Preço da soja sob muita pressão

Publicado em 15/05/2012 18:04
Por Glauber Silveira, presidente da Aprosoja Brasil.
O cenário de crescimento mundial vem melhorando mesmo que a passos de tartaruga, mas em frente, o que tira a grande pressão que vinha ocorrendo sobre a China e os Estados Unidos. Sendo assim, a demanda mundial pelas commodities pode não crescer, mas também não tende a diminuir. Aliado a isto a queda da atual safra de soja e milho da América do Sul faz com que os preços presentes destes dois grãos, soja e milho, fiquem em patamares muito positivos. Resta saber como os preços irão se comportar no futuro próximo.

No curto prazo dois fatores irão coordenar o vaivém das commodities. Uma delas são as medidas de expansão monetária adotada por diversos bancos centrais no mundo, que podem influenciar os preços para cima. O outro fator é a atual safra americana que vai muito bem obrigado.

Segundo relatórios do USDA, o plantio da soja nos EUA tem evoluído acima do esperado, o clima, ao contrário da safra anterior, vem ajudando para que o plantio siga muito bem. Todos sabem o quanto o clima nesta fase é importante para os americanos, pois possuem uma janela muito curta de plantio de soja, sendo assim as condições climáticas são de fundamental importância, e devemos estar muito atentos ao dito mercado de clima. Neste momento, a safra americana terá um forte poder de influenciar os preços futuros da soja e do milho.

Claro que só a safra americana não será suficiente para mudar muito o cenário do preço da soja para a próxima safra. Os analistas estão atentos ao que pode vir a acontecer com a próxima safra sul-americana. Agora, uma coisa é certa: se a safra dos EUA for cheia, América do Sul aumentar a área prevista e colher também uma safra normal, salve-se quem puder.

Soja na próxima safra deve seguir avançando no Cerrado, somente Mato Grosso deve incorporar quase, no mínimo, 500 mil hectares de pastagens degradadas para o plantio de soja. Isto equivale um crescimento de 7%. Estados como BA, PI, MA e TO devem seguir também crescendo, e, claro, tudo isto incentivado pelo atual preço da soja. Países como Uruguai, Paraguai e Argentina devem também crescer. A Argentina diz que tem mais de 10 milhões de hectares para incorporar com soja.

Por outro lado, as áreas de soja devem ceder área para milho no Sul e Sudeste do país. O milho sofreu grandes quebras durante esta safra nestas regiões, o que fez também com que o preço ficasse muito atraente. No caso do Sul e Sudeste, a rentabilidade do milho é maior que da soja, daí este vai ganhando espaço da soja. No entanto, o cenário é que tanto soja e milho devem crescer na próxima safra na América do sul.

O relatório do USDA vem constantemente sendo revisado para baixo na produção global de milho e soja, incorporando as perdas na América do Sul provocada pelos efeitos da estiagem associada ao La Niña. A safra brasileira de soja fica abaixo de 70 milhões de toneladas, e este menor volume produzido reduzirá os estoques de passagem, gerando pressão altista para os preços internos nos próximos meses, o que é muito bom para quem ainda tem soja para comercializar.

Mas agora o que deixa os produtores atentos são os preços futuros da soja. A volatilidade tem sido muito grande, e os custos esses sim já foram computados, passando dos mil dólares por hectare. Sendo assim, se considerarmos um preço de 23 dólares, a saca, o custo fica 43,5 sacas/ha. Se a saca vier a 20 dólares, o que não é impossível, o custo vai chega a 50 sacas/ha.

Não é para menos que os produtores começam a rezar para que a demanda chinesa aumente, para que São Pedro não seja tão bonzinho com os americanos, e aqui na América do Sul só o Brasil colha bem. Se a reza não for atendida, o que tenho muitas dúvidas do atendimento, o racional seria fazer contas e talvez ir travando o preço futuro e revendo os números daquela pastagem a ser incorporada. Mas commodities é commodities e tudo pode acontecer, além do que são muitos os fatores que influenciam. Cada um deve correr o risco que seu bolso determina.
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Glauber Silveira

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