Os ótimos discursos dos vilões: Frank Underwood diz a verdade!

Publicado em 10/03/2015 13:43

Assisti ontem o segundo episódio da terceira temporada de “House of Cards”, e não pude ignorar o ótimo discurso feito por Francis Underwood, o maquiavélico político que chegou à presidência após muitas tramóias e até assassinato. Ele começa reconhecendo que os políticos, que estão ali para supostamente servir ao público, usam o poder para servirem a si próprios. Quanta sinceridade!

Em seguida, ele mostra o tamanho do rombo das contas públicas, como causa do elevado desemprego, e culpa os “entitlements”, os “direitos” inesgotáveis distribuídos pelo governo. Diz, de forma direta: “You are entitled to nothing”. Traduzindo de forma livre: você não tem direito a nada! Não há garantias do estado, é preciso trabalhar para conquistar o que se deseja. Esse era o “american dream”, não viver à custa dos outros, de esmolas estatais. Vejam:

Ótimo discurso, em geral. Condena o “New Deal” de Roosevelt, reconhecendo ao menos que está obsoleto, não atende mais ao contexto. E erra ao depositar no governo a capacidade de gerar empregos, claro, mas acerta em cheio ao criticar os “entitlements”. É um bom discurso, pesando os prós e contras.

Mas vindo de um canalha, de um safado, de um vilão. Para começo de conversa, seria impensável um discurso desses saindo da boca de um Democrata, a esquerda americana e partido ao qual Frank pertence. Em segundo lugar, é curioso colocar argumentos tão verdadeiros na fala de um mentiroso, que está ali apenas para um ardil, para enganar todos, inclusive seus pares do partido, como se não desejasse ser reeleito.

Isso me remete a outro famoso discurso de filmes ou séries: o de Gordon Gekko em “Wall Street”, diregido pelo comunista Oliver Stone, o mesmo que ficara encantado com o gorila Chávez. Gekko, personagem de Michael Douglas, é o ícone do canalha insensível, do rico especulador que venderia a mãe para lucrar mais. O vilão da trama, sem sombra de dúvida.

Mas seu discurso de que a “ganância é boa”, de que a alma do mundo corporativo americano é a busca pela eficiência, citando como exemplo a custosa burocracia de uma empresa que gasta milhares de dólares só com papelada inútil, faz todo o sentido. Novamente, uma fala boa colocada em um personagem vil:

Por que isso acontece? Não sei ao certo. Talvez o ambiente de Hollywood e adjacências esteja tomado demais pelo esquerdismo, e seus diretores pensem que somente um canalha diria tais coisas, para eles sinônimos da podridão capitalista. Talvez queiram associar deliberadamente a mensagem liberal à canalhice dos oportunistas. Não sei. Só sei que é no mínimo curioso ver discursos bastante razoáveis tratados como artimanhas de golpistas inescrupulosos. É preciso separar o personagem da fala, para aproveitar a boa qualidade da fala, que os diretores só suportam se associada aos seus vilões.

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