Fala Produtor - Mensagem

  • Fernando Cardoso Gonçalves Santiago - RS 29/12/2011 23:00

    Seca, e agora?

    Começam a ser divulgados números do volume de perdas em função do comportamento climático na nossa região. Novamente cifras enormes de perdas são verificadas e produtores, comércio, indústrias e prefeituras contabilizam o tamanho das perdas e do dinheiro que deixará de circular no estado do RS.

    Essa é uma história que se repete rotineiramente.

    Todos nós produtores rurais sabemos que o clima é fator fundamental para que o resultado da produção agropecuária se materialize. Quando o clima coopera temos uma safra cheia e todos ficam satisfeitos. Quando ocorre o inverso lamentamos e buscamos “soluções” para o novo problema.

    O investimento realizado em cada safra pelos produtores representa muito dinheiro. Adubo, semente, defensivos, máquinas e equipamentos, funcionários, assistência técnica e transporte. Este capital geralmente é disponibilizado através de financiamentos bancários ou adiantamento com empresas. Todos esses “atores” acabam fazendo parte do mesmo objetivo. Irmanados quando planejam o investimento e em uma luta para a sobrevivência após uma frustração. Por outro lado a o comércio urbano, setor imobiliário, a geração de impostos que sustenta o setor público também é parte do mesmo resultado esperado e é importante mencionar que este simples trabalho do produtor rural cria uma expectativa em toda a sociedade.

    Para o leitor entender um pouco do drama que o agro-pecuarista vive até hoje, no momento em que se planta uma lavoura de soja ele gasta, pelo menos, R$ 650,00. Seria possível afirmar que se “joga na terra” todo esse dinheiro e seu trabalho e a partir deste momento ele começa a olhar para o céu e para a lavoura. É possível que aconteça que este valor acabe não retornando para o seu bolso ou o do banco ou o da empresa que o financiou. Seria como um jogo!

    Aposto 650,00!

    Não acredito que apenas crédito seja a solução. O crédito faz parte do processo e é muito importante. O problema é que a atividade precisa modificar o perfil de risco! Parar de apostar todo ano e aguardar o que o clima vai proporcionar.

    Nossa região é privilegiada, temos solo fértil e temperatura muito boa para desenvolver a atividade agro-pecuária. As exigências modernas da sociedade das necessidades de alimentos fazem que tenhamos uma evolução. Não é mais possível que tanta gente dependente da produção acabe contabilizando prejuízo um ano após outro!

    Precisamos mudar esta situação!

    É fundamental admitir que no Rio Grande do Sul, em especial na região oeste e na fronteira com o Uruguai e Argentina, as estiagens sejam eventos normais! A cada 5 anos, temos 3 de estiagens, 1 razoável e 1 ano bom, na média estamos perdendo. E isso explica porque nas regiões onde chovem mais a sociedade é mais rica e mais desenvolvida, por exemplo, as regiões de Passo Fundo, Carazinho, Erechim.

    Já está na hora do produtor entender que a produção é comercial e os riscos devem e podem ser minimizados através de projetos de irrigação bem feitos. Certamente com uma estabilidade e a certeza da colheita, produtores e o restante da cadeia produtiva a sociedade e todos os atores crescerão e o desenvolvimento poderá acontecer de forma sustentada e daí sim os riscos que ainda teremos podem ser administrados via seguro privado, como granizo ou geadas.

    Zootecnista Fernando Cardoso Gonçalves

    Presidente do SR de Santiago, Unistalda e Capão do Cipó

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