Fala Produtor - Mensagem

  • Climaco Cézar de Souza Taguatinga - DF 16/03/2009 00:00

    Amigos do Noticias Agricolas

    A meu ver 03 Entidades, no momento, são as grandes responsáveis pela crise - ainda inicial no agronegócio brasileiro -, e somente um "murro na mesa" do Presidente Lula poderá alterar a situação e os milhares de desempregos já ocorridos e os milhões que ainda, infelizmente, tendem a ocorrer se nada for feito de prático e imediato (conforme analises do meu grupo de amigos - consultores sérios e independentes em Bsb -, a crise só chega a 50% do efeito maléfico potencial nos países onde nasceu e a 20% no Brasil).

    A primeira delas é o BIS e outras entidades capitalistas da Suiça e que criou os Programas de Adequação e Redução de Riscos dos Negócios Bancários no Mundo, chamados de "Basiléia I" e "Basíleia II" e que os Bancos no Mundo deveriam obedecer, mas somente os Bancos do Brasil estão, realmente, tentando cumprir (nos EUA e U.E. estava algum cumprindo ?). Com isto, o BB por exemplo, tem de ampliar sua segurança nos emprestimos e, pior, ser muito mais exigente na abertura ou na ampliação dos chamados "limites de créditos" das empresas e dos produtores rurais, fatos que estão matando as empresas do agronegócio brasileiro e neste momento em que mais precisam de capital de giro para tocar a empresa, estocar produtos transformados ou matérias-primas e sem que precisem demitir.

    Mesmo com quase nenhum Banco externo obedecendo as tais Basiléias, no momento, diversos analistas - e dirigentes de agroindustrias que já pleitearam e que aguardam pacientemente na fila do "pires na mão" e do "por favor" - comentam que o BB está procedendo da seguinte forma após a crise: a) reduziu tal limite de muitas empresas; b) dificulta ao máximo suas ampliações e renovações e mesmo com apresentação de novas garantias, até hipotecárias; c) não permite mais a transferência dos sub-portfólios dos limites integrantes do limite total (em geral em número de 3 com objetivos diferentes, mas para um risco único, por exemplo, 60%+30%+10% = 100% do risco a conceder), e segundo os interesses das empresas e os momentos das safras (por exemplo: do portfólio de custeio (60%) e do portofólio de investimentos (30%) - ainda não utilizados e/ou já pagos- , para o portfolio de comercialização e demais itens, no inicio com 10%, mas que poderia chegar a 100% se o Banco assim quisesse, só que não vem permitindo); d) nas operações em que não há mais riscos de preços e de perfomances e, assim de credito, pois já foram contratadas externamente e/ou mitigadas (por exemplo nos ACC - em que já se contratou o embarque e o câmbio - e nas operações garantidas por hedge direto ou cruzado na BM&F). O BB - mesmo sendo justas e legais - ainda não considera tais reduções de riscos e que, beneficamente, incentivam a adoção de mitigadores e as proteções - tanto de preços como de oscilação do câmbio - na BM&F pelas agroindustrias e produtores rurais (como se faz muito nos EUA e UE).

    A Segunda Entidade é a BOVESPA - que no afã de reduzir os riscos dos investidores e sobretudo dos pequenos (ou seja: ganho fácil com o suor e o sangue do trabalhador) - continua exigindo das empresas, sobretudo dos Bancos, uma forte redução dos seus riscos e de seus custos, de forma a se adequarem no chamado "Novo Mercado" (uma pura balela que se vê agora após a crise mundial que levou a queda de 70 mil pontos para quase 30 mil pontos do Índice Bovespa e que mostrou que não funciona, pois grandes empresas como a Vale - integrante do Novo Mercado - foram as que mais cairam. Na prática, com isto, mesmo que o Governo jogue dinheiro nas linhas de crédito e obrigue os bancos a financiarem, eles não podem fazê-lo, pois as suas prioridades atuais e legais são gerarem grandes e crescentes lucros para os acionistas e/ou investidores - boa parte estrangeiros - e não o povo e as agroindústrias e produtores rurais brasileiros.

    A terceira Entidade - que parece que tudo isto vê e que com tudo concorda - é o BACEN, pois sabe das obrigações dos Bancos com o BIS e as Entidades externas e com a BOVESPA, mas - mesmo podendo -não bate o "murro na mesa", pois suas prioridades são o combate a inflação e a politica cambial e para isto luta tanto também pela sua chamada "Independência" e que muitos parlamentares - votados por nós agricultores - engolem e por ela lutam. Ser independente é contribuir para quebrar a agroindustria e o produtor rural brasileiro ? e ainda gerar milhares de desempregos atuais e milhões futuros ? De que adiantaram e onde estão os Bancos Centrais poderosos e independentes dos Países onde a crise atual está bem pior do que no Brasil ? O que aquelas países ganharam, realmente, com a independência de seus Bancos Centrais ?

    E tudo isto em nome do combate a inflação no Brasil (melhor seria termos uma taxa anual de 10% a 30% como na Russia do que ficar desempregado e passar fome) e ainda do câmbio (que, após a brilhante Lei Kandir, há 10 anos está matando o agronegócio e a agricultura brasileira e aos pouquinhos, como disse aqui o nosso sábio articulista Waldir Sversutti) e, muito pior, gerar muitos dividendos - e uma próxima fantástica valorização das ações - para um grupo pequeno de investidores, de especuladores e de espertos e poderosos Fundos de Pensão anti nacionalistas e pouco patriotas, que querem ganhar fortunas de forma fácil e sem trabalhar como ocorreu nos EUA e levou a toda esta quebradeira. Vejam que, nos últimos anos, em quase todas as cacas" e "bandalheiras" ocorridas no Brasil, quase sempre, tem a atuação ou o lobby forte de um poderoso Fundo de Pensão. Isto é público e basta ler nas grandes revistas semanais.

    Assim, para resolver é fácil e são duas as possibilidades: a) O Presidente Lula - desde que bem assessorado - dá afinal o "murro na mesa" e mostra quem manda, obrigando a abertura, renovação e, se necessária, a ampliação, dos limites de créditos dos bancos para as empresas e produtores rurais neste momento de crise. Também, se quiser manter as nefastas situações anteriores, manda o Tesouro voltar a assumir 50% do risco das operações rurais e agroindustriais, como ocorria até cerca de 3 anos antes. Lembro, aqui que a maioria dos produtores rurais ainda acredita no Presidente Lula e acha que alguma medida será tomada por ele rapidamente, se seus assessores e o BACEN assim o deixarem; 2) Que estatizem logo o BB e o BACEN e que estes passem a investir - verdadeiramente - no social brasileiro e no nosso desenvolvimento, pois as ações atuais do BNDES neste sentido só beneficiam as grandes empresas, melhor diria, os grandes empresários, segundo muitos críticos.

    Concluindo, além das que falei - com efeitos para o médio médio prazo - , insisto que apenas uma medida imediata - a meu ver - poderia reverter rapidamente o desemprego anterior e futuro no Brasil - e até servir de modelo para outros países - e que seria o estimulo direto e imediato ao consumo de alimentos (como adotado emergencialmente nas guerras). Sugiro que seja criado um Cupom Alimentação no valor mensal de R$ 100,00 e a ser distribuido pelos próximos 12 meses para as cerca de 13,0 milhões de familias - integrantes do Bolsa familia e de outros Programas federais e estaduais semelhantes - comprarem apenas alimentos e nos supermercados e varejos legalizados. O custo mensal de tal Programa seria irrizório diante do que se está gastando no momento na salvação dos Bancos e Empresas, sobretudo dos espertos fabricantes de automóveis. Imaginem os impactos positivos em todas as cadeias e de baixo para cima.

    As exportações de produtos agricolas e de alimentos pelo Brasil estavam muito alavancadas e serão precisas medidas severas para enxugar as sobre ofertas atuais e futuras e que estão quebrando as nossas empresas, que não conseguem mais exportar nos mesmos volums e preços (fortes quedas das receitas e com custos iguais), nem vender maiores volumes no mercado interno e nem têm capital de giro para tanto.

    A todos os consultores e economistas sérios - que realmente conhecem os assuntos, não sendo meros "chutadores" -, com quem falo sobre isto, concordam que este seria, realmente, o melhor caminho para o momento e sua urgência. Também, em recente seminario que participei no IPEA Brasilia sobre a crise internacional, por coincidência, uma técnica da OIT falou que é, exatamente, este tipo de medida a única que já deu certo em outras ocasiões de crises e em outros países. Para ela - também como tenho afirmado - reduções de juros, reduções de impostos, ampliação dos créditos, aumento dos gastos com infra-estrutura e obras etc.., ou não funcionam para o caso, ou demoram muito para funcionar.

    Falando nisto, em dias anteriores, também fiquei muito preocupado ao ler uma declaração de um ex-diretor da FEBRABAN de que, mesmo que a SELIC caia para 0%, a redução real na taxa de juros da economia real seria somente de 25%. Então, porque estamos comemorando estas pequenas quedas atuais ? Quem irá, realmente, nos dizer as verdades ? Quem poderá nos defender ?

    Sera que alguém que está me lendo tem poder ou condição de levar estas humildes ideias e propostas ao Presidente Lula ? e para que não seja o último a saber ?

    Prof. Clímaco Cézar

    AGROVISION - Brasília

    www.agrovisions.com.br

    0