Após sessão volátil, soja fecha os negócios em alta na CBOT
Publicado em 05/02/2013 17:31
Os futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago fecharam a sessão desta terça-feira (5) com leve alta na Bolsa de Chicago. Durante todo o pregão, os preços oscilaram entre os lados positivo e negativo da tabela, porém, com movimentações pouco expressivas. Os ganhos das principais posições negociadas na CBOT ficaram entre 5,50 e 6,75 pontos.
O mercado ainda se foca, principalmente, no clima da América do Sul e a preocupação maior é com a safra da Argentina. A falta de chuvas há mais de 20 dias já compromete o potencial produtivo das lavouras e, segundo o analista de mercado Pablo Adreani, da consultoria AgriPac, de Buenos Aires, as perdas na soja podem chegar a 5%.
As esperadas chuvas do último final de semana frustraram as previsões climáticas e foram esparsas e pouco volumosas, sendo, portanto, insuficientes para aliviar a situação em que se encontram as plantações. Atualmente, cerca de 60% da área agrícola do país ainda sofre com a falta de precipitações. Ao longo de todo o mês de janeiro, as chuvas ficaram abaixo da média e a previsão é de que o clima se mantenha assim pelos próximos dias.
No Brasil, as preocupações se dividem, no gral, em dois focos principais com situações opostas. No Sul do país, assim como na Argentina, o problema é a falta de chuvas que prejudica o bom desenvolvimento das plantações. Além disso, o Rio Grande do Sul é o estado de maior incidência da ferrugem asiática. Já no Centro-Oeste, principalmente no Mato Grosso, os produtores são impedidos de realizarem a colheita em função das precipitações excessivas. Com isso, os sojicultores vêm a qualidade dos grãos caindo dia a dia.
Esses problemas climáticos na América do Sul atuam como importantes fatores de sustentação para o mercado da soja em Chicago, já que podem resultar além de uma produção menor, um atraso na entrada da nova safra sulamericana, cenário que pode ser agravado pela logística insuficiente e ineficiente do Brasil.
Ao mesmo tempo, segundo analistas, a volatlidade é inevitável, uma vez que os mapas climáticos são inconsistentes, divergentes e muitas vezes as previsões podem não se confirmar, como explicou Daniel D'Ávilla, analista da New Edge, de Nova York.
“O mercado sente isso e a cada hora que muda há uma realização de lucros ou um prêmio de clima que entra nos preços futuros. É preciso lembrar que no início, o plantio da soja argentina estava atrasado em função do excesso de chuvas, muitas áreas estavam alagadas. Então muitas tradings acreditam que o solo retém algum tipo de umidade”, ratifica D’Ávilla.
Paralelamente, D'Ávilla destaca que, outras dizem que as lavouras sofrem com o stress hídrico, o que poderia ocasionar perdas na produção argentina. Porém, o ano passado os EUA também registrou uma seca, porém houve uma recuperação da soja e as perdas não foram tão grandes.
Para Pedro Dejneka, analista de mercado da PHDerivativos, tamanha é a incerteza sobre os reais impactos que essas adversidades climáticas irão causar no resultado final da produção da América do Sul que o mercado ainda não conseguiu romper, com convicção, a área dos US$ 15 por bushel. Baseado nisso, diz ainda que se o mercado internacional estivesse contabilizando quebras acima de 5% na safra brasileira, os preços estariam mais próximos dos US$ 16 do que dos US$ 15. Leia a seguir uma nota de Pedro Dejneka sobre o atual cenário do mercado internacional da soja
"Não podemos nos precipitar nas estimativas de perdas (ainda). Pois, levando em consideração o que aconteceu aqui nos EUA ano passado, muitos falavam em quebras de 20 a 25% no início do mês de agosto, quando a seca estava pegando pra valer, e como vimos, a planta oleaginosa se mostrou muito mais resistente a seca e ao calor do que quase todos especialistas pensavam (não só produtores, mas agrônomos, biólogos, professores, analistas, etc...) Me incluo neste grupo, pois eu realmente acreditava que teríamos uma quebra histórica devido a seca histórica.
Vimos que este não foi o caso. O mercado se precipitou e levou os preços a quase US$18/bushel (de forma correta, pois contava com uma safra quase 10 milhões de tons menor do que recebeu). Quando percebemos que havíamos subestimado a força da oleaginosa e que as chuvas das duas últimas semanas de agosto "salvaram" boa parte da safra, o mercado teve o trabalho de reajustar os preços baseado nos novos dados, e o resultado foi a "despencada" dos US$17,90 para os US$14 em dois meses.
A época que estamos no calendário da safra Brasileira agora, se equivale ao início de Agosto aqui nos EUA... Ou seja, sim, está seco - sim, está complicando. MAS, levando-se em consideração o que acabei de descrever, e também considerando-se que a umidade do solo pré-seca aí era muito maior do que foi aqui ano passado, acredito que vale a cautela no momento.
Não digo que não haverá quebra, pois acredito que sim, haverá...Apenas aproveito para mostrar qual é a mentalidade atual do mercado aqui em Chicago. Se o mercado aqui estivesse pensando em quebras acima de 5% na safra total brasileira, os preços estariam muito mais perto dos $16 do que dos $15.Percebam que o mercado ainda não consegue penetrar a área dos $15 com convicção, pois falta exatamente isto, convicção. Estejam certos de que se continuar seco até meados de fevereiro, o mercado tratará de colocar este "prêmio de clima" nos preços...Por agora, o mercado nos diz que está atento, mas ainda não pronto para fazer conclusões sobre o tamanho da safra.
O mercado está "preso" entre expectativas de uma enorme safra (acima de 80 MMTs) e a POSSIBILIDADE de uma quebra a lá 2012 aí na América do Sul... Então vamos nessa, com cautela, com atenção, e com perspectiva, entendendo que as variedades de soja hoje em dia são extremamente resistentes a problemas climáticos - não são a prova de bala, mas são bastante resistentes.
Para reflexão: Uma quebra de 10% na safra total do Brasil traria uma produção de mais ou menos 72 a 74 milhões de toneladas. Uma quebra de 15%, traria uma produção entre 68 e 70 milhões. Se isto acontece, veremos preços nas alturas novamente, pois o mercado ainda conta com uma safra acima de 80 a 82 milhões de toneladas para o Brasil.
Só saberemos mesmo com maior convicção á partir de meados de fevereiro, quando poderemos ter uma ideia do clima para o final do mês, e saber se teremos chuvas salvadoras...RS está seco e MT está molhado demais... esta tendência tem que mudar, mais ainda há tempo. Até lá, baixas serão compradas e tentativas de altas acima de US$15 serão vistas como oportunidades de venda de curto prazo (realização de lucros).
Apenas um cenário de quebra considerável, e problemas logísticos, assim como contínua demanda para soja EUA, conseguirá elevar preços rumo aos US$16 ou mais. E se tivermos confirmação de uma safra acima de 80 - 82 milhões de toneladas no Brasil e acima de 50 milhões de toneladas na Argenitna, e 8 milhões no Paraguai, o mercado pode muito bem voltar a operar abaixo de US$14, até mesmo abaixo de $13,50".
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Por:
Carla Mendes
Fonte:
Notícias Agrícolas
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