Numa segunda-feira, a beleza do cosmos, por Evaristo de Miranda

Publicado em 23/09/2019 10:03

Nesta segunda-feira, faça chuva ou sol, o dia durará exatamente 12 horas e a noite também. Assim será no Brasil, na Europa, na Austrália, na China, no Canadá e no Polo Sul. Em todo o planeta. É dia de Equinócio. Do latim aequinoctĭu, a igualdade dos dias e das noites. Equi = igual.

Todo dia, o sol nasce a Leste e se põe a Oeste. Sobre o Equinócio, me disse certa vez minha filha Iris de 11 anos: - Pai, hoje o sol nasce no Leste. Exatamente no ponto cardeal Leste. E se porá precisamente no ponto cardeal Oeste. Aproveitem para acertar as bússolas!

No Equinócio, o sol percorre ou traça, a pino, a linha do Equador. Os postes não têm sombra ao meio dia na região equatorial, como em Macapá. Ali será possível ver o disco solar no fundo de um poço, ao meio dia, algo impossível em Santa Catarina, onde ele nunca fica a pino.

Em nosso hemisfério austral começa a primavera. Hora de plantar árvores, cujo dia acabamos de celebrar. E não em junho, em pleno inverno, com seca e queimadas. Tão comum em campanhas escolares, municipais e de ongs colonizadas pela celebração do dia mundial do meio ambiente, no 5 de junho. No hemisfério boreal, lá no Norte, eles estão na primavera. Aqui não. Pode-se plantar árvores o ano todo, mas melhor na primavera e no verão.

Para as civilizações do hemisfério Norte, o equinócio de primavera era muito significativo. O ano babilônico, egípcio, grego e romano começava no equinócio de primavera. Lá pelo 20 ou 21 de março. Na tradição judaica, foi nesse dia que Deus criou o universo. O dia da Criação.

Que Jesus nasceu um dia, ninguém nega. Para fixar e festejar a data, em coerência com os ciclos cósmicos, a Igreja Católica ficou em 25 de março, no Equinócio de primavera, a anunciação, a concepção, o dia em que Maria engravidou. Daí a homenagem na rua 25 de março. O dia de uma nova Criação. Nove meses depois nasceu Jesus, no 24 de dezembro, em pleno Solstício. Mas isso é outra história.

O cristianismo deslocou o início do ano do Equinócio para o tempo da manifestação pública do Senhor: 1 de janeiro. Resultado: o mês 7, setembro, virou nove. O mês 8, outubro, virou 10 e por aí foi. Agricultores e todos que fazem a marcação do sol verão seu deslocamento aparente para o Sul. A cada dia, ele nascerá mais ao Sul.

A beleza dos ciclos cósmicos, tão arquetípicos, está na raiz da própria palavra. No grego antigo, κόσμος, cosmos, evoca beleza, ordem. Como em cosmética. A beleza matemática dos ciclos celestes, terrestres e humanos.

Evaristo de Miranda, Embrapa Territorial

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Por:
Evaristo de Miranda
Fonte:
Evaristo de Miranda

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