VEJAM AS EXPLICAÇÕES REFERENTES AS DANOS CAUSADOS PELA SECA NA CULTURA DO CAFÉ --
(realmente é muito triste o que a cafeicultura vem passando com este veranico)...: Por Prof. Cláudio P. Ronchi, da UFV: ..."em linhas gerais, as trocas gasosas são dramaticamente comprometidas, pois, com alta temperatura e baixa UR, há uma queda vertiginosa na condutância estomática (fechamento estomático), para controlar, ou melhor, reduzir ao máximo a taxa transpiratória, que se eleva muito nessas condições de clima (a estratégia da planta é sobrevivência = poupar água).
Com isso, obviamente, as taxas brutas de assimilação do carbono decaem dramaticamente, podendo sim chegarem a zero. Não obstante, lembremos que enquanto a fotossíntese é um processo de aquisição de carbono, existem dois processos importantíssimos que consomem o carbono fixado, que são a respiração mitocondrial e a fotorespiração (respiração na presença de luz). Nessas condições climáticas que estamos vivendo, a respiração mitocondrial (sobretudo a respiração de manutenção, que é aquela que mantem o funcionamento das estruturas celulares, sem contribuição para crescimento) aumenta muito, para sustentar o metabolismo associado ao estresse; além disso, e, principalmente, a fotorespiração aumenta muito com o aumento da temperatura (= elevada perda de carbono). Logo, considerando que:
Como é uma questão matemática eis o resultado: a fotossíntese bruta é baixa, a respiração e fotorespiração são altas, assim, o resultado é via de regra FOTOSSÍNTESE LÍQUIDA NEGATIVA (saldo líquido negativo de ganho de carbono, ou seja, perde mais que ganha) na maior parte do dia (talvez a fotossíntese líquida esteja positiva apenas nas primeiras horas da manhã, principalmente em lavouras irrigadas).
Esse efeito é acentuado nas lavouras de sequeiro, e, atenuado nas irrigadas, mas ACONTECE TAMBÉM NAS IRRIGADAS.
Outro aspecto importantíssimo é o elevado dano oxidativo - dano celular (escaldadura intensa) nas folhas, devido à absorção de um excesso de energia de excitação (muita irradiância), sem ter para onde drenar essa energia absorvida. Ora, o resultado é um dano oxidativo (com morte celular ou apenas extravasamento de conteúdos celulares) na folha e problemas sérios no transporte de elétrons na cadeia fotossintética (= a folha se oxida = queima). obs.: a planta não é um animal que "corre" para sombra quando o sol é intenso.
Associado a isso tudo, vem o problema do coração negro e o chochamento do grão, pois estamos entrando na fase de granação, sobretudo das primeiras floradas. Isso ocorre, pois, o pobre suprimento em carboidratos para o fruto (baixa fotossíntese), aliado ao baixo fornecimento de nutrientes das raízes para a parte aérea, devido aos problemas de transporte de nutrientes do solo à raiz (pouca água) e devido à baixa absorção de nutrientes por déficit de carboidratos na raiz (a raiz gasta muito ATP para absorver nutrientes), o resultado é desastroso: escassez de nutrientes nas folhas e nos frutos.
Para complicar tudo, mesmo em janeiro, fevereiro e até em março, o cafeeiro ainda está (ou pelo menos deveria se o clima fosse "normal" ou "adequado") apresentando crescimento vegetativo. Logo, essa folhas que não se formaram deixam de contribuir para esta safra e para a próxima, e, os nós reprodutivos que não se formaram, deixarão de produzir café na outra safra. Com todo esse estresse, meu Deus, vem desfolha, e talvez juntando ainda a "falta de cuidados = insumos, pelos baixos preços praticados, e os problemas que a temperatura alta vai causar (agora em fevereiro) nos processos de indução e iniciação florais das gemas, a safra 2015 também estará significativamente comprometida.
O assunto é muito complexo, pois são muitas as interações agronômicas, fisiológicas e climatológicas.
VEJAM AS EXPLICAÇÕES REFERENTES AS DANOS CAUSADOS PELA SECA NA CULTURA DO CAFÉ --
(realmente é muito triste o que a cafeicultura vem passando com este veranico)...: Por Prof. Cláudio P. Ronchi, da UFV: ..."em linhas gerais, as trocas gasosas são dramaticamente comprometidas, pois, com alta temperatura e baixa UR, há uma queda vertiginosa na condutância estomática (fechamento estomático), para controlar, ou melhor, reduzir ao máximo a taxa transpiratória, que se eleva muito nessas condições de clima (a estratégia da planta é sobrevivência = poupar água).
Com isso, obviamente, as taxas brutas de assimilação do carbono decaem dramaticamente, podendo sim chegarem a zero. Não obstante, lembremos que enquanto a fotossíntese é um processo de aquisição de carbono, existem dois processos importantíssimos que consomem o carbono fixado, que são a respiração mitocondrial e a fotorespiração (respiração na presença de luz). Nessas condições climáticas que estamos vivendo, a respiração mitocondrial (sobretudo a respiração de manutenção, que é aquela que mantem o funcionamento das estruturas celulares, sem contribuição para crescimento) aumenta muito, para sustentar o metabolismo associado ao estresse; além disso, e, principalmente, a fotorespiração aumenta muito com o aumento da temperatura (= elevada perda de carbono). Logo, considerando que:
Fotossíntese líquida = fotossíntese bruta - (respiração mitocondrial + fotorespiração).
Como é uma questão matemática eis o resultado: a fotossíntese bruta é baixa, a respiração e fotorespiração são altas, assim, o resultado é via de regra FOTOSSÍNTESE LÍQUIDA NEGATIVA (saldo líquido negativo de ganho de carbono, ou seja, perde mais que ganha) na maior parte do dia (talvez a fotossíntese líquida esteja positiva apenas nas primeiras horas da manhã, principalmente em lavouras irrigadas).
Esse efeito é acentuado nas lavouras de sequeiro, e, atenuado nas irrigadas, mas ACONTECE TAMBÉM NAS IRRIGADAS.
Outro aspecto importantíssimo é o elevado dano oxidativo - dano celular (escaldadura intensa) nas folhas, devido à absorção de um excesso de energia de excitação (muita irradiância), sem ter para onde drenar essa energia absorvida. Ora, o resultado é um dano oxidativo (com morte celular ou apenas extravasamento de conteúdos celulares) na folha e problemas sérios no transporte de elétrons na cadeia fotossintética (= a folha se oxida = queima). obs.: a planta não é um animal que "corre" para sombra quando o sol é intenso.
Associado a isso tudo, vem o problema do coração negro e o chochamento do grão, pois estamos entrando na fase de granação, sobretudo das primeiras floradas. Isso ocorre, pois, o pobre suprimento em carboidratos para o fruto (baixa fotossíntese), aliado ao baixo fornecimento de nutrientes das raízes para a parte aérea, devido aos problemas de transporte de nutrientes do solo à raiz (pouca água) e devido à baixa absorção de nutrientes por déficit de carboidratos na raiz (a raiz gasta muito ATP para absorver nutrientes), o resultado é desastroso: escassez de nutrientes nas folhas e nos frutos.
Para complicar tudo, mesmo em janeiro, fevereiro e até em março, o cafeeiro ainda está (ou pelo menos deveria se o clima fosse "normal" ou "adequado") apresentando crescimento vegetativo. Logo, essa folhas que não se formaram deixam de contribuir para esta safra e para a próxima, e, os nós reprodutivos que não se formaram, deixarão de produzir café na outra safra. Com todo esse estresse, meu Deus, vem desfolha, e talvez juntando ainda a "falta de cuidados = insumos, pelos baixos preços praticados, e os problemas que a temperatura alta vai causar (agora em fevereiro) nos processos de indução e iniciação florais das gemas, a safra 2015 também estará significativamente comprometida.
O assunto é muito complexo, pois são muitas as interações agronômicas, fisiológicas e climatológicas.
Prof. Cláudio P. Ronchi
UFV - Campus Florestal