, e o DJUBS (ex-AIG) 3.99%. Os grãos foram os que mais sentiram, seguidos pela energia, e com o café no meio do bolo.

O arábica em Nova Iorque teve uma queda de US$ 20.97 por saca nos últimos cinco dias, enquanto na BM&F a perda foi de US$ 16.75 por saca, e no robusta em Londres US$ 10.02 por saca – haja coração!

Dados divulgados na semana indicam que os estoques nos Estados Unidos de grão verde no mês de junho subiram em 75,366 sacas, para 4,426,657 sacas de 60 quilos, e os certificados da bolsa londrina estavam em 6,75 milhões de sacas no dia 13 de junho último. Somando-se a eles os estoques nos portos da Europa e no Japão, parece que os estoques nos países consumidores estão ao redor de 21 milhões de sacas, contando as duas grandes “qualidades”, o arábica e o robusta. Para termos uma idéia dos estoques mundiais temos que adicionar o que estão nas origens, que basicamente se concentram no Brasil e no Vietnã. Muitos crêem que o segundo tem algo como 3.1 milhões de sacas, já para o primeiro é um debate duro, pois há os que acham ser 3 milhões de sacas e os que acham ser 9 milhões de sacas – e a briga entre os que defendem cada lado é questão de honra entre os baixistas e os altistas (fique a vontade para contribuir com sua opinião).

No mercado físico a atividade foi tímida na semana, um pouco por causa do verão se aproximando no hemisfério norte, e bastante pela queda do terminal que distanciou ainda mais os interesses de compra e venda dos participantes.

O fechamento dos preços dos mercados de café, das três principais bolsas, indicam que poderemos ver mais quedas pela frente, com o “C” tendo como principal ponto de suporte os US$ 250 centavos, que caso não seja respeitado deve ter como próxima parada os US$ 240.00 centavos.

Os fundos, até a última terça-feira quase não tinham mexido em suas posições, sendo compradores líquidos de 1,222 lotes entre os dias 7 e 14 de junho. De lá para cá o mercado caiu US$ 20.25 centavos, negociando ao redor de 34 mil lotes na quarta, quinta e sexta, o que provavelmente deve significar que fundos venderam 7 mil lotes, estando com uma posição vendida (pela primeira vez desde junho de 2010) de 5 mil lotes líquido. Creio que podemos ver esta posição aumentar mais 5 a 8 mil lotes, para então sinalizar uma recuperação técnica (se o estrago não foi maior do que 240 centavos).

Rodrigo Costa*
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Fonte:
Archer Consulting

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