A influência da falácia climática sobre a nossa vida

Publicado em 09/05/2011 08:03 e atualizado em 03/03/2020 08:08
Reflexões sobre o efeito estufa. Por Luiz Carlos Baldicero Molion, PhD. Instituto de Ciências Atmosféricas, Universidade Federal de Alagoas
O fenômeno do efeito-estufa, como descrito nos livros de Meteorologia, é questionável e desafia as leis da Termodinâmica! A versão clássica o compara com o que ocorre nas casas de vegetação (estufa de plantas = greenhouse), nas quais a radiação solar atravessa os painéis de vidro e aquece o chão e o ar interno. A radiação infravermelha térmica (IV), emitida dentro da casa de vegetação, não consegue passar pelo vidro, que a absorve por ser opaco a ela (vidro é um filtro IV e absorve comprimentos de onda superiores a 2,8 µm) e a impede de escapar para o ambiente exterior à casa de vegetação. Esse seria o fenômeno responsável pelo aumento de sua temperatura. Em princípio, ocorreria a mesma coisa na atmosfera terrestre. A radiação solar atravessa as camadas da atmosfera, parte dela (30%) é refletida de volta para o espaço exterior por nuvens, moléculas do ar e pela própria superfície terrestre - que constituem o albedo planetário - e boa parte é absorvida pela superfície terrestre, que se aquece. Esta, por sua vez, emite radiação IV que seria absorvida por gases constituintes minoritários da atmosfera, como vapor d’água, gás carbônico (CO2) e metano (CH4), os chamados gases de efeito-estufa (GEE), que atuariam de forma semelhante ao vidro. Os GEE emitiriam a radiação IV absorvida em todas as direções, inclusive de volta à superfície. Essa seria a explicação para o ar adjacente à superfície ser mais quente que as camadas superiores da atmosfera. Em princípio, quanto maior a concentração dos GEE, maior seria a absorção da radiação emitida pela superfície e mais quente ficaria o planeta. Ou seja, maior injeção de CO2 e CH4 na atmosfera tenderia a intensificar o efeito-estufa, teoricamente. Esse é o argumento fundamental do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) para justificar que foram as emissões humanas de carbono as responsáveis pelo aquecimento global observado nos últimos 100 anos.

A primeira vez que o fenômeno da “casa de vegetação aquecida” foi mencionado na literatura foi por Joseph Fourier em 1826. Depois, em 1859, John Tyndall descobriu que gases, como vapor d'água e CO2 e CH4, absorviam radiação IV. Em 1896, Svante Arrhenius  afirmou que, segundo seus cálculos, a temperatura global aumentaria de 5°C a 6°C se a concentração de CO2 dobrasse. Arrhenius nem calculadora tinha e o IPCC precisou de complexos modelos de clima, que rodam em supercomputadores, e gastaram-se bilhões de dólares para chegar ao mesmo número de Arrhenius. Entretanto, em 1909, Robert W. Wood construiu dois modelos de casa de vegetação, uma de vidro e outra de quartzo, que não absorve a radiação IV, e demonstrou que a temperatura final das duas era a mesma. Ou seja, a casa de vegetação se mantinha aquecida não por causa da propriedade do vidro absorver radiação IV, e sim porque o ar, aquecido e menos denso, ficava confinado dentro da casa de vegetação e não conseguia se misturar ou subir (convecção), dando lugar a ar mais frio, proveniente de outras camadas atmosféricas, conforme ocorre na atmosfera livre. Portanto, a absorção pelos GEE não seria o mecanismo principal para aquecer o ar próximo à superfície. O assunto, porém, foi deixado de lado porque o clima era muito frio naquela época. Foi só em 1938 que um técnico em máquinas a vapor da British Electric, Guy S. Callendar, escreveu um trabalho, associando o aumento de temperatura entre 1925 e 1937 à emissão de CO2 proveniente do aumento de geração de energia por termelétricas. Na época, ele foi amplamente refutado pelos "papas" da Climatologia, mas não desistiu. Ora, sabe-se hoje que o aumento da temperatura entre 1925-1946 foi devido ao aumento da atividade solar, redução da atividade vulcânica resultando em maior transparência da atmosfera e aquecimento dos oceanos, portanto, natural! Em 1958, Charles Keeling modificou um cromatógrafo a gás para medir CO2 utilizando um comprimento de onda de radiação IV que é absorvido pelo CO2, e passou a medir a concentração de CO2 por absorção e não por análises químicas como era feito até então. Keeling se associou a Callendar, insistindo sobre a importância do CO2 no clima. Porém, sem muito sucesso, porque ocorreu em resfriamento global entre 1947-1976, embora a concentração de CO2 estivesse crescendo rapidamente devido ao aumento da atividade industrial pós-guerra. A partir de 1977, o clima começou a se aquecer novamente e, em 1988, James Hansen, GISS/NASA, deu um depoimento no Congresso Americano afirmando que o aquecimento era devido ao aumento de CO2, liberado pelo homem por meio da queima de combustíveis fósseis: petróleo, carvão mineral e gás natural. Nesse mesmo ano, foi criado o IPCC, e daí a histeria global se instalou! Como pode ser percebido, o efeito-estufa nunca foi comprovado ou teve sua existência demonstrada. Ao contrário, há 100 anos, Robert W. Wood já demonstrara que seu conceito é falso! Porém, uma hipótese errada torna-se verdade ao ser afirmada repetidas vezes ao longo de décadas.

Ao medir a emissão de IV pela Terra para o espaço exterior com sensores a bordo de plataformas espaciais, encontra-se uma temperatura equivalente de corpo negro igual a 255K   (18°C negativos) pela Lei de Planck. A temperatura média do ar à superfície é cerca de 288K (15°C). Aí, é dito que “o efeito-estufa aumenta de 33°C (diferença entre 288 e 255) a temperatura na Terra e, se ele não existisse, a temperatura de superfície seria 18°C negativos”. Essa afirmação é falsa!  Se não existisse atmosfera, não existiriam nuvens, que são responsáveis pela metade do albedo planetário. Portanto, a ausência de nuvens permitiria maior entrada de radiação solar e a temperatura da superfície seria 5ºC negativos (e não 18°C negativos). Ou seja, a presença da atmosfera aumenta em 20°C a temperatura da superfície. A atual descrição do processo de absorção e emissão de IV pelos GEE, que é o fundamento do efeito-estufa, é questionável. A Lei de Kirchhoff afirma que a absorvidade de um corpo é igual à sua emissividade num dado comprimento de onda. Mas, só é válida para corpos em equilíbrio térmico (radiação de cavidade), condição não satisfeita pelos gases atmosféricos que estão sempre se aquecendo ou se resfriando. Ou seja, o fato de o CO2 ser bom absorvedor não garante que ele seja bom emissor num dado comprimento de onda. Os GEE absorvem radiação IV seletivamente, em algumas poucas faixas ou bandas espectrais, por meio de rotação, vibração e mistas de rotação-vibração de suas moléculas.  Uma molécula de GEE, ao rodar ou vibrar, devido à absorção da radiação IV seletiva, dissipa a energia absorvida na forma de calor ao interagir com outras moléculas vizinhas (choques, atrito), aumentando a temperatura das moléculas de ar adjacentes a ela, e não poderia “re-irradiar” a IV absorvida. Ou seja, a radiação IV absorvida pelos GEE é transformada em energia mecânica e, por atrito, em calor! Em adição, supondo que a Lei de Kirchhoff fosse válida, como o CO2 absorve radiação IV em 15 microns eficientemente, sua emissão, que é máxima nesse comprimento de onda, corresponderia a uma temperatura de aproximadamente 193K (80°C negativos) decorrente da Lei de Wien. Um corpo frio (CO2 no ar) aqueceria um corpo quente (superfície)? Certamente, isso fere as leis da Termodinâmica, porque o calor não flui do frio para o quente! Existem cerca de 2.700 moléculas de outros gases [Nitrogênio (N2=78%) + Oxigênio (O2=21%) + Argônio (Ar=0,9%) = 99,9%] para cada molécula de CO2 (0,038%). Isso constitui a mistura gasosa denominada “ar” e suas moléculas (matéria) são aquecidas termodinamicamente quando se fornece calor a elas, a velha lei dos gases perfeitos. É mais aceitável, portanto, que as temperaturas próximas da superfície sejam mais elevadas devido ao contato do ar com a superfície quente (condução, “chapa quente”). Quando o ar se aquece, sua densidade diminui, a tal ponto que, se o empuxo, ao qual fica submetido, superar seu peso (1,29 kg por m3), o ar é forçado a subir (convecção = transporte de calor por meio do transporte vertical da massa de ar) e é reposto por ar mais frio que vem de seu entorno. Enquanto isso não acontece, o ar fica aquecido próximo à superfície, como se estivesse confinado. Portanto, o processo atmosférico mais relevante para o aquecimento do ar próximo à superfície parece ser a condução de calor e posterior convecção. Adicionalmente, o ar é aquecido por liberação de calor latente, ou seja, o calor liberado para a atmosfera quando o vapor d’água se liquefaz formando nuvens e chuva, e por um pequeno percentual de absorção direta de radiação solar. A emissão de radiação IV pelos GEE teria um papel muito pequeno, indetectável, no controle da temperatura do ar próximo à superfície. E a emissão de radiação IV em direção à superfície não seria proveniente dos GEE primeiramente, e sim da massa molecular que compõe a camada de ar como um todo. A camada de ar (matéria) absorveria calor pelos diversos processos descritos e, ao se aquecer, emitiria IV em todas as direções, como qualquer corpo material, o “efeito-atmosférico” (Fleagle e Businger, 1980). Portanto, os GEE, em particular o CO2, como são constituintes minoritários, com muito pouca massa molecular presente na mistura gasosa denominada “ar”, dariam muito pouca contribuição a essa massa gasosa atmosférica total e, consequentemente, à sua emissão. Em outras palavras, se os GEE não existissem, a temperatura à superfície atingiria valores semelhantes aos que ocorrem atualmente. Portanto, se a concentração de CO2 dobrar devido às emissões antrópicas, o aumento de sua massa molecular seria ínfimo, de 0,038% para 0,076%, e sua contribuição para a temperatura desprezível, impossível de ser detectada com a instrumentação disponível atualmente.

Nos trópicos, a temperatura do ar próximo à superfície depende basicamente da cobertura de nuvens e da chuva. O ciclo hidrológico é o “termostato” da superfície. Quando o tempo está nublado e chuvoso, a temperatura é baixa. Isso porque, a cobertura de nuvens funciona como um guarda-sol, refletindo radiação solar de volta para o espaço exterior em sua parte superior. Simultaneamente, a evaporação da água da chuva rouba calor da superfície e refrigera o ar. Quando não há nuvens e chuva, acontece o contrário, entra mais radiação solar no sistema, aquece a superfície e, como não existe água para evaporar, o calor do sol é usado quase que exclusivamente para aquecer o ar (calor sensível). Em adição, se o ar estiver úmido logo após uma chuva de verão, a sensação térmica é intensificada, pois a alta umidade do ar dificulta transpiração da pele, que é o mecanismo fisiológico que regula a temperatura dos seres humanos. Durante o período seco, tem-se ar descente sobre a região, que provoca alta pressão atmosférica, céu claro, e dificulta a ascensão do ar aquecido, reduzindo a cobertura de nuvens. Isso faz com que a superfície e o ar em contato atinjam temperaturas altas. Numa cidade em que, devido à impermeabilização do solo, não há água da chuva para evaporar, todo calor do sol é usado para aquecer o ar. Como as cidades cresceram e a população se aglomerou nelas, a impressão que a população metropolitana tem é que o mundo está se aquecendo. Um termômetro, instalado numa cidade, corrobora com essa percepção, pois passa a medir temperaturas cada vez mais elevadas com o crescimento da área urbanizada com o tempo, o chamado “efeito de ilha de calor urbana”. Ou seja, a sensação térmica sentida pelo ser humano advém de condições atmosféricas locais e não globais. Não se conhece a metodologia com a qual as séries de “temperatura média global” utilizadas pelo IPCC foram calculadas. É mantida em segredo! Mas, se elas o foram utilizando-se termômetros “selecionados a dedo”, particularmente os instalados nos grandes centros urbanos, onde se localizam as séries temporais mais longas, e dados  contaminados pelo efeito de ilha de calor urbana, não é surpresa que a década de 2000 tenha sido considerada a “mais quente” dos últimos 750 anos! Na realidade, não há como calcular “uma temperatura média global” e a adotá-la como medida da variabilidade climática global. Uma medida mais adequada dessa variabilidade seria a estimativa da variação temporal do calor armazenado nos oceanos. Concluindo, o efeito-estufa, como descrito na literatura, nunca foi demonstrado e é difícil aceitar que o processo de absorção/emissão pelos GEE, em particular o CO2, seja o principal causador de temperaturas altas próximas à superfície. A emissão de radiação IV atmosférica é proveniente da massa de ar total (matéria), para a qual a contribuição do CO2 é muito pequena quando comparada com as massas de N2 e de O2, e o aumento de sua concentração teria um efeito desprezível na massa de ar e em sua temperatura. Frases como “temos que impedir que a temperatura aumente mais de 2°C, mantendo a concentração de CO2 abaixo de 460 ppmv”, não têm sentido físico algum. Tal cálculo é proveniente de uma grande simplificação da equação de absorção radiativa dos GEE, “ajustada” para reproduzir o aumento de temperatura com a variação da concentração de CO2 observadas. E essa equação não tem base científica alguma! Portanto, a redução das emissões de carbono para a atmosfera não terá efeito algum sobre a tendência do clima, pois o CO2 não controla o clima global. E a tendência para os próximos 20 anos é de um resfriamento global, mesmo que a concentração de CO2 continue a aumentar. Considerando que 80% da matriz energética global dependem dos combustíveis fósseis, a imposição da redução das emissões de carbono por meio de mecanismos como o Protocolo de Kyoto, na realidade, afetará o desenvolvimento dos países pobres, particularmente o Brasil, aumentando as desigualdades sociais no planeta. Não há “crise climática” e sim uma vislumbrada crise energética para os países industrializados e estes, preocupados com sua “segurança energética”, não querem dividir o que resta (?) dos combustíveis fósseis com os outros países subdesenvolvidos.

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Por:
Luiz Carlos Baldicero Molion
Fonte:
Luiz Carlos Baldicero Molion

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2 comentários

  • Thomas Renatus Fendel Rio Negro - PR

    Estas importantes e ímpares informações do Professor Molion urgem ser divulgadas aos 4 cantos deste planeta.

    Nem imaginamos o montante de besteiras e sacanagens que ocorrem devido à falácia aquecimentista.

    Na europa os carros já são estupidamente vendidos pela quantidade de CO2 que emitem para a atmosfera... dando origem a falácias e porcarias como hidroBOBOgênio, bioBOBODiesel e demais burrices.

    Como dis o Prof. Molion, o CO2 é o gás da vida, e eu acrescento, quanto mais CO2 no ar, mais crescem os vegetais...

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  • Telmo Heinen Formosa - GO

    A influência das nuvens sobre o clima, por Sigurd Schulien - tradução: Thomas Renatus Fendel

    O clima resulta de um vasto número de fenômenos, ainda parcialmente incompreendidos. Os fatores mais influentes são o sol, por sua radiação de energia, e as nuvens. Há tempos, certos indivíduos mentem, com grande apoio dos meios de comunicação, afirmando que um aumento de CO2 na atmosfera gera uma elevação nas temperaturas terrestres. A ciência não pode confirmar isso, pois a atmosfera contém muito pouco CO2, apenas 0,037%, que por sua vez absorve menos energia do que vapor de água e muito menos do que as gotículas de água das nuvens....

    Esta reportagem encontrea-se aqui: ADEW Associação Alemã de energia e política econômica - PO Box 100 133 63 701 Aschaffenburg - Fax. 06027-705 14, 1903 06731-4 http://www.adew.eu

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